Uma certa tensão nos EUA, decorrente da iminência de um calote, da crise bancária no país, da crise de crédito e do receio de recessão, coloca o investimento estrangeiro alocado lá em xeque. Será que ainda assim vale investir nos EUA?
Décadas atrás, quando o empreendedor com ideia encontrava o empreendedor com capital, planos eram formulados, e costumava-se ouvir o famoso: Show me the Money. Com base na resposta, nasciam empresas de garagem que se tornavam verdadeiras potências. Foi assim com Apple (AAPL; AAPL34), Amazon (AMZN; AMZO34) e outras mais.
Atualmente, o empreendedor com ideia precisa bater em mais portas e exercitar sua resiliência para o “não” até encontrar o empreendedor com capital para, daí, iniciar um negócio, cujo sucesso precisará de mais tempo para ser provado.
No entanto, apesar das dificuldades macroeconômicas por conta de inflação e linhas de crédito escassas, foi Warren Buffett que disse, na conferência da Berkshire Hathaway realizada este mês: nunca aposte contra os Estados Unidos.
Na prática, o que o megainvestidor está dizendo é que o país que transformou sua moeda na principal âncora do mundo, e possibilitou o nascimento de empresas, cuja receita é superior a de muitos países, não pode ser subestimado.
Responsável pela área de produtos da EQI Internacional, Rodrigo Samaia lembra que os EUA ainda representam sozinhos mais de 50% do valor de mercado mundial de ações.
Na análise de Samaia, a manutenção de juros altos por mais tempo para controlar a inflação pode afetar o custo de financiamento de empresas pequenas e médias, mas a chave para se proteger dessas incertezas é a adequação do portfólio ao perfil de cada investidor, com a exposição correta a ativos de risco e ativos de proteção como renda fixa.
A explicação do executivo diz respeito aos movimentos do The Federal Open Market Committee (FOMC), órgão ligado ao Federal Reserve (Fed, banco central americano), que se vê em meio a uma batalha épica contra a inflação que, pelo CPI, está, atualmente, em 4,9%.
Esse volume é completamente atípico para os padrões norte-americanos e tem um efeito imediato nas finanças, com boa parte das instituições financeiras encarecendo o crédito, o que prejudica cidadãos e empresas.
Esta foi, inclusive, uma das razões da derrocada do Silicon Valley Bank (SVB), considerado o banco das startups, mas que pela elevação dos juros, viu seus depósitos diminuírem, com os correntistas resgatando grandes somas, principalmente após a instituição ter sua nota de crédito rebaixada.


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Vale investir nos EUA? Iminência de calote
Outro ponto de inflexão recente por lá diz respeito a uma iminência de calote por parte do governo.
Para a secretária do Tesouro, Janet Yellen, o calote da dívida do país é algo “inimaginável”, mesmo com as disputas partidárias que impedem a discussão sobre o aumento do teto da dívida.
Falando a líderes econômicos em evento do G7, que reúne as sete maiores economias do planeta, destacou que os EUA poderão ficar sem dinheiro para honrar os compromissos no início de junho.
“Um calote nas obrigações dos EUA produziria uma catástrofe econômica e financeira” e “arriscaria minar a liderança econômica global dos EUA”, disse ela, que pediu novamente para que o Congresso atue “rapidamente” para aumentar ou suspender o limite da dívida.
Ainda assim, ela negou que os EUA irão declarar calote, afirmando que Biden e os líderes do Congresso “reconhecem que a inadimplência é francamente impensável”.
“Não há boa alternativa que nos salve da catástrofe” além de aumentar o teto da dívida, disse ela. “Estou muito esperançosa de que as diferenças possam ser superadas.”
Na prática, o que ela está dizendo é que o Congresso implementará a melhor solução para o quadro econômico do país, ainda que seja no último minuto, como é de costume no meio político.
Vale investir nos EUA: onde encontrar oportunidades, neste cenário?
As oportunidades continuam existindo. A diferença é que nos momentos de calmaria as carteiras de investimentos contendo ativos norte-americanos permaneciam sem rebalanceamento por mais tempo, diferentemente do Brasil, onde o investidor precisa corrigir a rota periodicamente.
Agora, como disse Samaia, há a necessidade de se buscar ativos de retorno imediato, cuja exposição ao risco é maior, mas isso em equilíbrio com a busca por ativos de proteção. Essa “dobradinha”, conforme elencado pelo especialista, se dá por meio de renda fixa e variável.
Ou seja, quem está posicionado exclusivamente em bolsa deve desacelerar e encontrar títulos públicos (Bonds), ou similares, para ter alguma garantia a médio e longo prazo.
- Veja também: Saiba como dolarizar sua carteira de investimentos
Já aqueles que querem proventos devem analisar empresas que trabalham com alguma faixa de juro, pois as companhias que não estão acompanhando a elevação das taxas poderão não sobreviver.
O perfil deste tipo de companhia costuma ser dominante, com modelo forte de negócio e com um olhar no futuro. Elas devem ter, ainda, caixa saudável e, principalmente, sem necessidade de alavancagem.
Este último item, inclusive, foi o movimento que acendeu a luz vermelha do mercado financeiro para o Silicon Valley Bank, pois, a princípio, era considerado robusto, mas quando seus gestores deram publicidade à necessidade de captação de recursos, a “sirene” tocou e os investidores reagiram imediatamente. A empresa não sobreviveu a mais 30 dias e o governo precisou socorrer.
Vale investir nos EUA: saiba como
Para Samaia, a alocação internacional é uma questão estrutural, ou seja, mais cedo ou mais tarde todo investidor que se preze terá uma “cestinha com ovos” lá fora.
Qualquer pessoa pode investir no exterior, mesmo estando no Brasil, por meio de Brazilian Depositary Receipts (BDRs), que são certificados de depósito de valores mobiliários emitidos no Brasil que representam valores mobiliários de emissão de companhias abertas com sede no exterior.
Para aqueles que desejam dolarizar o patrimônio, a EQI conta com corretoras parceiras que são estrelas de primeira grandeza, como a gestora Avenue e o BTG.
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