A taxa de desocupação de outubro chegou a 5,4% no trimestre encerrado em outubro de 2025, o menor nível desde o início da série histórica em 2012. O recuo foi de 0,2 ponto frente ao trimestre móvel anterior e de 0,7 ponto em comparação com o mesmo período de 2024. O avanço reflete um mercado de trabalho ainda robusto, mas com nuances importantes de desaceleração que começam a se destacar.
A taxa de subutilização também marcou o menor índice da série, ficando em 13,9%. Já o rendimento real habitual atingiu R$ 3.528, mais um recorde, mostrando estabilidade no curto prazo e alta de 3,9% em relação ao ano anterior. O país registrou ainda 102,6 milhões de pessoas ocupadas e uma massa salarial em patamar histórico.

Recordes se repetem, mas ritmo de criação de vagas arrefece
Os números positivos incluem o menor contingente de desocupados desde que a pesquisa começou, com 5,9 milhões de pessoas. A queda foi de 3,4% no trimestre e de 11,8% na comparação anual. Ao mesmo tempo, a taxa de informalidade permaneceu em 37,8%, abaixo do índice observado um ano antes.
O conjunto dos dados revela estabilidade na população ocupada e na taxa de ocupação, o que reforça a leitura de um mercado ainda aquecido. O setor privado chegou a 52,7 milhões de empregados, enquanto os trabalhadores com carteira assinada alcançaram 39,2 milhões, mais um recorde. Mesmo assim, alguns segmentos já mostram perda de força, como o de serviços domésticos e o de outros serviços.
Setores se movem de forma desigual e renda segue firme
A análise por atividade mostra crescimento em construção e em áreas ligadas à administração pública, educação e saúde. No ano, também houve expansão em transporte e logística. Em contrapartida, serviços domésticos e outros serviços recuaram tanto no trimestre quanto na comparação anual.
Quanto à renda, categorias como informação, comunicação, finanças, agricultura e construção registraram aumentos importantes. Esse movimento contribuiu para que a massa total de rendimentos chegasse a R$ 357,3 bilhões, outro recorde histórico.
A fala de Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, destaca que, apesar dos recordes, o cenário não é tão positivo quanto a fotografia inicial sugere. Em sua avaliação direta, ele afirma:
“A gente teve hoje a taxa de desemprego. Ela até veio em quebra, mas quando você faz o ajuste sazonal, ela ficou parada… Então a gente não viu esse dado como um dado positivo.”
Segundo ele, há sinais claros de desaceleração. A queda da taxa de participação indica saída de trabalhadores do mercado, movimento associado ao desalento. Stephan observa:
“Já tem, pelo terceiro mês consecutivo, redução na quantidade de pessoas ocupadas… quando a gente olha o filme dos últimos três meses, claramente já é um sinal de deterioração.”
De forma indireta, sua análise aponta que esse arrefecimento pode favorecer o Banco Central, já que juros altos pressionam a economia e tendem a reduzir a inflação. Para ele, esse comportamento do mercado de trabalho reforça o cenário de cortes na taxa de juros a partir de janeiro.
Ouça a análise na íntegra:






