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Alta dos juros no Brasil e nos EUA: quais as expectativas para os investidores? Entenda aqui

Alta dos juros no Brasil e nos EUA: quais as expectativas para os investidores? Entenda aqui

Na última semana, as atenções do mercado financeiro mundial estiveram voltadas para a reunião do FOMC (Federal Open Market Committee), o Copom norte-americano.

Agora, nestas terça e quarta-feiras (1 e 2 de fevereiro), os holofotes se voltam para o Copom, comitê de política monetária do Banco Central brasileiro.

Na quarta-feira (3), a partir das 18h, o comitê brasileiro irá revelar para onde vai a Selic, taxa básica de juros, que atualmente se encontra em 9,25%. De acordo com as perspectiva do mercado, a alta deve ser de 1,5 ponto porcentual, com Selic alcançado 10,75%.

Depois, para a reunião de março, a projeção é, de pelo menos, mais 1 ponto porcentual, com o ciclo sendo encerrado em 11,75%. No entanto, o que o mercado vai acompanhar com lupa será o comunicado do Copom e a ata, divulgada na próxima semana (mais precisamente no dia 8), que trará mais detalhes sobre a decisão e poderá dar sinalizações mais claras dos próximos passos do Banco Central.

Fed mantém juros dos EUA, mas prevê elevação “em breve”

Após o encontro na última quarta-feira, 26, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed) – o banco central dos EUA – declarou que os membros do comitê de política monetária, por enquanto, concordam com uma elevação da taxa de juros para “breve”, possivelmente na reunião de março.

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Contudo, disse também que “há muitas incertezas na trajetória da política monetária americana”. 

O discurso considerado “impreciso” frustrou quem esperava ver uma sinalização mais clara sobre o ritmo dos juros nos próximos meses.

As reuniões do FOMC sempre fazem sinalizações importantes para o mercado. 

Acima de tudo, a expectativa era de que o primeiro encontro de 2022 revelasse informações precisas sobre a trajetória dos juros e sobre a retirada de estímulos na maior economia do planeta.

A autoridade monetária americana manteve os juros entre 0% e 0,25%, como esperado, e sinalizou para “breve” um aumento das taxas. 

“Com a inflação bem acima de 2% e um mercado de trabalho forte, o Comitê espera que ‘em breve’ seja apropriado aumentar a faixa da meta para a taxa de fundos federais”, disse o comunicado do Fed.

“A primeira alta de juros deve ocorrer na reunião do mês de março, caso as condições sejam apropriadas”, indicou o presidente da entidade, Jerome Powell. 

Powel justificou que “a economia não precisa mais de fortes níveis de suporte da política monetária”, considerando os níveis de emprego e inflação. Mas que o Fed não pode prever, ainda, qual será a trajetória dessa política no futuro, em meio ao elevado nível de incertezas atual.

O presidente ressaltou ainda que a nova variante do coronavírus paralisou a economia nas últimas semanas, mas que se os efeitos passarem rapidamente, as implicações econômicas devem ser pequenas, mas que “não é possível prever com muita confiança a trajetória da política monetária”.

“O Fed está observando “cuidadosamente” para ver se a economia está evoluindo como o esperado”, disse.

Juros: orientação do Fed permanece “nebulosa”, dizem analistas

Mesmo após a sinalização clara para um aumento da taxa de juros em março, analistas identificam que o ritmo para tal ainda permanece “nebuloso”. 

Isso porque as próprias autoridades do Fed reconhecem que esperam ver como a inflação, a pandemia da Covid-19 e a economia em geral reagirão nos próximos meses.

Nesse ambiente ainda incerto, ex-autoridades do Fed ouvidas pela agência Reuters declararam que “pode ser difícil, e até imprudente para a entidade, se vincular à promessas voltadas para o futuro para comunicar seus planos”. 

Para essas fontes, a imprecisão de termos como “gradual” – utilizados nos discursos de Powel – pode colocar mais peso em projeções econômicas e política monetária trimestrais – assim como já ocorreu no passado.

Isto, segundo os especialistas, pode sinalizar que o Fed quer ter espaço para tomar decisões mais ágeis, alterando rapidamente a política monetária em resposta aos acontecimentos. 

Neste cenário impreciso, os especialistas dizem que será importante acompanhar o gráfico de pontos (divulgado em quatro das oito reuniões do banco central), que mostra as projeções das autoridades para o nível apropriado da taxa básica de juros do Fed nos próximos anos.

Imprecisão decepciona mercado

O presidente do Fed decepcionou quem esperava uma sinalização mais clara sobre o ritmo dos juros.

O que abre espaço para que o mercado faça suas apostas: especialistas apontam uma escalada de alta entre três (número sugerido pelas previsões apresentadas em dezembro passado) até cinco este ano.

