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André Esteves: ‘Trump pode ser uma nova ordem mundial ou nada’

André Esteves: ‘Trump pode ser uma nova ordem mundial ou nada’

As “Visões do Brasil e do Mundo” foram tema de painel com André Esteves, chairmam do BTG Pactual ($BPAC11), e o jornalista William Waack, no CEO Conference Brasil desta terça-feira (25).

No cenário atual, as atenções do mundo estão voltadas para os Estados Unidos e a nova era de um governo de Donald Trump, o que influencia não só na América do Norte, mas no globo todo.

“Eu acho que o Trump é um pacote complexo, que primeiro a gente deve analisar a sua origem. O Trump teve uma vitória indiscutível, em que 80% dos swing states mostraram querer alguma coisa que o Trump simbolizava”, comentou Esteves.

André Esteves: Multilateralismo americano

“O Trump tem vários defeitos e problemas e podemos explorar o risco que ele representa ao multilateralismo, mas é inegável que o Trump traz algumas verdades duras para a mesa, verdades difíceis de lidar, mas que são verdades”, diz o chairman do BTG.

Segundo Esteves, o não-convencional de Trump pode ser chamado até de deselegância, mas ele não sabe precisar se esse é o “estilo mais efetivo”.

“São coisas que causam confusão, ainda que tenham tido um sucesso em deal making. Agora, esse movimento em direção ao Putin e à Rússia me preocupa um pouco mais”, observa.

De acordo com o chairman do BTG, essa aproximação ameaça o centro do multilateralismo – Europa e Estados Unidos -, e é um movimento que deixou a Europa abalada. “Todos nós queremos ver o fim da guerra da Rússia com a Ucrânia. Acho que imaginar uma guerra dessa extensão na Europa nos dias de hoje parece uma coisa impensável, mas não é, ela aconteceu.”

Para Esteves, Trump possui um lado business man que não gosta de guerra e isso é positivo. “A maneira como ele conduz a democracia parece algo exótico. O problema que eu vejo é o risco que ele traz ao multilateralismo, é isso que está em jogo, em organizações como OMC, OTAN e ONU”.

“Abrir mão do multilateralismo, acho que o próprio perdedor no fim do dia pode ser os Estados Unidos”, reforça.

Pode acontecer uma nova ordem mundial ou “nada”

“Ele explodiu o G7 ontem”, relembra Waack, sobre a discussão entre Trump e presidentes da cúpula em que o postulante americano retirou efetivamente o apoio à condenação da invasão russa de 2022 no território ucraniano e pediu um fim rápido à guerra.

O ato de Trump resultou em conflitos internos no G7 para emissão de uma declaração conjunta, já que os Estados Unidos se opuseram à condenar o país.

“Olhando do ponto de vista econômico, com tantas palavras de Trump, pode ser que aconteça uma nova ordem mundial, ou pode ser que não aconteça nada”, comenta Esteves. “Podem haver questões bilaterais acontecendo sequencialmente, mas pode ser que o mundo não mude muito. A verdade é que o Trump passou quatro anos pelo governo e não mudou muitas coisas”, conclui.

Qual é tamanho do risco do Trump?

Para André Esteves, o governo Trump acabou por beneficiar o Brasil. “Dentro da Casa Branca eu acho que existe um conceito de que ‘tudo que é déficit, na verdade, estou exportando. Tudo o que é riqueza, estou mandando para alguém fora dos EUA’, o que é uma concepção curiosa”, afirma.

Os Estados Unidos possui um déficit estrutural desde o início dos anos 1970 e foi o país que mais cresceu e melhor performou economicamente, segundo Esteves. “O que a gente vê dos Estados Unidos hoje é uma sociedade de 300 milhões de pessoas, classe média alta, sem desemprego, com a maior inovação do mundo e com todos os méritos”, diz.

“Se os Estados Unidos fosse ruim ia ter mais de 10 milhões de pessoas querendo sair de lá e não 10 milhões de pessoas querendo entrar lá todo ano”, enfatiza.

EUA para o Brasil

Na relação Brasil e Estados Unidos, o cenário se diferencia de outros países, já que a negociação de tarifas não é à base do comércio de produtos, mas sim de commodities.

“Nós somos vendedores de commodities e acima de tudo, commodities alimentares. Da demanda mundial dos próximos 20 anos, o delta de crescimento de consumo alimentar, o Brasil vai ser responsável por promover 80% dessa demanda adicional. Então nós temos uma certa relevância geopolítica e não é pelo nosso poder militar, localização geográfica ou as nossas alianças, é pelo nosso papel em ‘food security’“, explica o chairman do BTG.

Segundo Esteves, a questão alimentar está sempre no topo de relevância para os países. “Eu acho que o Brasil, mais dividido ou mais unido, se a gente não fizer bobagem, a gente consegue navegar numa boa por Trump”, afirma. “No caso tarifário, a gente ainda tem um adicional: que somos um dos poucos países que tem déficit com os Estados Unidos. Os EUA é superavitário com o Brasil. Estamos fora do radar do ponto de vista tarifário.”

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