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Super Quarta: Brasil e EUA definem juros

Super Quarta: Brasil e EUA definem juros

Nesta quarta-feira (1) acontece a chamada Super Quarta, quando os comitês de política monetária de Brasil e EUA definem juros.

No Brasil, é consenso que a Selic deve ser mantida, pela quinta vez, em 13,75%, sem grandes novidades, com juros só começando a cair a partir de agosto – para a EQI Asset, a Selic deve terminar o ano em 11,50%.

Já os EUA é que guardam a grande expectativa desta Super Quarta. O mercado se divide entre uma alta de 0,25 ponto porcentual ou 0,50.

E o mundo acompanha a decisão, afinal, taxa de juros nos EUA define investimentos em todo o mundo. Isso porque juros em alta por lá atrai capital para os títulos do tesouro americano, considerados os mais seguros do mundo, e fortalece o dólar. Já juros em queda favorece o fluxo de capital estrangeiro para os países emergentes e as moedas emergentes.

Confira as expectativas para a Super Quarta.

Decisão do Fed é a questão do dia

Nos Estados Unidos, há incertezas no radar. Isso porque as primeiras projeções apontavam para uma nova alta de 0,50 ponto porcentual nesta quarta-feira (1), mas falas recentes dos dirigentes do banco central americano jogaram as expectativas para baixo, para uma possível alta de 0,25 ponto porcentual.

“Eles fizeram uma primeira redução no ritmo de alta que vinha sendo praticado, de 0,75 para 0,50 em dezembro. A gente tem a expectativa de que eles mantenham esse ritmo nessa reunião. Porém, essa parece ser uma aposta que tem perdido força nos últimos dias. Diversos membros do Fed vêm sinalizando em discursos públicos que talvez exista uma possibilidade de uma nova redução de ritmo. Mas a gente continua achando que a inflação está muito alta para fazer esse movimento agora. Porém o risco existe e pode, sim, vir uma alta de 25 pontos-base ao invés de 50”, diz Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.

“De qualquer maneira, a gente entende que o discurso vai ser hawkish, vai ser duro, no sentido de sinalizar novas altas de juros nas próximas reuniões. Isso porque o mercado de trabalho segue muito apertado ainda e a inflação está em patamar rodando próximo 5%, o que mostra ser pouco provável que o Fed se sinta confortável para encerrar o ciclo”, avalia.

Vale lembrar que, em sua última divulgação, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) subiu 0,1% em novembro, ante 0,4% em outubro. Os dados vieram abaixo da expectativa do mercado, que esperava 0,3%. No acumulado dos últimos 12 meses, o CPI dos EUA foi de 7,1%, contra 7,7% do mês de outubro. 

Outra medida de inflação – e a favorita do Fed -, o Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE) ficou em 0,1% em dezembro, repetindo o índice de novembro e confirmando a desaceleração da inflação no país. Com esse resultado, o acumulado dos 12 meses encerrados em dezembro ficou em 5%, ante 5,5% acumulados até novembro. 

“A gente entende que quando a inflação anual estiver rodando próximo de 3%, ou um pouco abaixo, aí sim eles teriam a possibilidade de encerrar o ciclo, o que provavelmente vai acontecer a partir de abril”, complementa.

Assim, Kautz segue enxergando 50 pontos-base de alta nesta quarta e mais 25 na reunião de março. Uma alta adicional de 0,25 não é descartada, com taxa final ficando entre 5,25% e 5,50%.

Uma opção alternativa, ele aponta, seria uma alta de 25 pontos agora, seguida de mais altas de 25, indo para a mesma taxa terminal, porém em ritmo mais gradual.

O economista aponta ainda que para o investidor vale a pena ficar bastante atento para a decisão de quarta, com potencial de afetar a precificação de mercado.

Ouça o áudio na íntegra:

tabela com projeções para juros nos EUA
Cenário base de juros nos EUA. Fonte: EQI Asset

Escalada de juros nos EUA

A subida de juros nos Estados Unidos começou em março de 2022, com alta de 0,25 ponto porcentual. Em maio, a alta foi de 0,50. Em junho, o Fed revisa seu plano de voo e opta por um ajuste maior: 0,75, sendo o maior nível de elevação de juros desde 1994.

Depois, foram mais três decisões sequenciais de mesma magnitude. Por fim, em dezembro do ano passado, o Fed reduziu o ritmo, com alta de 0,50.

