Até o dia 12 de janeiro, a Americanas (AMER3) era uma das principais empresas da bolsa de valores. Afinal de contas, a empresa foi a quinta maior empresa varejista do Brasil em 2022, com um valor de mercado estimado em R$ 11 bilhões. Em 2020, os papéis da companhia chegaram ao seu auge, cotados a R$ 121 em agosto.
Porém, na semana passada, mais precisamente na data citada acima, o ex-CEO da Americanas Sérgio Rial, que ficou no cargo somente 11 dias, informou, em fato relevante, que a empresa tinha dívidas na casa dos R$ 20 bilhões ao encontrar “inconsistências contábeis”.
Na noite da última sexta-feira (13), a empresa entrou com uma liminar na justiça que a protege por 30 dias contra vencimento antecipado de dívidas, prazo que a varejista poderá usar para obter um acordo com credores ou pedir uma recuperação judicial. A dívida declarada pela Americanas está no patamar de R$ 40 bilhões.
Em resposta à liminar, o BTG Pactual (BPAC11) fez uma petição no final de semana para tentar derrubar o bloqueio das execuções de dívidas da Americanas. O conteúdo da ação do banco de investimento impressionou pelo ataque ao trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, sócios fundadores do 3G Capital que possuem participação majoritária na Americanas.
No texto da petição do BTG, o trio cita eles como homens “ungidos como uma espécie de semideuses do capitalismo mundial ‘do bem’, que foram pegos com a mão no caixa daquela que, desde 1982, é umas das principais companhias do trio”.
O conteúdo da petição do banco ainda aponta a medida cautelar da seguinte forma: “é o fraudador pedindo às barras da Justiça proteção ‘contra’ a sua própria fraude. É o fraudador cumprindo a sua própria profecia, dando verdadeiramente ‘uma de maluco para esses caras saberem que é pra valer’“.
Para compreender um pouco melhor a história da Americanas, continue neste artigo do portal EuQueroInvestir.
Uma breve história da Americanas (AMER3)
A Americanas é uma empresa com 93 anos de história para contar. Foi fundada no dia 03 de setembro de 1929 na cidade de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, pelo austríaco Max Landesmann e pelos americanos John Lee, Glen Matson, James Marshall e Batson Borger.
A ideia original dos gringos era ir para Buenos Aires, na Argentina, para abrir uma loja no formato da Five and Ten Cents, que vendia produtos populares nos Estados Unidos com preços de cinco a dez centavos. Mas no navio em que viajavam, eles conheceram os brasileiros Aquino Sales e Max Landesman, que os convidou para ir até o Rio de Janeiro.
A observação de um evento cria a oportunidade. Essa frase pode ser aplicada para o quarteto gringo. Durante a sua estadia no Rio de Janeiro, que era a capital do Brasil e maior cidade, eles perceberam que a cidade tinha muitos funcionários públicos e militares com renda estável, mas com salários medianos.
Contudo, havia poucas lojas populares no Rio, em geral, as lojas existentes vendiam mercadorias caras e especializadas, o que obrigava uma dona de casa ir a diversos estabelecimentos para realizar as compras.
Deste modo, os jovens perceberam que o ambiente era propício para abrir uma loja com preços populares e que ofereciam uma oferta grande de produtos. Foi assim que nasceu a Lojas Americanas, cujo primeiro slogan foi “nada além de 2 mil réis”.
Cerca de 50 anos, na década de 1980, o trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, adquiriu a Americanas ainda quando estavam à frente do Banco Garantia.
O objetivo deles era reverter o prejuízo da Americanas. Para isso, eles se inspiraram no modelo do Walmart, com a revisão do plano de investimentos e reestruturou a operação da empresa varejista. Em pouco tempo, ela se tornou lucrativa novamente.
No final da década de 1990, a Americanas foi pioneira ao se tornar uma das primeiras lojas online do Brasil. A compra do domínio Americanas.com foi feito em 1999 e o lançamento oficial do site foi em meados de 2000.
Com a popularização da internet, a Americanas adquiriu o Shoptime e a Ingresso.com em 2005 e um ano depois foi a vez do Submarino. Ficando cada vez maior, após a compra do Submarino, foi criada a B2W, que se tornou uma das maiores empresas de comércio eletrônico da América Latina.
