O Banco Central Europeu (BCE) elevou a taxa de juros da zona do euro para nível recorde, após promover sua décima alta de juros, de 25 pontos-base. A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (14).
A taxa de refinanciamento foi a 4,50%, de 4,25%. A taxa de empréstimos, de 4,59% para 4,75%. E a taxa de depósito, a 4%, de 3,75%.
Vale lembrar que a taxa de depósito era negativa em 0,5% em junho de 2022 e foi ao recorde de 4% em pouco mais de um ano. Uma taxa de juros negativa equivale a dizer que os europeus pagavam para deixar dinheiro no banco.
A decisão de agora se baseou na necessidade de controlar a inflação, mesmo com os indicadores apontando para o enfraquecimento da economia. A meta do BCE é de inflação em 2% ao ano, mas as projeções para o final deste ano estão bem acima: 5,6%. Para 2024, a expectativa é por 3,2%. E, em 2025, 2,1%. Ou seja, ainda há um longo percurso até que os preços cheguem ao que espera o BCE. Mas o banco central apontou que não há previsão sobre novas altas.
“Com base na sua avaliação atual, o Conselho do BCE considera que as taxas de juro atingiram níveis que, mantidos por um período suficientemente longo, darão uma contribuição substancial para o regresso atempado da inflação à meta”, afirmou o comunicado.
“As decisões futuras do Conselho do BCE garantirão que as taxas de juro serão fixadas em níveis suficientemente restritivos durante o tempo que for necessário”.
Economistas e analistas estavam divididos entre a manutenção dos juros ou a alta de 0,25 ponto porcentual, que por fim se confirmou. A EQI Asset e o BTG eram algumas das casas que apostavam em nova alta.
BCE sobe juros: entrevista de Christine Lagarde
Em entrevista à imprensa após a divulgação do comunicado, a presidente do BCE, Christine Lagarde, reafirmou que “as taxas de juros chegaram a níveis que, sendo mantidos por um longo tempo, contribuirão enormemente para levar inflação para a meta”.
Ela disse ainda que a economia do bloco europeu estagnou amplamente no primeiro semestre, e indicadores sugerem que também será fraco no segundo. O mercado de trabalho, segundo ela, também vem abrindo menos vagas, o que tira a pressão da inflação dos salários.
A decisão veio em linha com a expectativa da EQI Asset, aponta Stephan Kautz, economista-chefe da gestora.
“Esta deve ser a última alta de juros, com o patamar atual sendo mantido por longo período, para levar a inflação para a meta. No discurso da Christine Lagarde, ela manteve a possibilidade de mais uma alta, em um tom mais duro. Mas nosso cenário-base é de que o ciclo se encerrou e os juros seguem onde estão, para BCE observar a inflação”, afirma.
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