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Carne dispara nos EUA e atinge recordes históricos

Carne dispara nos EUA e atinge recordes históricos

O preço da carne dispara nos EUA, impulsionado por tarifas de importação e uma oferta doméstica cada vez mais apertada. De acordo com o Departamento de Estatísticas de Trabalho (BLS), os cortes bovinos alcançaram em julho níveis inéditos: a carne moída chegou a US$ 6,34 por libra (R$ 76/kg), enquanto os bifes crus atingiram US$ 11,88 por libra (R$ 143/kg). Ambos valores representam máximas históricas e colocam pressão direta sobre os consumidores.

A alta não é isolada. Em 12 meses, o índice de carne bovina e vitela subiu 11,3%, sinalizando uma escalada contínua. Um ano atrás, os mesmos cortes custavam, respectivamente, US$ 5,62/lb (R$ 68/kg) e US$ 10,86/lb (R$ 60/kg). O salto reforça o impacto da escassez de gado e da política de tarifas sobre importações, que reduzem a concorrência no mercado.

Oferta de gado em queda e impacto nos frigoríficos

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estima que o rebanho bovino caiu para 94,2 milhões de cabeças, contra 94,4 milhões em 2020. A tendência é de continuidade na queda: a produção projetada para agosto de 2026 é de 31,1 bilhões de libras, o menor nível desde 2019.

Com menos animais para abate, os frigoríficos enfrentam custos crescentes. O relatório WASDE de agosto apontou corte nas previsões de abate e no peso médio dos animais em 2025, sinalizando que a escassez deve se prolongar. Segundo o USDA, a valorização do gado se mantém firme graças à demanda resiliente, mesmo com preços mais altos.

Esse cenário beneficia pecuaristas no curto prazo, mas pressiona consumidores e redes varejistas, que veem a proteína chegar a valores recordes.

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Tarifas contra o Brasil intensificam a crise

O governo Trump impôs tarifas de 50% sobre a carne bovina brasileira, que em 2025 representava 27% das importações americanas. A medida reduziu drasticamente a entrada do produto e agravou o desequilíbrio entre oferta e demanda nos EUA.

Sem a gordura bovina brasileira, essencial para a produção de hambúrgueres, cadeias de fast-food estão recorrendo a cortes nobres do gado americano, como o round primal, tradicionalmente destinado a bifes. Isso gera efeito dominó: os preços da carne moída sobem, enquanto churrascos e grelhados também ficam mais caros.

Wesley Batista Filho, CEO da JBS USA, afirmou ao Wall Street Journal que não há alternativa capaz de substituir o fluxo brasileiro. “Austrália e outros exportadores não têm volume suficiente para cobrir essa lacuna. O resultado será uma disputa mais intensa por cortes magros de carne”, disse.

Hambúrgueres e churrascos pesam no bolso

Com a carne dispara nos EUA, o impacto chega diretamente à mesa dos consumidores. Restaurantes, lanchonetes e supermercados já repassam os custos, tornando hambúrgueres e churrascos mais caros. Essa pressão pode se intensificar caso a produção interna siga em queda e as tarifas continuem limitando importações.

A combinação de oferta restrita e tarifas reforça a incerteza no mercado. Para especialistas, a tendência é de que os preços permaneçam elevados até que o rebanho seja recomposto ou as políticas comerciais mudem. Até lá, o consumidor americano deve conviver com carne bovina no patamar mais caro da história.

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