O preço dos contratos futuros de açúcar negociados em Nova York atingiu o seu pico mais elevado do ano em setembro. De janeiro a setembro de 2023, houve um aumento de 51,21% no valor desses contratos, escalando de US$ 18,02 para US$ 27,25.
O açúcar em alta reflete dois fatores no mercado internacional:
- fatores climáticos adversos resultaram em uma redução na oferta dessa commodity;
- decisões tomadas pela Índia, maior produtora mundial de açúcar, também influenciaram esse cenário.
O movimento de valorização do açúcar pode ter um impacto positivo no desempenho das empresas do agronegócio brasileiro, especialmente aquelas envolvidas na produção de cana-de-açúcar. Empresas como São Martinho ($SMOT3), Jalles Machado ($JALL3) e Raízen ($RAIZ4) têm demonstrado resultados satisfatórios ao longo de 2023.
Para uma análise mais aprofundada do cenário atual do mercado de açúcar em 2023 e de seu potencial impacto nas empresas do setor, o portal EuQueroInvestir reuniu as principais informações para determinar a viabilidade de investimento nessas empresas.
Açúcar em alta: bancos analisam o momento
Nos relatórios recentes, tanto o Bradesco BBI quanto o JP Morgan afirmam que os preços do açúcar, que estão em alta, devem continuar a subir nos próximos meses.
O banco brasileiro indica que a tendência é de que os preços permaneçam elevados e possam até mesmo ultrapassar as previsões de mercado.
De acordo com o relatório do BBI, o preço spot do açúcar está atualmente em US$ 25/libra para a safra de 2024/25, havendo uma assimetria quando comparado ao preço atual de US$ 27/libra e à estimativa do BBI, que é de US$ 32/libra. Essa divergência justifica a manutenção da classificação de “outperform” (desempenho superior ao índice de referência, semelhante à recomendação de compra) que o banco atribui a essas empresas.
Portanto, de acordo com o Bradesco, os preços do açúcar deverão continuar a subir nos próximos dois ou três meses.
O JP Morgan explica que os preços elevados do açúcar são resultado das consequências do El Niño, que está causando períodos de seca mais prolongados. Esse fenômeno climático está prejudicando as safras na Índia, que é a maior produtora mundial dessa commodity.
Conforme o JP Morgan observa, em outros períodos de seca no país, a inflação de alimentos chegou a aumentar até 1,2 ponto percentual.
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Índia aumenta investimentos em etanol
Além da seca no território indiano, outro fator está contribuindo para o aumento nos preços do açúcar. A Índia está realocando parte de sua produção de cana-de-açúcar para a fabricação de etanol.
O país asiático anunciou a antecipação da meta de misturar 20% de etanol na gasolina para 2025, com o objetivo de reduzir sua dependência do petróleo. Adicionalmente, os indianos estão desenvolvendo carros com tecnologia flexfuel, permitindo que esses veículos funcionem tanto com gasolina quanto com etanol.
É importante ressaltar que a Índia ainda está em processo de consolidação nesse mercado. Um levantamento realizado pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) revela que o etanol produzido a partir de cana-de-açúcar e milho representa 82% do mercado mundial de biocombustíveis, com o Brasil e os Estados Unidos liderando a produção de etanol, responsáveis por 90% desse mercado global.
Como estão as empresas sucroalcooleiras?
Com o açúcar em alta, as empresas do setor sucroalcooleiro estão apresentando um bom desempenho. Confira abaixo como cada uma está se saindo.
Raízen
A Raízen, que pertence ao Grupo Cosan ($CSAN3), desponta como uma das líderes nesse segmento. A empresa é uma das principais distribuidoras de combustíveis no Brasil e se destaca ainda mais por sua posição de destaque na produção de açúcar e etanol.
A RAIZ4 figura entre as maiores produtoras desses produtos no Brasil. Através de suas usinas de cana-de-açúcar, a Raízen converte essa matéria-prima em açúcar e biocombustíveis, incluindo o etanol.
Ainda que a Raízen esteja neste setor, ela não tem aproveitado tanto o açúcar em alta, com as ações valorizando “apenas” 4,52%.
Jalles Machado
A Jalles Machado é uma empresa brasileira que se destaca na produção de açúcar, etanol e energia elétrica a partir da cana-de-açúcar. Fundada em 1980, a empresa está situada no município de Goianésia, no estado de Goiás.
A JALL3 é reconhecida como uma das principais usinas de produção de açúcar e etanol no Brasil, contando com uma infraestrutura moderna e altamente tecnológica. Seus processos englobam desde o cultivo e colheita da cana-de-açúcar até a fabricação de açúcar refinado e etanol de elevada qualidade.
Diferentemente da situação da Raízen, a Jalles Machado está aproveitando a tendência de alta nos preços do açúcar. Em 2023, as ações da empresa registraram um impressionante aumento de mais de 20%.
São Martinho
A São Martinho é reconhecida como uma das principais empresas do setor sucroalcooleiro no Brasil. Fundada em 1940, a empresa tem sua sede em Pradópolis, no estado de São Paulo, e ao longo dos anos conquistou posição de destaque como uma das maiores produtoras de açúcar, etanol e energia elétrica a partir da cana-de-açúcar no país.
A atividade principal da São Martinho está centrada no agronegócio, com um enfoque específico na produção de açúcar e etanol. A empresa opera diversas usinas e unidades industriais, nas quais a cana-de-açúcar é cultivada, colhida e processada para a fabricação desses produtos.
Comparando-a com as outras duas empresas previamente analisadas, a São Martinho se destaca no mercado. Ao observar o gráfico de desempenho das ações SMTO3 em relação ao primeiro gráfico sobre os contratos futuros de açúcar, é perceptível que os preços desses ativos aumentam de forma coincidente.
Vale ressaltar que, neste caso, as ações da SMTO3 apresentaram um crescimento mais alto do que o açúcar no mercado internacional. Isso reflete a capacidade da empresa em aproveitar o cenário favorável no mercado de açúcar e reforça sua posição como um destaque no setor sucroalcooleiro brasileiro.
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