O mercado de ações não se baseia apenas na valorização dos ativos das empresas. Claro que esse aspecto é essencial ao investir em um ativo. No entanto, muitos investidores optam por alocar seus recursos na renda variável com o objetivo de receber dividendos de forma regular.
Não é surpresa para ninguém que existem inúmeros conteúdos disponíveis na internet que oferecem dicas sobre como construir uma carteira de investimentos focada exclusivamente em receber dividendos mensais, só com ações pagadoras de dividendos.
Contudo, o cenário de juros altos apresenta desafios para o crescimento das empresas devido ao custo elevado do crédito. Assim, as empresas que se destacam são aquelas dos setores mais estáveis da economia, como commodities, energia elétrica e bancos.
Com base nessa perspectiva, o portal EuQueroInvestir fez um levantamento para identificar as 10 melhores ações para receber dividendos.
O que são dividendos?
Antes de apresentar quais são as melhores ações para receber dividendos, é necessário definir o termo.
Em essência, os dividendos são uma parcela dos lucros distribuída pelas empresas aos seus acionistas como forma de remunerar o investimento realizado na companhia.
Essa distribuição ocorre principalmente em empresas de capital aberto, cujas ações são negociadas na bolsa de valores.
Os dividendos representam uma maneira de recompensar os acionistas pelo sucesso financeiro da empresa, permitindo o compartilhamento dos resultados positivos obtidos. Eles são pagos proporcionalmente ao número de ações que cada acionista possui, ou seja, quanto mais ações alguém detém, maior será a sua participação nos dividendos.
Essa remuneração pode ocorrer de forma periódica, geralmente a cada trimestre ou semestre, ou de forma extraordinária, quando a empresa alcança um resultado financeiro excepcional.
A decisão de distribuir dividendos é tomada pela assembleia geral de acionistas, levando em consideração diversos fatores, como o desempenho financeiro da empresa, suas políticas de distribuição de lucros e suas necessidades de investimento.
É importante destacar que nem todas as empresas distribuem dividendos. Algumas optam por reinvestir os lucros na própria companhia, visando o crescimento e a expansão do negócio. Nessas situações, os acionistas podem obter retorno por meio da valorização das ações no mercado.
Receber dividendos é uma forma de obter renda passiva como acionista, permitindo que os investidores desfrutem dos resultados financeiros das empresas nas quais investiram. Essa remuneração pode ser uma fonte de renda adicional ou até mesmo uma estratégia para construir patrimônio ao longo do tempo.
É fundamental ressaltar que a distribuição de dividendos está sujeita a uma série de regulamentações e legislações específicas de cada país. Além disso, a quantidade e o valor dos dividendos podem variar de acordo com o desempenho da empresa e as condições de mercado.
Por esse motivo, é essencial que os investidores estejam atentos aos aspectos financeiros e estratégicos das empresas nas quais investem, a fim de tomar decisões informadas sobre seus investimentos.
Como descobrir as melhores ações pagadoras de dividendos?

Não basta escolher uma empresa aleatoriamente para descobrir se são uma ações pagadoras de dividendos, é necessário usar uma metodologia racional para selecionar as companhias adequadas.
Focar apenas no Dividend Yield (DY) não é suficiente para saber se a empresa enfrenta problemas de geração de caixa e receitas.
Aqui estão as principais métricas para avaliar se uma empresa é uma boa pagadora de dividendos:
- Dividend Yield (DY): essa métrica indica a proporção dos dividendos pagos em relação ao preço atual das ações. A fórmula para calcular está na imagem abaixo.
- Dividend on Cost ou Yield on Cost: esse indicador considera os proventos recebidos divididos pelo preço médio pago pelas ações.
- Payout: é a porcentagem do lucro líquido distribuída entre os acionistas em determinado período. Por exemplo, uma empresa com payout de 67% reteve um terço do lucro para reinvestimento interno e distribuiu o restante.
- Lucro por ação: divide o lucro líquido pelo total de ações da empresa. Um histórico permite identificar se a geração de valor para o acionista aumenta ao longo do tempo. Se o LPA cresce, há mais recursos para distribuição de proventos.
- Receita e geração de caixa: Empresas que são boas pagadoras de dividendos também possuem alta geração de receita e caixa.
No entanto, não avalie uma empresa apenas pela sua política de distribuição de dividendos, pois isso não deve ser o único indicador para determinar se ela é boa ou ruim. É importante entender que o pagamento de dividendos indica que a empresa está obtendo bons resultados.
Vale ressaltar que nenhuma métrica deve ser usada isoladamente para tomar decisões de investimento. É necessário analisar outros indicadores fundamentais relevantes, assim como o contexto do setor em que a empresa atua e a conjuntura econômica atual.
- Confira também: Dividendo, esse incompreendido – confira coluna de Luís Moran
Especialista alerta sobre os perigos de focar em dividendos

Luís Moran, head da EQI Research, destaca a importância de os investidores não se basearem apenas no passado a escolha das melhores ações, mas estarem atentos ao futuro.
Ele explica que olhar somente para o desempenho passado das empresas não é um indicador confiável. Moran ressalta a necessidade de fazer investimentos com uma perspectiva voltada para o futuro.
