O Banco Central (BC) rejeitou na noite de quarta-feira (3) a operação que previa a aquisição de 58% do capital total do Banco Master pelo BRB (Banco de Brasília). A decisão impede a concretização de um dos maiores movimentos estratégicos recentes do banco controlado pelo Governo do Distrito Federal.
Segundo fato relevante divulgado ao mercado, o BRB informou que solicitou acesso à íntegra da decisão para avaliar os fundamentos do indeferimento e examinar as alternativas cabíveis.
BC rejeita a compra do Banco Master: A importância da operação
O negócio havia sido aprovado em março pelo Conselho de Administração do BRB, que autorizou a compra de 49% das ações ordinárias, 100% das ações preferenciais e, ao todo, 58% do capital do Banco Master.
A operação era vista como uma forma de “salvar” o Banco Master, que tem um modelo de negócios considerado agressivo e de risco.
Para o BRB, o objetivo era ampliar a presença nacional, diversificar sua carteira de produtos e acelerar sua expansão no mercado financeiro. O presidente da instituição, Paulo Henrique Costa, chegou a projetar que a operação poderia gerar até R$ 2 bilhões em lucro aos acionistas no período de cinco anos.
A posição do BRB
Apesar da decisão negativa do BC, o BRB reforçou em comunicado que continua acreditando no potencial estratégico da transação.
“A operação representa uma oportunidade de geração de valor para o BRB, seus clientes, o Distrito Federal e o Sistema Financeiro Nacional”, disse a instituição em nota oficial.
Atualmente, o BRB atende 8,9 milhões de clientes, possui R$ 61 bilhões em ativos e está presente em 20 estados.
O que vai acontecer agora com o Master?
Com o veto do BC, aumentam as incertezas sobre o futuro da instituição, que pode enfrentar cenários de intervenção ou até de liquidação, ainda que esse desfecho não seja imediato.
Um eventual colapso do Banco Master teria efeitos significativos no sistema financeiro. O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) seria o primeiro a sentir o impacto, já que os depósitos do banco somavam cerca de 50 bilhões de reais no fim do ano anterior, valor equivalente a quase metade da liquidez total do fundo. O FGC cobriria os cotistas até o limite de 250 mil reais, mas a pressão sobre seus recursos seria enorme. Além disso, grandes investidores que aplicaram em CDBs acima desse valor ficariam expostos, pois dependeriam da recuperação de ativos do banco em um processo lento e incerto.
Congresso quer PL para destituir presidentes e diretores do BC
Enquanto o Banco Central definia sobre o Master, o Partido Progressistas (PP) recolheu assinaturas na quarta (3) para aprovar pedido de urgência na tramitação de um projeto de lei que permite ao Congresso destituir presidentes e diretores do BC.
A proposta, apoiada por partidos do Centrão, oposição e parte da base governista, muda a lei de 2021 sobre a autonomia do Banco Central. Hoje, só o presidente da República pode demitir dirigentes da autarquia; o projeto transfere esse poder ao Congresso, com abertura do processo pela Câmara e decisão final pelo Senado. O pedido de urgência, assinado por Cláudio Cajado (PP-BA) e apoiado por líderes de vários partidos, acelera a tramitação e reduz etapas como a análise em comissões.
Perguntas e Respostas sobre o caso
Qual foi a decisão do Banco Central em relação à compra do Banco Master pelo BRB?
O BC rejeitou a operação de aquisição de 58% do capital do Banco Master pelo BRB, o que inviabiliza a concretização do negócio.
O que o BRB fará após a decisão do Banco Central?
O BRB solicitou acesso à íntegra do parecer do BC para entender os motivos do indeferimento e avaliar possíveis recursos.
Por que a aquisição do Banco Master era importante para o BRB?
A operação tinha como objetivo fortalecer a presença nacional do BRB, ampliar a diversificação de produtos e gerar valor para seus acionistas, clientes e para o Distrito Federal.
Quanto o BRB projetava ganhar com a operação?
Segundo o presidente Paulo Henrique Costa, o negócio poderia trazer até R$ 2 bilhões em lucros em cinco anos.
Qual é a atual dimensão do BRB?
O banco tem 8,9 milhões de clientes, R$ 61 bilhões em ativos e atuação em 20 estados brasileiros.
O que acontece agora com o Banco Master?
Sem comprador, o cenário mais grave imaginado é a liquidação compulsória ou a quebra do banco, ainda que isso não seja iminente por ora.
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