Fontes do mercado observam que os impactos de qualquer movimento “rápido” pode colocar a economia americana novamente em recessão, enquanto medidas muito lentas podem permitir que a inflação crie raízes.

Já alguns analistas pedem que Powell indique a possibilidade de aumento potencial de juros em todas as reuniões, se necessário.

Inflação e juros em alta também no Brasil

Com inflação e juros em alta, contas públicas preocupantes, retomada lenta da economia e expectativa de uma eleição bastante polarizada, o mercado brasileiro também promete volatilidade em 2022.

O ano, que começa com a Selic a 9,25% ao ano – maior patamar de juros dos últimos quatro anos – tem manutenção de trajetória em alta, com especialistas prevendo a chegada a 11,75% até o final de março.

Selic rumo à oitava alta consecutiva

Selic

Reprodução/Banco Central

Juros altos: o que esperar dos investimentos para 2022?

Segundo Elias Wiggers, assessor da EQI Investimentos, os juros devem permanecer altos em 2022, porque o governo está buscando desancorar as expectativas de inflação. 

“Enquanto as variáveis que puxam a inflação perdurarem, os juros continuarão altos. Nesse sentido, a expectativa do mercado é de que permaneçam na casa de 9% a 11% ao longo de 2022 para depois começar a baixar de novo a partir de 2023. 

Quando a taxa básica de juros sobe, ela pressiona para cima o preço de serviços financeiros como financiamentos, empréstimos bancários, taxa do cartão, entre outras modalidades de crédito. 

Por outro lado, os investimentos em renda fixa, como CDB, LCI, LCA, entre outros, tendem a se valorizar. 

Renda fixa em 2022

A alta na taxa Selic aponta que a renda fixa para 2022 trará boas oportunidades para diversos perfis de investidores.

Para o prazo de três a cinco anos, especialistas do BTG Pactual, indicam títulos indexados ao IPCA+. Essa combinação permite ao investidor tirar proveito da alta dos juros e, ao mesmo tempo, proteger o patrimônio da inflação.  

Juros em alta: o que esperar dos investimentos em renda variável?

Já os investidores em renda variável – como o mercado de ações – deverão acompanhar com cautela os impactos da Selic na economia.

Isso porque um cenário de taxa de juros alta provoca o aumento da rentabilidade dos investimentos em renda fixa, diminuindo o interesse na renda variável. 

Além disso, uma taxa de juros alta dificulta o cenário para que as empresas invistam e aumentem sua produtividade, o que também impacta no preço das ações.

Ações em 2022: volatilidade, mas espaço para bom desempenho

As eleições brasileiras aumentarão a volatilidade do mercado em 2022. Por todos esses motivos, muitas instituições revisaram as projeções do Ibovespa para o ano, as quais variam, em média, entre 120 mil pontos e 135 mil pontos.

Para o BTG Pactual, se as coisas melhorarem por aqui, o Ibovespa para 2022 poderia chegar a 132 mil pontos. Para chegar a esse valor, a equipe de Research do banco utilizou as próprias estimativas para o lucro das empresas em 2022.

Para o BTG, em que pese a volatilidade esperada em 2022, há espaço para um bom desempenho da bolsa brasileira, devido ao atual nível de valuation. 

Para os analistas, mesmo com a recuperação econômica mais lenta do que o esperado, os lucros de 2022 deverão permanecer estáveis em relação a 2021.

De olho nos juros do Brasil e dos EUA

No caso do Brasil, a fixação da taxa Selic ocorre por meio das reuniões do Comitê de Política Monetária, o Copom, a cada 45 dias. 

De acordo com o calendário de 2022, a primeira reunião deve ocorrer nos dias 1º e 2 de fevereiro. No total, serão realizadas oito reuniões. 

Calendário Copom em 2022:

  • 1º e 2 de fevereiro;
  • 15 e 16 de março;
  • 3 e 4 de maio;
  • 14 e 15 de junho;
  • 2 e 3 de agosto;
  • 20 e 21 de setembro;
  • 25 e 26 de outubro;
  • 6 e 7 de dezembro.

Calendário FOMC 2022 

O FOMC, que atua como um braço direito do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, também tem uma programação regular de oito reuniões durante o ano para deliberar sobre política monetária, que envolve também a definição da taxa de juros do país.

  • 25 e 26 de janeiro; 
  • 15 e 16 de março;
  • 3 e 4 de maio;
  • 14 e 15 de junho;
  • 26 e 27 de julho;
  • 20 e 21 de setembro;
  • 1 e 2 de novembro;
  • 13 e 14 de dezembro.

Saiba mais: O mundo todo de olho no Fomc. Entenda como são as reuniões.