Copom sobe juros em 0,5 ponto e Selic vai a 13,75%; aperto continuará
Copom sobe juros em 0,5 ponto e Selic vai a 13,75%; aperto continuará
Matheus Gagliano
03 Ago 2022 às 18:47 · Última atualização: 03 Ago 2022 · 6 min leitura
Matheus Gagliano
03 Ago 2022 às 18:47 · 6 min leitura Última atualização: 03 Ago 2022
O Copom – Comitê de Política Econômica – decidiu nesta quarta-feira (3) elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, em consenso com o que esperava o mercado. Desta forma, a taxa sobe para 13,75% ao ano. Esta é a 12ª alta seguida na taxa. O comitê informou que avaliará a necessidade de um ajuste de menor magnitude, em sua próxima reunião.
Informou ainda que, diante das projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista.
“O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz trecho da nota.
Copom: decisão reflete incertezas
Em nota, o colegiado entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva. E é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2023 e, em grau menor, o de 2024.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz trecho da nota.
Segundo o comitê, o ambiente externo mantém-se adverso e volátil, com maiores revisões negativas para o crescimento global em um ambiente inflacionário ainda pressionado. O processo de normalização da política monetária nos países avançados tem se acelerado, impactando o cenário prospectivo e elevando a volatilidade dos ativos.
Avaliou também que inflação ao consumidor continua elevada, tanto em componentes mais voláteis como em itens associados à inflação subjacente e que o comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções.
Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporados nas expectativas de inflação e nos preços de ativos.
Entre os riscos de baixa, ressaltam-se uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local; e uma desaceleração da atividade econômica mais acentuada do que a projetada.
Copom: BTG (BPAC11) previa final do ciclo de alto para setembro
Em relatório pré-Copom, o banco de investimentos já alertava que, diante da maior pressão inflacionária global, do enfraquecimento do arcabouço fiscal doméstico e da piora nas expectativas do IPCA (inflação oficial) para 2023, o Copom do Banco Central ficou sem espaço para sinalizar o fim do ciclo de alta da Selic, taxa básica de juros, como acreditava o mercado, até então.
“Esperamos que o Banco Central, além de entregar os já precificados 50 pontos base de alta, mantenha a estratégia de continuar com o ciclo de ajustes na taxa Selic. O cenário global se deteriorou com manutenção das altas expectativas de inflação, elevação dos juros pelo Banco Central Europeu e Federal Reserve e, agora, maior probabilidade de recessão na Europa e nos EUA”, aponta o banco em seu relatório.
Tá, e aí?Stephan Kautz, economista chefe da EQI Asset
Stephan Kautz, economista chefe da EQI Asset, avaliou que a decisão veio em linha com o esperado pelo mercado e a comunicação passada pelo Banco Central dá uma indicação de que o ciclo de alta parece estar mais próximo do fim.
“Eles informaram explicitamente uma alta residual na próxima reunião, caso seja necessário. O cenário é ter uma elevação de 0,25 ponto ou ficar parado”, avaliou ele. Mas enfatizou que irá aguardar a ata do Copom, na próxima terça-feira (9), para avaliar se mantém a projeção de 14,25% na Selic ao fim do ciclo ou se revisa para 14%
Sobre a inflação, Kautz afirmou que o Copom trouxe uma projeção de inflação até o primeiro trimestre de 2024, no qual a inflação deve chegar então a 3,5%.
“Portanto, sai de uma projeção de 4,5% no final de 2023 para 3,5 no 1TRI24. Essa forte desaceleração é por conta do fim dos impactos das medidas fiscais”, detalhou ele.
Como investir com a Selic a 13,75%?
Denys Wiese, head de renda fixa da EQI Investimentos, avalia que é hora de comprar títulos prefixados atrelados a taxa de juros. Isso porque com a Selic mais alta a economia tenda a desaquecer a inflação começar a arrefecer. Então, é provável que daqui a um ano o investidor não encontre um título de tesouro prefixado nas mesmas condições que estão atualmente.
“Os papéis prefixados atrelados a juros passam a render esse acréscimo de 0,5 ponto já a partir de amanhã”, avaliou ele.
Quanto aos investimentos em renda variável, como a bolsa de valores e Fundos de Invesetimentos Imobiliários (FIIs) podem ser os mais prejudicados. Isto porque a renda fixa acaba ficando mais atrativa, então a tendência é que os investidores aloquem seus investimentos na renda fixa.
Confira o comentário em áudio de Denys Wiese:
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