A ata do BCE, o Banco Central Europeu, sugere que o colegiado de política monetária do bloco considerou a possibilidade de realizar uma pausa nas taxas de juros nas próximas reuniões. Isso porque considerou-se que os aumentos realizados na última reunião, no último dia 14, reduzem a probabilidade de ter de aumentar novamente as taxas no futuro.
Segundo o documento divulgado nesta quinta-feira (12), o BCE destacou que, neste contexto, argumentou-se que quando a política monetária esteve próxima do limite inferior efetivo e a inflação baixa, houve fortes argumentos para analisar os choques de oferta, embora atualmente a situação fosse muito diferente.
Alguns membros votaram pela manutenção das taxas na última reunião, mas foi discutido que uma pausa poderia dar origem a especulações de que o ciclo de aperto havia terminado, o que aumentava o risco de uma recuperação da inflação.
“Esta situação exigiria outra onda de aperto monetário mais tarde, o que poderia ter consequências adversas para os mercados imobiliários e para a estabilidade financeira em geral. A não subida também poderia enviar um sinal de que o Conselho do BCE está mais preocupado com a economia e com uma potencial recessão do que com uma inflação demasiado elevada”, informa trecho do documento.
Ata do BCE: meta de 2% não deve passar de 2025
O documento mostrou ainda que o horizonte durante o qual a inflação voltaria a atingir 2% não deverá prolongar-se para além de 2025. Os membros consideraram que, fazer uma pausa nos juros, poderia dar margem à interpretação de que ocorreria um eventual enfraquecimento da determinação do BCE, especialmente numa altura em que a inflação global e a inflação subjacente estavam acima de 5%.
O documento mostra ainda que, durante a reunião, os membros concordaram que ainda se esperava que a inflação permanecesse elevada durante longo tempo.
“Ao mesmo tempo, o ciclo da política monetária atingiu uma fase em que os riscos de um aperto excessivo e os riscos de um aperto insuficiente se tornaram mais equilibrados. Em particular, as taxas de juro diretoras do BCE situaram-se num intervalo de níveis que, mantidos durante um período suficientemente longo, dariam um contributo substancial para o regresso da inflação ao objetivo do BCE”,destacou trecho da ata.
O BCE elevou a taxa de juros da zona do euro para nível recorde, após promover sua décima alta de juros, de 25 pontos-base. A decisão foi anunciada no último dia 14 de setembro.
A taxa de refinanciamento foi a 4,50%, de 4,25%. A taxa de empréstimos, de 4,59% para 4,75%. E a taxa de depósito, a 4%, de 3,75%.
Vale lembrar que a taxa de depósito era negativa em 0,5% em junho de 2022 e foi ao recorde de 4% em pouco mais de um ano. Uma taxa de juros negativa equivale a dizer que os europeus pagavam para deixar dinheiro no banco. A decisão do BCE se baseou na necessidade de controlar a inflação, mesmo com os indicadores apontando para o enfraquecimento da economia.
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