“Quem se baseia apenas em planilhas de dividendos e tenta comprar antes os ativos geralmente perde tempo e energia. Isso porque os preços das ações se ajustam para esses eventos previsíveis. E os eventos imprevisíveis são… bom, imprevisíveis”, alerta.
O especialista argumenta que, em 2023, considerar exclusivamente os dividendos para identificar boas ações será menos eficaz ainda, devido a um fator adicional: a possível taxação dos dividendos de ações no Brasil. Ele alerta os investidores sobre a expectativa de mudança no contexto da reforma tributária e enfatiza que esse assunto deve estar em seu radar.
“Se a reforma tributária mudar impostos para dividendos e JCP, tudo vai mudar: empresas pagarão menos, de forma menos frequente. E que supervaloriza os dividendos vai mudar de opinião”, diz.
“Devemos acompanhar de perto as discussões sobre esse tema, pois ele pode gerar bastante volatilidade no mercado, inclusive impactando os preços das ações pagadoras de dividendos“, reforça Moran.
O especialista observa que as empresas que tiveram os maiores pagamentos de dividendos em 2022 anteciparam-se ao cenário futuro, levando em consideração a possibilidade de taxação dos dividendos.
“Essa é a razão pela qual essas empresas distribuíram quantias muito acima do histórico no ano passado: elas se preveniram em relação a possíveis mudanças na legislação tributária. Aproveitaram ao máximo e praticamente esgotaram suas reservas“, analisa.
No entanto, Moran destaca a importância de os investidores agora adotarem uma postura de espera para ver o desenrolar dos acontecimentos. Ele ressalta a necessidade de cautela, pois, nesse caso, o desempenho passado não necessariamente se repetirá no futuro.
Quais foram os setores que mais pagaram dividendos em 2022?
Apesar da turbulência e volatilidade que marcaram o Ibovespa em 2022, o cenário dos dividendos foi totalmente oposto. No período de janeiro a setembro, as empresas brasileiras anunciaram um montante de R$ 301,2 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas. Essa cifra representa mais de 96% dos R$ 313,014 bilhões distribuídos ao longo de todo o ano de 2021.
Entre os setores que se destacaram no pagamento de dividendos em 2022, estão: Petróleo, Agronegócio, Energia Elétrica, Bancos, Mineração, Siderurgia e Indústria.
Confira abaixo a relação das principais empresas pagadoras de dividendos em 2022:
Quais as empresas que mais pagaram dividendos em 2023?
As ações que mais pagaram dividendos no primeiro trimestre foram as seguintes:
- BB Seguridade (BBSE3) – Dividend Yield 1T23: 5,75%
- Energias do Brasil (ENBR3) – Dividend Yield 1T23: 5,15%
- Bradesco (BBDC3) – Dividend Yield 1T23: 4,91%
- Bradesco (BBDC4) – Dividend Yield 1T23: 4,86%
- Taesa (TAEE11) – Dividend Yield 1T23: 3,83%
- Raízen (RAIZ4) – Dividend Yield 1T23: 3,13%
- Banco do Brasil (BBAS3) – Dividend Yield 1T23: 3,01%
- Telefônica (VIVT3) – Dividend Yield 1T23: 2,83%
- Vale (VALE3) – Dividend Yield 1T23: 2,28%
- Energisa (ENGI11) – Dividend Yield 1T23: 1,99%
Segundo um levantamento do TradeMap, algumas empresas devem distribuir dividendos com DY acima de 5% em 2023, incluindo Petrobras (PETR4; PETR3), Mahle Metal Leve (LEVE3), Banco do Brasil (BBAS3) e outras 17 companhias.
Essa seleção considerou critérios como volume financeiro médio diário superior a R$ 1 milhão por dia em 2022, histórico de distribuição de dividendos nos últimos cinco anos, lucro em 2021 e nos primeiros nove meses de 2022, lucro líquido nos primeiros nove meses de 2022 igual ou superior a 75% do lucro de 2021, e expectativa de acumular lucro em 2022 igual ou superior ao de 2021.
Setores como seguradoras e bancos tendem a se beneficiar com a expectativa de manutenção de juros altos, o que pode impulsionar o pagamento de dividendos. Empresas do setor de energia elétrica também são conhecidas por serem boas pagadoras de dividendos, devido à sua receita previsível e baixa necessidade de investimento.
Além das mencionadas anteriormente, outras empresas como Alupar (ALUP11), Auren Energia, Engie Brasil (EGIE3), Eletrobras (ELET6), Telefônica Brasil (VIVT3), Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) são indicadas como potenciais pagadoras de bons dividendos em 2023.
Destaca-se que a BB Seguridade (BBSE3) é a mais citada pelos analistas, com um dividend yield projetado entre 8,5% e 9,5% em 2023. A Taesa (TAEE11) também tem se destacado como uma das maiores pagadoras de dividendos da bolsa nos últimos anos, assim como a Unipar (UNIP6) e a Enauta (ENAT3).
Entretanto, é importante frisar que a consistência na distribuição de dividendos só será garantida caso as empresas mantenham a política de dividendos nos próximos 12 meses e que o lucro anualizado seja igual ou superior ao que tiveram de janeiro de 2022 a janeiro de 2023.
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