O Banco do Japão (BoJ) anunciou nesta sexta-feira (24), a elevação da taxa básica de juros de 0,25% para 0,50% ao ano, marcando o maior patamar desde 2008. A decisão veio após três reuniões consecutivas sem mudanças e foi alinhada com as expectativas de alguns analistas, embora outros projetassem a manutenção da taxa.
Banco do Japão: motivações e objetivos
A medida busca conter a inflação, que vem mostrando sinais de persistência, e estimular o aumento de salários no país.
O BoJ reiterou a meta de alcançar uma inflação estável e sustentável de 2% ao ano e destacou a importância de um “ciclo virtuoso” entre aumento de salários e preços.
De acordo com o vice-presidente do banco central japonês, Ryozo Himino, a expectativa para 2025 é de um crescimento robusto nas negociações salariais anuais, conhecidas como “Shunto”. Empresas e sindicatos devem negociar reajustes salariais significativos, com destaque para empresas menores, para as quais espera-se um aumento de pelo menos 6%, conforme Tomoko Yoshino, presidente da Confederação Sindical do Japão.
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Repercussão e impacto nos mercados
O mercado reagiu positivamente à decisão: o iene valorizou 0,6% em relação ao dólar e o índice Nikkei 255 apresentou leve alta.
Inflação e projeções econômicas
Em dezembro, a inflação ao consumidor (CPI) do Japão registrou alta de 3,6% na comparação mensal, o maior nível desde janeiro de 2023, enquanto a inflação subjacente chegou a 3%, um recorde desde outubro de 2023. O BoJ projeta que a inflação geral se estabilize em torno de 2,5% no próximo ano fiscal, encerrado em março de 2026.
Banco do Japão: próximos passos
Dentro do conselho do BoJ, houve dissidência. Toyoaki Nakamura votou contra a decisão, argumentando que seria prudente esperar dados econômicos adicionais para avaliar o impacto nos lucros das empresas e no avanço dos salários.
Embora o BoJ ainda não tenha divulgado uma meta exata para a taxa de juros, o membro do conselho Naoki Tamura estimou que o nível neutro seria em torno de 1%. Especialistas, como Vincent Chung, da T. Rowe Price, acreditam que o banco adotará aumentos graduais, possivelmente elevando a taxa para 1% até o final do ano.
Apesar de indicar que pode haver novos aumentos nos juros caso economia e preços evoluam conforme o esperado, o BoJ afirmou que intervenções cambiais como as realizadas em 2024, que consumiram mais de 15 trilhões de ienes para estabilizar a moeda, não devem ser repetidas.