Atualmente, os juros se encontram entre 4,25% e 4,50% ao ano.

Decisão da Selic sem novidades

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) realiza terça e quarta-feira (31 de janeiro e 1 de fevereiro) sua 252ª reunião.

É dada como uma certeza pelo mercado que o Copom deve manter a Selic, taxa básica de juros, em 13,75% pela quinta vez.

O evento deve ter baixo impacto no mercado e não deve trazer qualquer surpresa. Importante mesmo vai ser a comunicação sobre o prazo da estabilidade da taxa, ou seja, até quando ela fica em 13,75%.

“A decisão mais importante não é sobre a taxa de juros em si e sim a comunicação que vai ser dada tanto no pós-decisão quanto na ata da reunião. A gente entende que as projeções do Banco Central pouco vão se alterar em relação às apresentadas no relatório de inflação de dezembro”, afirma Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.

A ata da reunião a que Kautz se refere, é o documento que sai na terça-feira imediatamente seguinte à decisão do Copom (desta vez dia 7) e que traz detalhes sobre o que foi discutido entre os membros do comitê.

Já o relatório de inflação é um documento que o Banco Central divulga trimestralmente, com as projeções de alta de preços para o ano corrente e demais anos do horizonte de interesse e as chances de a inflação estourar as metas estipuladas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).   

Para o BC, em 2023 a inflação começaria em 5% ao ano no primeiro trimestre, pouco acima dos 4,9% da projeção anterior. Cairia para 3,9 no segundo trimestre do ano que vem, atingindo o pico de 5,9% no terceiro trimestre, e fechando o ano em 5%. A meta da inflação para 2023 é de 3,25%, ou seja, a inflação ficaria pouco acima do intervalo de tolerância (4,75%).

Já em 2024, a inflação final seria de 3%, ante 2,8% previstos no relatório trimestral de inflação de setembro. A meta do ano é 3%, logo não haveria estouro.

Para 2025, foi mantida a projeção de 2,8%, a mesma do relatório anterior, e dentro da meta, que é de 3%.

Expectativas de inflação x câmbio: projeções pouco devem se alterar

“A gente tem duas forças que mais ou menos se compensam. As expectativas de inflação estão desancorando e subindo nos diversos horizontes da pesquisa Focus, e vão necessariamente puxar as projeções do Banco Central para cima. Porém, a gente tem também do outro lado o câmbio caindo. Na última simulação do Banco Central, ele foi de R$ 5,26 para próximo de R$ 5,20”, explica Kautz.

“A taxa de juros projetada pelo Focus subiu nos diversos horizontes, então tende também a puxar a inflação para baixo. Em resumo, as expectativas puxam a inflação para cima, mas o câmbio e os juros puxam para baixo. Então, as projeções pouco devem se alterar para 2023, 2024 e 2025”, conclui.

Vale dizer que a alta na expectativa de inflação se dá pelas sinalizações de mais gastos públicos do governo brasileiro. Fora isso, críticas quanto à meta da inflação e à independência do Banco Central, além das incertezas fiscais, vem mexendo com as expectativas do mercado. Ao passo que o câmbio é puxado para baixo, com a projeção de ritmo de juros em redução nos EUA.

A EQI Asset vê Selic começando a recuar só a partir de agosto, chegando a 11,50% até o final do ano.

Ouça áudio na íntegra:

Um levantamento realizado pelo jornal Valor com 106 instituições financeiras apontou unanimidade sobre a Selic permanecer estacionada em 13,75% nesta quarta-feira. Porém, até dezembro, as apostas vão de 10,5%, na visão mais otimista do Citi, até uma possível alta de 14,5%, na visão mais pessimista da Genial Investimentos. Confira abaixo o levantamento.

tabela com projeções das casas de análise para os juros
Projeções para Selic. Fonte: Valor

Escalada da Selic

gráfico Selic
Fonte: EQI

A Selic começou seu ciclo de alta em março de 2021, após permanecer um bom tempo em seu piso histórico, de 2%, devido à pandemia.

Foram 12 altas sequenciais até que a taxa chegasse a 13,75% em setembro de 2022. Desde então, nas quatro decisões que se seguiram, o Copom optou por manter a Selic.

O que é a Selic?

A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. É a referência do governo para tomar recursos emprestados para custear suas despesas. 

