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André Esteves: “Brasil tem alto gasto e arrecadação alta e precisa abaixar os dois”

André Esteves: “Brasil tem alto gasto e arrecadação alta e precisa abaixar os dois”

Durante a CEO Conference, André Esteves ressaltou que o Brasil tem de “começar a construir o seu futuro”. Saiba mais.

O desenvolvimento sustentável das contas públicas do Brasil sempre estiveram no centro das atenções do mercado, e não será diferente neste ano. Apesar da grande maioria das pessoas considerarem que a questão fiscal negativa do Brasil é estrutural, André Esteves, chairman e sócio sênior do BTG Pactual, não concorda com essa visão unilateral. “O Brasil tem um gasto alto e uma arrecadação tributária alta. O correto seria baixar os dois”, afirma Esteves, que participou, nesta quarta-feira (7) da CEO Conference.

André Esteves na CEO Conference: situação econômica

Durante o painel “Cenário Político e Macroeconômico 2024” na CEO Conference, evento online e gratuito do BTG, Esteves ressaltou a necessidade que o Brasil tem de começar a construir o seu futuro ao comentar sobre a situação econômica atual. 

Com mediação do jornalista William Waack, ao abordar a expectativa do mercado de um déficit primário de 0,80 % do PIB em 2024, o chairman pontuou que acredita que será abaixo disso. É importante pontuar que a saúde fiscal do governo influencia o ambiente de juros e também a Bolsa de Valores. 

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André Esteves na CEO Conference: expectativas de déficit primário 

Segundo dados divulgados pelo último Relatório Focus do Banco Central, as perspectivas do mercado para o ano de 2024 permaneceram em déficit de 0,80% do PIB. A projeção para 2025 continuou em déficit de 0,60% do PIB e para 2026, déficit de 0,50% do PIB. 

Nesta quarta-feira (7), o Banco Central divulgou que o setor público consolidado, formado por União, Estados, municípios e estatais, registrou déficit primário de R$ 249,1 bilhões em 2023. Esse foi o maior rombo para as contas públicas desde 2020, o 1º ano da pandemia de Covid-19.

Avanços das reformas 

Nos últimos anos, o Brasil conseguiu realizar diversas reformas estruturais que impactaram o cenário doméstico. Em 2017, foi aprovada a Reforma Trabalhista, seguida pela Reforma da Previdência e no passado, a Reforma Tributária, em discussão há 40 anos

Para Esteves, com essas três reformas importantes, estamos agora em um “ambiente com uma democracia funcional”. 

“Ano passado conseguimos aprovar a reforma tributária. Das reformas, a mais difícil de ser aprovada. Nos últimos três governos tivemos avanços institucionais importantes”, avalia. 

Energia renovável 

Ao ser questionado sobre a sua perspectiva acerca do futuro da energia do Brasil, Esteves ressaltou que o Brasil tem a matriz renovável mais ampla do G20 (Grupo dos 20, fórum de cooperação econômica internacional criado em 1999 e formado por 19 países, entre nações desenvolvidas e emergentes), porém, nenhum sistema atualmente funciona apenas com energia limpa. 

“A matriz mais limpa do mundo também vai precisar de energia fóssil. Vamos estar em torno de 90% renovável, não conseguimos hoje 100%. Pode ser que em 30, 40 anos consigamos”, aponta.

COP 30

No debate internacional, o foco da conversa também foi a questão ambiental. Esteves pontuou que o Brasil melhorou no tópico ambiental, mas que, em sua visão, ainda está longe do ideal.

Ele aproveitou ainda para lembrar que Belém foi confirmada como sede da COP 30, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

Para ele, a escolha da Amazônia para sediar o evento traz um simbolismo forte e uma oportunidade para o Brasil se posicionar. 

Argentina 

Quando o assunto passou para a América Latina, o foco foi a vizinha Argentina. Ao ser perguntado se o país estaria no caminho certo, Esteves disse que acredita que sim e explicou o seu ponto de vista. 

Para ele, Javier Milei, apesar de diferente, deu algumas lições sobre política. “O presidente é diferente, mas não podemos acusar ele de falta de conteúdo. Falou a verdade durante a campanha. Disse o problema e quanto iria custar e o quanto seria difícil para a sociedade e mesmo assim foi escolhido.”

Esteves ainda lembrou sobre a situação de hiperinflação na Argentina. Em apenas um ano, a inflação no país mais do que dobrou, atingindo 211% em 2023, passando a Venezuela, até então a campeã da região e do mundo.

Oriente Médio 

O Brasil, maior exportador de alimentos do mundo, possui muitos negócios na região, principalmente com a Arábia Saudita. Em 2023, as exportações para o país árabe atingiram o maior patamar em 10 anos. 

Ao ser questionado se a eclosão do conflito entre Israel e Hamas após o dia 7 de outubro afetaria de alguma maneira a relação entre Brasil e Oriente Médio, Esteves destacou que não acredita nessa hipótese. 

“Não muda nada. O Brasil é o maior exportador de alimentos no mundo. A maior obsessão no Oriente Médio é a segurança alimentar. As oportunidades entre Brasil, Arabia Saudita, América Latina e Oriente Médio vão continuar”, avalia André Esteves, durante sua participação na CEO Conference.