As empresas brasileiras enfrentaram um declínio significativo na distribuição de dividendos em 2024, registrando uma redução de 9% em relação ao ano anterior, com exceção da Petrobras ($PETR3; $PETR4) no ranking. Esse resultado foi particularmente influenciado pela queda acentuada de 28,7% no pagamento de proventos no último trimestre do ano, segundo o índice global de dividendos da Janus Henderson.
O montante total desembolsado pelas companhias brasileiras aos seus acionistas somou US$ 22,4 bilhões, refletindo um cenário desafiador para os investidores locais, segundo informações do Valor.
A desaceleração na distribuição de dividendos está relacionada a diversos fatores econômicos, incluindo oscilações no mercado global de commodities, políticas monetárias restritivas e volatilidade cambial. Empresas de setores cíclicos, como mineração e energia, sentiram um impacto significativo, levando a cortes expressivos em seus pagamentos aos acionistas. Apesar disso, algumas companhias conseguiram manter posições de destaque, consolidando sua relevância no mercado global de dividendos.
Petrobras lidera entre empresas nacionais
A Petrobras se destacou ao responder por quase metade do valor total de dividendos distribuídos no Brasil. A estatal desembolsou US$ 10,83 bilhões a seus acionistas, garantindo a 14ª posição no ranking global das maiores pagadoras de dividendos.
Esse desempenho coloca a Petrobras como a única empresa brasileira presente entre as 20 primeiras do ranking, demonstrando sua força no setor de petróleo e sua capacidade de gerar retornos consistentes aos investidores.
A distribuição robusta de dividendos pela Petrobras ocorre em um momento de desafios para o setor petrolífero, impactado por variações no preço do barril de petróleo e por mudanças nas políticas governamentais.
Mesmo diante desse cenário, a estatal conseguiu manter uma estratégia de remuneração atrativa aos acionistas, consolidando-se como uma das empresas mais lucrativas do país. A Vale ($VALE3), segunda brasileira melhor posicionada no ranking, distribuiu US$ 4,16 bilhões, mas foi afetada pela queda na demanda global por minério de ferro.
Crescimento global e destaque de setores específicos
O volume total de dividendos distribuídos mundialmente atingiu um recorde de US$ 1,75 trilhão em 2024, representando um crescimento de 6% em relação ao ano anterior.
Esse aumento foi impulsionado pelo fortalecimento do dólar e pela valorização das grandes empresas de tecnologia, como Meta (META; $M1TA34), Alphabet (GOOGL, $GOGL34) e Alibaba (BABA; $BABA34), que passaram a remunerar seus acionistas pela primeira vez. O crescimento no setor de tecnologia representou um marco para o mercado de dividendos, sinalizando uma mudança na estratégia dessas companhias.
O setor financeiro também teve um papel de destaque, com bancos e instituições financeiras elevando a distribuição de dividendos em 12,5%. A alta reflete a solidez das instituições bancárias em um período de juros elevados e políticas monetárias restritivas.
Outros setores que registraram crescimento significativo incluem telecomunicações, construção civil, bens de consumo duráveis e lazer, todos com incrementos de dois dígitos em seus dividendos.
Desempenho em outras regiões
Enquanto os EUA, Europa e Japão tiveram forte crescimento na distribuição de dividendos, a América Latina apresentou um cenário misto. No México, os dividendos aumentaram 4,3%, impulsionados pelos pagamentos de grandes empresas como Femsa e Grupo México. No entanto, outros mercados da região sofreram redução, como a Colômbia, onde a queda foi atribuída à redução nos proventos da Ecopetrol.
No Chile, a distribuição de dividendos caiu 28,7%, principalmente devido às medidas de corte adotadas pelo conglomerado industrial Empresas Copec. Esses resultados evidenciam a diferença no desempenho das economias emergentes, com algumas regiões mantendo crescimento enquanto outras enfrentam desafios para sustentar a remuneração dos investidores.
Expectativas para 2025
Para este ano, a Janus Henderson projeta um crescimento global de 5% na distribuição de dividendos, elevando o total para um recorde de US$ 1,83 trilhão. Apesar das incertezas econômicas e geopolíticas, os analistas apontam para uma tendência de resiliência nos pagamentos aos acionistas. A previsão é de que os lucros das empresas cresçam cerca de 10%, impulsionando a continuidade da remuneração atrativa para investidores.
A estabilidade dos dividendos ao longo dos ciclos econômicos é um fator chave que atrai investidores de longo prazo. Mesmo em cenários adversos, as empresas tendem a manter um fluxo de distribuição consistente, garantindo previsibilidade de rendimentos para os acionistas. A Petrobras, por exemplo, deve continuar desempenhando um papel relevante nesse contexto, fortalecendo sua posição no mercado global de dividendos.
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