E quem empresta dinheiro ao governo? Todas as pessoas físicas ou jurídicas que compram e vendem títulos do Tesouro Direto.

Além do governo, o mercado como um todo usa a taxa Selic como uma referência. 

Para os investidores, a Selic serve como um balizador: se a taxa está em alta, a renda fixa ganha atratividade. Ao passo que, com juros em baixa, a vez é da renda variável.

Como o Copom define a Selic?

A principal função do Copom é realizar uma avaliação do cenário macroeconômico do país e os principais riscos a ele associados.

É com base nessas avaliações que são tomadas as decisões de política monetária.

Além de definir a Selic, desde 1999 o Copom também é responsável por acompanhar o cumprimento das metas de inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional.

Vale lembrar que o Copom não pode aumentar ou diminuir a taxa Selic sem que, para isso, exista uma justificativa pautada na tendência do cenário econômico e no mercado brasileiros.

Na realidade, as variações na Selic tendem a acompanhar as variações de um outro índice, o IPCA, que é o indicador base da inflação no país.

Nesse sentido, diante de um cenário em que a inflação esteja controlada, a tendência da taxa Selic é cair.

Já nos momentos em que há um aumento na inflação, a Selic normalmente sobe para ajudar no controle do mercado.

Atualmente, além da inflação, outro tema bastante recorrente nas atas do Copom é justamente o risco de o governo não obedecer o teto de gastos.

Como são as reuniões do Copom?

As decisões do Copom são tomadas de 45 em 45 dias, em uma reunião que se estende por dois dias.

No primeiro dia, os chefes dos departamentos apresentam uma análise técnica de conjuntura do país. Essa análise envolve uma série de pontos importantes, tais como:

  • Inflação;
  • Nível de atividade;
  • Evolução dos agregados monetários, finanças públicas;
  • Balanço de pagamentos;
  • Economia internacional;
  • Mercado de câmbio;
  • Reservas internacionais;
  • Mercado monetário; e
  • Operações de mercado aberto e expectativas gerais para variáveis macroeconômicas.

Já no segundo dia da reunião, os diretores de política monetária e de política econômica, após análise das projeções atualizadas para a inflação, apresentam alternativas para a taxa Selic e fazem recomendações acerca da política monetária.

Depois dessas avaliações feitas pelos diretores citados acima, os demais membros fazem suas ponderações e apresentam eventuais propostas alternativas.

Ao final desse debate é que ocorre a votação das propostas, em que se busca o consenso sempre que possível.

Essa votação leva em consideração a maioria simples dos presentes, ou seja, para que uma proposta seja aceita, a maior parte dos membros presentes devem concordar com ela.

Além disso, em caso de empate, é o presidente do Copom  que irá proferir o chamado “voto de qualidade”, que é o voto de desempate.

As decisões emanadas do Copom devem ser publicadas por meio de comunicado do diretor de política monetária e esse comunicado deve acontecer no segundo dia, a partir das 18h, imediatamente após o término da reunião.

A taxa de juros fixada na reunião será a meta para a taxa Selic, que irá vigorar durante todo o período entre uma reunião ordinária e outra.

A ata dessa reunião geralmente é publicada na terça-feira imediatamente posterior à reunião.

Como investir com Selic mantida em 13,75%?

Segundo Denys Wiese, estrategista da EQI, diante do cenário macroeconômico e das sinalizações do governo, a renda fixa deve se manter em destaque neste ano. 

“Fica cada vez mais distante o momento de ir para a renda variável”, ele afirma. 

Com a expectativa de queda de juros a partir de agosto, ações, fundos imobiliários e criptomoedas podem se beneficiar a partir deste momento. 

No entanto, agora, as expectativas são de Selic no patamar atual por um bom tempo ainda. 

“O governo, dessa forma, acaba por ajudar os rentistas”, afirma Wiese, já que neste cenário a renda fixa segue remunerando 1% ao mês no mínimo.

https://euqueroinvestir.com/quando-e-como-fazer-o-rebalanceamento-de-carteira-descubra
Carteira recomendada EQI, segundo perfil de investidor. Fonte: EQI

Você leu que Brasil e EUA definem juros nesta quarta e isso impacta diretamente nos seus investimentos. Se quiser ajuda profissional para investir com assertividade, fale com a EQI.