A Raízen (RAIZ4) reportou um prejuízo líquido de R$ 2,51 bilhões no quarto trimestre da safra 2024/25 (período de janeiro a março de 2025), resultado significativamente maior que o prejuízo de R$ 878,6 milhões registrado no mesmo período do ano anterior.
No acumulado de doze meses, a situação se agravou, com prejuízo líquido de R$ 4,18 bilhões contra um lucro de R$ 614,2 milhões no ciclo anterior.
A receita líquida da RAIZ4 apresentou crescimento de 7,5% no trimestre, alcançando R$ 57,7 bilhões. No entanto, o lucro bruto caiu quase pela metade (-49,8%), ficando em R$ 1,9 bilhão. O EBITDA ajustado também recuou 53,3%, para R$ 1,72 bilhão, refletindo as pressões nos resultados operacionais.

Raízen (RAIZ4): distribuição de combustíveis tem desempenho negativo
Os segmentos de Distribuição de Combustíveis apresentaram desempenho negativo tanto no Brasil (-38,8% no EBITDA) quanto na Argentina (-0,5%). O segmento de Energia e Biocombustíveis (EAB) foi o que mais sofreu, com queda de 77,4% no EBITDA trimestral.
A situação financeira da empresa mostra preocupação, com a dívida líquida saltando 78,9% no ano, para R$ 34,26 bilhões. O indicador dívida líquida/EBITDA ajustado praticamente triplicou, passando de 1,3x para 3,2x, enquanto o prazo médio do endividamento aumentou em dois anos, chegando a 8,9 anos.
Os investimentos totais da Raízen somaram R$ 4,51 bilhões no trimestre, representando uma redução de 12% em relação ao mesmo período de 2024. No acumulado anual, os capex atingiram R$ 11,91 bilhões, 6% abaixo do ano anterior.
Plano operacional
A Raízen anunciou seu Plano Operacional e de Investimentos para o ano-safra 2025/26, que teve início em 1º de abril de 2025 e se estenderá até 31 de março de 2026. O plano contempla estratégias para ganhos de eficiência, otimização de operações e investimentos em seus principais segmentos, com o objetivo de melhorar rentabilidade e reduzir riscos.
No segmento de Etanol, Açúcar e Bioenergia (EAB), a companhia prevê moagem entre 72 e 75 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, já desconsiderando 2,5 milhões de toneladas provenientes de ativos desinvestidos. O mix de produção deve favorecer o açúcar, com participação estimada entre 52% e 54%, aproveitando melhores condições de mercado. A Raízen também busca reduzir a volatilidade nos resultados por meio de uma estratégia integrada na cadeia do etanol e açúcar.
Na Distribuição de Combustíveis no Brasil, a empresa projeta crescimento de 2% a 3% no volume em relação à safra anterior, reforçando a presença da rede Shell e priorizando eficiência logística. Na Argentina, a expectativa é manter o ritmo de expansão da rede, com margens estáveis em dólar.
Os investimentos totais para o período somam R$ 6,5 bilhões, sendo R$ 5,3 bilhões em manutenção e R$ 1,2 bilhão em projetos de expansão. Entre as prioridades estão a conclusão das plantas de etanol de segunda geração (E2G) Vale do Rosário e Gasa, além de melhorias na refinaria de Buenos Aires e em projetos de geração distribuída solar.
A companhia também espera obter ganhos de eficiência corporativa e operacional da ordem de R$ 500 milhões no ano, impactando positivamente o EBITDA.