Manifestantes invadiram na tarde de hoje (6) o prédio do Congresso dos Estados Unidos, rompendo as barricadas de segurança, no momento em que os parlamentares norte-americanos debatiam a certificação da vitória de Joe Biden à Presidência do país.
O Senado e a Câmara, que estavam avaliando objeções à vitória do democrata, interromperam o debate de forma abrupta e inesperada.
Isso ocorreu também no mesmo dia em que Trump discursou em Washington e, mais uma vez, reiterou que não aceitará o resultado da eleição, que acabou decretando a vitória de Biden.
Adepto das redes sociais, o presidente, derrotado no pleito, pediu que os manifestantes protestassem “pacificamente”, mas confiassem nas forças de segurança americanas.
“Respeito os democratas”
No Twitter, Trump disse ser do partido da lei e da ordem e afirmou que respeita os democratas. “Estou pedindo a todos no Capitólio dos Estados Unidos que permaneçam em paz. Sem violência! Lembre-se, NÓS somos o Partido da Lei e da Ordem – respeite a Lei e nossos grandes homens e mulheres em Azul. Obrigado!”
I am asking for everyone at the U.S. Capitol to remain peaceful. No violence! Remember, WE are the Party of Law & Order – respect the Law and our great men and women in Blue. Thank you!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 6, 2021
O recado foi interpretado de maneira diferente e, segundo a imprensa local, houve vandalismo e confrontos durante a tentativa de invasão, até que, finalmente, os manifestantes pró-Trump superaram a barreira e entraram no Capitólio.
Muriel Bowser, prefeita de Washington, decretou toque de recolher na cidade a partir das 18 horas (20h de Brasília) e fechou os centros de testagem de Covid-19 pelas próximas 12 horas.]
Em pronunciamento transmitido pela TV, no final da tarde, após a polícia retirar alguns apoiadores de Trump que invadiram o Congresso, Biden disse que democracia americana está sob ataque sem precedentes.
Afirmou que o protesto ocorrido no Capitólio não foi protesto, mas insurreição. E disse que Trump deve se pronunciar a respeito dos protestos.
Segundo as emissoras de TV americanas, uma pessoa foi baleada dentro do Congresso durante os protestos.
Discurso de Trump
Mais cedo, o presidente Donald Trump fez um discurso de cerca de três horas para a multidão na praça do obelisco de Washington. Ao discursar, Trump voltou a dizer que venceu as eleições. “Você não cede quando há roubo envolvido”, disse eale. “Nosso país está farto e não vamos aguentar mais”, acrescentou.
O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, que presidia a sessão conjunta responsável por receber e confirmar os votos dos delegados estaduais nas eleições norte-americanas, publicou nas redes sociais uma carta em que afirma que não há precedentes legais e constitucionais para que ele “aceite ou rejeite os votos unilateralmente.”
“Dada a controvérsia das eleições neste ano, alguns acreditam que, como vice-presidente, é meu papel contestar os votos. Outros acreditam que os votos eleitorais nunca devem ser contestados em uma sessão conjunta do Congresso. Após uma análise cuidadosa da nossa Constituição, nossas leis e nossa história. Acredito que nenhuma das visões está correta”, afirma o documento.
Pence afirmou que é papel dos representantes eleitos (deputados e senadores) revisar e decidir disputas que contestem o resultado eleitoral, e que “nunca na história um vice-presidente usou de tal autoridade [a validação ou invalidação de votos].”
O republicano afirmou ainda que ouvirá as objeções e argumentos de deputados e senadores com diferentes visões sobre o resultado eleitoral, mas que manterá o protocolo previsto pela Constituição norte-americana de abrir e certificar as cédulas eleitorais dos estados
Base de Trump se divide após ato
A imprensa local também informou que, por segurança, Mike Pence, presidente da sessão e vice-presidente dos EUA, foi retirado do prédio, enquanto deputados e senadores foram realocados para lugares mais seguros, mas dentro do próprio Capitólio.
A sessão desta quarta é fundamental para por um ponto final nas longas eleições para presidente dos Estados Unidos, e deve certificar a vitória de Joe Biden sobre Donald Trump nas urnas.
“Nós não podemos simplesmente nos declarar um júri eleitoral com esteroides. Os eleitores, os tribunais e os estados todos falaram. Todos falaram. Se passarmos por cima, vamos danificar nossa República para sempre”, afirmou o senador McConnell, visivelmente contrariado às decisões de Trump, mesmo sendo um escudeiro do presidente derrotado.
“A eleição não foi nem apertada, na verdade”, completou o senador, lembrando que Biden ficou com 306 votos no colégio eleitoral contra 232 de Donald Trump.
Mike Pence, por sua vez, alegou que houve “significantes alegações de irregularidades” e que elas seriam analisadas pelos congressistas. Apesar de ter saído em defesa de Trump, Pence foi criticado pelo ainda presidente.
“Mike Pence não teve coragem de fazer o que era necessário para proteger nosso país e nossa constituição, dando aos estados uma chance de certificar um conjunto corrigido dos fatos, não os fraudulentos e imprecisos que foram certificados anteriormente”, postou.
Pence disse que ataque ao Congresso não será tolerado e que envolvidos serão processados.
*Com Agência Brasil
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