O início do fim?
Após a 3G Capital recuperar a Americanas e a empresa crescer a passos galopantes, o primeiro indicativo de crise da varejista veio em 2011. O aumento da concorrência no varejo online fez os resultados da empresa perderem força.
Além disso, a empresa apresentou diversas dificuldades operacionais, como o atraso de entregas. Em vista disso, a Americanas chegou a ser multada em R$ 860 mil pela Justiça do Rio de Janeiro por não respeitar uma liminar que suspendia suas vendas na internet até resolver o problema das entregas atrasadas.
Para solucionar parte destes problemas e para acelerar o crescimento da empresa, a B2W anunciou o aumento de R$ 1 bilhão do seu capital com a emissão de 46 milhões de ações ordinárias.
Apesar disso, ainda em 2011, a varejista apresentou um prejuízo líquido de R$ 83,2 milhões.
A Americanas até conseguiu se recuperar do prejuízo e, teoricamente, manteve os resultados anuais no azul. Sem contar que a empresa ainda seguiu com a estratégia de aquisições e registrou novos aumentos de capital.
Em 2021, a B2W anunciou a combinação de operações com a Lojas Americanas formando Americanas S.A. Com a fusão, o trio de sócios da 3G abriu mão do controle societário da empresa depois de 40 anos, sem cobrar um prêmio por isso. Com isso, eles se tornaram apenas “acionistas de referência”, sem deter mais do que 50% do capital votante — estrutura mantida até o momento.
Em setembro de 2022, a Americanas anunciou a saída de Miguel Gutierrez após quase 30 anos de casa. No seu lugar, a companhia divulgou Sérgio Rial, ex-CEO do Santander Brasil (SANB11), conhecido pela sua competência administrativa e, de certa forma, pelo exibicionismo.
Rial assumiu o posto no dia 1º de janeiro de 2023. Após 11 dias de trabalho, Rial pediu demissão ao revelar que a Americanas tinha um rombo de R$ 20 bilhões depois de encontrar inconsistências contábeis.
Quem são os donos da Americanas?
Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira são sócios da 3G Capital, empresa de private equity, que também controla a Ambev (ABEV3). Os três começaram a trabalhar juntos nos anos de 1970 à frente do Banco Garantia, cujo modelo de negócios foi inspirado no Goldman Sachs.
No anos de 1980, os três se inspiraram no Walmart para alavancar a Lojas Americanas. A varejista também foi pioneira no comércio eletrônico e deu origem para a B2W, que agregou grandes marcas como o Shoptime e o Submarino.
Jorge Paulo Lemann
Nascido no Rio de Janeiro, Jorge Paulo Lemann é considerado o homem mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em R$ 72 bilhões. Com o fundo de investimentos 3G Capital, Lemann é acionista controlador da AB Inbev, controladora da Ambev (ABEV3), a maior produtora de cervejas do mundo.
O empresário também tem participações da holding Restaurant Brands International, dona do Burger King (BKBR3) e da empresa de alimentos Kraft Heinz. Além disso, Lehmann detém as Lojas Americanas (AMER3) e a São Carlos Empreendimentos.
Marcel Herrmann Telles
Marcel Herrmann Telles, sócio de Lemann na 3G Capital e em outros empreendimentos, é o terceiro homem mais rico do Brasil que construiu a sua própria fortuna. Inclusive, Telles é um grande acionista da ClearSale (CLSA3), através da Innova Capital, que fez o seu IPO na bolsa em julho de 2021.
O carioca de 72 anos tem uma fortuna avaliada em R$ 48 bilhões.
Carlos Alberto da Veiga Sicupira
Sicupira também participa do conselho de administração das Lojas Americanas, ao lado de Paulo Alberto Lemann, primogênito de Paulo Jorge Lemann.
Em 2022, a Lojas Americanas fundiu as operações com a B2W, empresa controladora das varejistas Americanas.com, Submarino, Shoptime e Sou Barato.
O trio Lemann, Telles e Sicupira trabalham juntos desde 1973, quando os dois últimos entraram na corretora Garantia, que na época já era administrada por Jorge Paulo Lemann.
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