As ações do Assaí (ASAI3) recuam com força nesta sexta-feira (28), figurando entre as maiores quedas do Ibovespa, após o mercado repercutir a compra de 10,3% da companhia pelos irmãos Ederson e Everton Muffato, controladores do Grupo Muffato. Por volta das 14h36, os papéis caíam 6,16%, sendo negociados a R$ 9,44.
O movimento ocorre um dia após o Assaí divulgar fato relevante informando que os empresários adquiriram a fatia por meio dos fundos Snapper Rocks e WHG Apache, dos quais são os únicos cotistas. Segundo a companhia, trata-se de um investimento pessoal, sem intenção de alterar o controle ou a gestão, e a operação ainda será submetida ao Cade.
Divergências nas leituras do mercado
A entrada dos Muffato, no entanto, abriu espaço para diferentes interpretações sobre os próximos passos.
O Brazil Journal publicou que não há interesse estratégico em assumir o controle ou direcionar mudanças, enquanto o Pipeline informou que o grupo já teria contratado consultores financeiros para avaliar um possível aumento de participação.
A Ágora Investimentos destacou que, pelas regras de governança do Assaí, concorrentes têm restrições de participação no conselho e existe uma cláusula que impede aquisições hostis — acionada apenas caso um investidor ultrapasse 25% do capital, exigindo ainda um prêmio de 25% sobre o preço médio das ações nos 120 dias anteriores a uma eventual oferta.
Quem são os Muffato e por que a leitura é de cautela
Fundado em 1974, o Grupo Muffato é hoje o 6º maior varejista alimentar do país, com faturamento de R$ 17,4 bilhões em 2024, de acordo com o ranking ABRAS 2025. São 120 lojas — 69 no atacarejo e 51 no varejo — além de centros de distribuição, serviços financeiros, delivery, postos de gasolina, universidade corporativa e marcas próprias.
Assim como o Assaí, sua operação de atacarejo, o Max Atacadista, combina serviços como açougue e padaria e mantém marcas exclusivas como Vida Pet e Onlux.
Segundo relatório da Ágora, o movimento dos irmãos Muffato é visto majoritariamente como estritamente financeiro, motivado por:
- Valuation descontado do Assaí;
- Boa relação de longo prazo entre o grupo e o CEO do Assaí, Belmiro Gomes.
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Pressão no curto prazo, mas fundamentos seguem sólidos, diz Ágora
Para os analistas Pedro Pinto e Flávia Meireles, a aquisição reforça a percepção de que o Assaí possui valor estratégico e operacional atrativo, a ponto de chamar a atenção de uma operadora respeitada do setor.
A casa mantém recomendação de compra para ASAI3, com preço-alvo de R$ 13, destacando que a companhia segue bem posicionada para:
- Desalavancar o balanço,
- Avançar na gestão de passivos,
- Sustentar geração de caixa robusta.
Apesar disso, o curto prazo pode continuar volátil enquanto o mercado tenta entender se a participação dos Muffato terá desdobramentos maiores ou se permanecerá como um movimento financeiro — como indicam os fatos divulgados até agora.






