O início de 2023 tem sido bastante movimentado na bolsa de valores. O fator político contribui para a oscilação do mercado, mas as notícias corporativas, certamente, causaram um alvoroço entre os investidores.
Em apenas 40 dias, saíram os seguintes fatos:
- rombo de R$ 20 bilhões na Americanas (AMER3) e o seu pedido de recuperação judicial (RJ);
- a justiça decretou o fim da RJ da Oi (OIBR3; OIBR4), mas a empresa entra com medida cautelar proteger ativos e manter a operação até a aprovação de uma segunda recuperação judicial;
- a Light (LIGT3) negou a iminência da companhia pedir recuperação judicial.
O que estes três fatos têm em comum? Eles geram um ambiente de incertezas nessas empresas. A volatilidade pode ser entendida como a incerteza com relação ao futuro.
Como nestes casos, a única certeza é que ninguém sabe quais são os rumos das companhias, os papéis possuem uma variação de preço absurda. Por isso, para muitos, especular durante essas épocas pode ser a oportunidade para gerar um lucro absurdo.
Por exemplo, após a revelação do rombo de R$ 20 bilhões após “inconsistências contábeis”, as ações da Americanas chegaram a ter uma valorização de 194,36% em 11 dias.
Luís Moran, head da EQI Research, esclarece que as oscilações das ações das empresas que estão em processo de recuperação judicial são comuns porque, em via de regra, os papéis já estão com preço muito baixo e negociações em grande volume desses papéis tendem a mexer bastante com o valor dos ativos.
“Ações negociadas a valores unitários baixos têm, necessariamente, variações percentuais maiores, é a matemática. E como as notícias nos primeiros momentos após o pedido de recuperação aparecem rapidamente, as variações também são rápidas”, ressalta.
Mas será que entrar nestas operações é realmente uma oportunidade, ou é loucura?
Antes de debater se vale a pena especular com Oi, Americanas e Light, entenda o contexto de cada uma delas.
O que acontece com a Light?
Para o site Inteligência Financeira, Moran comentou que a Light está buscando alternativas para solucionar os problemas financeiros, mas que “as incertezas claramente são maiores” para as ações da empresa do que as apresentadas pela média das companhias que operam na bolsa.
“Para investir em empresas com este padrão de risco, o investidor deve ter condições de avaliar corretamente as condições operacionais atuais da companhia, as condições para acesso continuado a financiamento no futuro e os efeitos produzidos pelos ajustes na estrutura de capital”, declarou Moran.
Dessa forma, investir em empresas como a Light, em que há risco de entrar em recuperação judicial, têm um clima de incerteza que “não é algo que normalmente os investidores individuais possam fazer com recursos e tempo limitados”, alerta.
Moran alerta que a volatilidade das ações da Light deve crescer diante do aumento das incertezas e do risco, ainda que não esteja claro se a companhia irá recorrer à recuperação judicial.
“A Light tem um problema de renovação de concessão em 2026, o que traz incertezas para o financiamento de suas operações”, acrescenta.
O head da EQI Research difere as situações da Light e da Americanas. Enquanto a primeira tem apenas rumores de uma possível recuperação judicial, a segunda viu uma deterioração muito acentuada após o anúncio da inconsistência contábil.
A volatilidade das ações da Americanas
Antes de tudo, faça uma leitura dos dois gráficos de velas, com intervalos de um hora, sobre o desempenho da Americanas em 2023:
O primeiro gráfico mostra uma Americanas antes da crise, a empresa até então era reconhecida como uma das melhores opções de investimentos entre as empresas varejistas. A companhia vinha em trajetória altista do final de 2022 para o início de 2023.
Já o segundo gráfico mostra que as ações da Americanas estão com um comportamento bem volátil. É possível observar, literalmente, uma onda de altas e baixas. A oportunidade seria entrar nos fundos e pegar um forte impulso de alta.
Mas a grande questão é acertar os pontos de fundo.
Moran explica que as oscilações mais fortes aparecem à medida que os fatos sobre a Americanas surgem, como denúncias e ações na Justiça de credores e acionistas minoritários. Diante disso, os investidores se posicionam, ainda que o processo de recuperação judicial ainda não tenha evoluído.
Portanto, este posicionamento é uma tentativa do mercado tentar se antecipar com a série de notícias sobre a Americanas.
“Isso posto, as oscilações de ações em recuperação judicial são comuns, mas o processo de RJ é lento. É importante ter isso em mente”, diz Moran.
Afinal, especular com empresas voláteis é oportunidade ou lucro?
Certo dia, o maior investidor do mundo, Warren Buffet, proferiu a seguinte frase: “Como investidor, você precisa adorar a volatilidade. Você tem de amar as oscilações selvagens, porque elas significam que mais coisas ficarão mal precificadas.”
Larissa Quaresma, analista da Empiricus, escreveu, em sua coluna, que a volatilidade é fruto da irracionalidade do mercado provocada por momentos de euforia, depressão ou até mesmo de forma aleatória.
Afinal de contas, será que vale a pena tentar se aventurar em mares movimentados como estes?
Na avaliação de Moran, este risco não vale a pena ser tomado. Para o head da EQI Research, a pessoa física não tem condições para avaliar se vale a pena entrar em uma operação tão arriscada como essa. “O ideal é o investidor montar uma carteira diversificada para proteger o seu patrimônio da volatilidade”, recomenda.
Ainda vale destacar o perfil de investidor que cada pessoa tem. Para os perfis mais conservadores, definitivamente, investir em uma empresa em que a única certeza é que não sabemos nada é uma furada. Para os moderados, também não adianta.
- Ao invés de especular com Oi, Americanas e Light, proteja seu patrimônio. Preencha este formulário para um assessor da EQI Investimentos entrar em contato.
