Apesar da volatilidade global e dos crescentes riscos geopolíticos, que resultaram em um aumento de 4% nos preços do petróleo e uma desvalorização de 2% do Real, o BTG Pactual ($BPAC11) destaca que a Petrobras ($PETR4) tem mantido a estabilidade de suas ações e apresenta um bom potencial de crescimento.
Conforme relatório do banco de investimentos, publicado nesta quinta-feira (25), a Petrobras, como produtora de petróleo com cerca de 50% de seus custos em moeda local, viu suas ações subirem marginalmente (+0,5% em termos de dólares) em janeiro.
“A força das ações reflete mais do que apenas isso, mas também a confiança crescente de que a empresa será capaz de proporcionar retornos elevados em 2024 por meio de dividendos e recompras volumosas”, afirma o BTG.
Os analistas do BTG Research mantêm uma visão positiva em relação à Petrobras e acreditam que a ação continua a oferecer uma combinação atraente de múltiplos baratos e potencial de reavaliação.
O BTG Pactual reitera a recomendação de compra da Petrobras, prevendo um retorno de 51% para os acionistas nos próximos 12 meses para as ações preferenciais (PETR4) e 47% para as ordinárias ($PETR3).
O preço-alvo da equipe de research aumentou US$ 3 para US$ 19/ADR e R$ 8 para R$ 47/ação.
Petrobras: os principais riscos estão desaparecendo
O banco de investimentos ressalta que, desde a atualização das ações para compra em agosto, a Petrobras tem demonstrado resiliência e capacidade de adaptação.
“Subestimamos os mecanismos de defesa oferecidos pelo estatuto da Petrobras e pela lei das estatais, e os riscos para o balanço da empresa e seu potencial de geração de caixa no curto prazo foram significativamente menores”, explica o relatório.
Além disso, a empresa criou uma reserva de capital para potencial retenção de lucros, revisou seu estatuto social e lançou um novo plano estratégico de cinco anos. Este plano aumentou o investimento esperado e criou um “bolsão” para fusões e aquisições.
O BTG destaca que a Petrobras manteve sua política de aumentar os preços dos combustíveis quando necessário, pagou dividendos conforme sua política e já recomprou cerca de 66% das ações estipuladas em seu programa de recompra. Até o momento, a empresa não fez quaisquer investimentos inorgânicos.
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Pragmatismo e pagamentos elevados
A equipe do BTG Pactual concorda com um cliente que argumentou que “o governo não tem um problema de inflação e, embora o crescimento do PIB não seja notável, não tem sido uma surpresa negativa. O verdadeiro problema do governo é o seu orçamento fiscal”.
Os analistas acreditam que o pragmatismo prevalecerá, permitindo que a Petrobras gere resultados sólidos e pague dividendos substanciais, um “vento favorável” importante para as necessidades do governo.
Os preços do diesel da Petrobras ficaram, em média, em linha com a paridade de importação em 2023, enquanto a gasolina ficou 14% abaixo.
“Esta tendência continuará, em nossa opinião, suportando dividendos de US$ 3,6 bilhões e US$ 12,2 bilhões para o 4T23 e 2024, respectivamente, com base na política de remuneração aos acionistas da estatal (45% do fluxo de caixa menos capex), ou um rendimento de dividendos de 16% nos próximos cinco resultados trimestrais”, escreve o BTG.
Dividendos “extraordinários” e o dilema das fusões e aquisições
Estima-se que a Petrobras possa pagar US$ 7,1 bilhões em dividendos extraordinários com base nos resultados do ano fiscal de 2023, e um adicional de US$ 4,3 bilhões com base no ano fiscal de 2024. Isso totalizaria US$ 11,4 bilhões em pagamentos extraordinários nos próximos cinco resultados trimestrais, resultando em um dividend yield de 11%.
Quando combinado com a distribuição orgânica mencionada anteriormente de US$ 15,8 bilhões, a distribuição total poderia alcançar 27,2 bilhões de dólares, gerando um impressionante dividend yield de 27%.
Embora não seja evidente que a Petrobras distribuirá todo o potencial, o relatório sugere que não seria surpreendente se a empresa adquirisse novos ativos, inclusive em segmentos além do upstream de petróleo e gás.
A equipe do BTG Pactual mantém a confiança de que há espaço suficiente para acomodar uma remuneração aos acionistas que exceda a política de distribuição da Petrobras.
Novas estimativas
O BTG atualizou suas estimativas para a Petrobras, adotando uma postura mais cautelosa em relação aos preços do petróleo no curto prazo (US$ 75/bbl vs US$ 80 anterior), bem como novas curvas de capex e de produção de petróleo.
O EBITDA foi reduzido em 5% para 2024, à medida que os preços mais baixos do petróleo mais do que compensaram o aumento da produção (agora em 2.265 kb/d, +5% acima do anterior e ligeiramente acima da projeção de 2.200 kb/d).
Apesar disso, de acordo com o relatório, a Petrobras ainda deve gerar um sólido fluxo de caixa em 2024. Espera-se que os investimentos totais atinjam US$ 16,7 bilhões, 10% abaixo da projeção oficial da empresa e 8% menor do que a estimativa anterior do BTG Pactual.