A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) informou ontem (28) que, segundo as projeções do grupo macroeconômico da instituição, as altas das taxas de juros devem permanecer até junho.
De acordo com a associação, essas subidas podem ocorrer como consequência das sucessivas surpresas inflacionárias. Entre elas, a interrupção das cadeias produtivas, as incertezas fiscais e os efeitos da guerra no leste europeu.
Além disso, a Anbima divulgou os principais movimentos do mercado, diante do ciclo de alta de juros, que completou um ano no dia 17 de março, saindo de 2% para 11,75%.
Investimentos em renda fixa lideram em período de alta das taxa de juros
Os fundos de renda fixa assinalaram captação líquida positiva de R$ 268 bilhões, entre março de 2021 e março deste ano, um montante que representa 73% do total levantado pela indústria em todo o período.
Segundo a nota, a grande alocação na renda fixa fez com que a categoria aumentasse a participação na indústria, passando de 35,9% para 39%. Os fundos multimercados aparecem na segunda posição 22%, ante 23,63% ao começo do ciclo de elevação das taxas de juros.
Pedro Rudge, diretor da Anbima, explica que o “ambiente de maior incerteza contribuiu para reforçar uma maior aversão ao risco por parte dos investidores, com alocações em carteiras de perfil mais conservador. É o mesmo movimento visto nas ofertas públicas”.
Números conforme os tipos de fundos
Entre as categorias de fundos, as carteiras de renda fixa simples assinalaram captação líquida de R$ 166,3 bi, apresentando-se como as que mais receberam investimentos. Em seguida, as de duração baixa registraram R$ 89,3 bi.
De todos os tipos, apenas os fundos de duração alta superaram o IPCA acumulado de 12 meses (até março deste ano), tendo como base a previsão da Anbima, que apresentou variação de 10,55% no período. As carteiras que tiveram investimentos neste fundo registraram 11,8% nesse intervalo.
Já os fundos de renda fixa com mandato para maior exposição ao risco recolheram R$ 18,6 bi no período de um ano.
Ofertas públicas (dados até fevereiro)
A Anbima comunicou que houve grande concentração nos contratos de renda fixa, principalmente nas debêntures. Esses instrumentos representaram 43% das captações em 12 meses, correspondendo a um total de R$ 266 bi. Atrás das debêntures, os Fundos de Investimentos com Direitos Creditórios (FIDCs) captaram R$ 89 bi.
Segundo a nota, a “participação dos ativos de renda fixa representou 70,5% do total das captações em fevereiro contra 55% em março de 2021, no início do ciclo de alta dos juros”.
Além disso, destaca que apenas em debêntures, “a parcela alocada para as carteiras dos fundos de investimento subiu 19%, em janeiro e fevereiro do ano passado, para 34% no mesmo período de 2022”.
Em relação aos instrumentos de renda variável, as Ofertas Públicas Iniciais de Ações (IPOs) responderam por R$ 61 bi da captação, enquanto os follow ons recolheram R$ 64 bi.
Títulos públicos
Entre os títulos públicos, os ativos ligados à taxa de juros diária (como a LFTs), refletidos no subíndice IMA-S, apresentaram maior valorização. Os títulos de longo prazo, por outro lado, registraram queda de rendimento, diante do agravamento e da incerteza das estimativas inflacionárias.
Os prejuízos foram maiores em setembro, no momento em que o Banco Central aumentou a taxa de juros de 0,75 pontos percentuais para 1,0 ponto percentual.
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