A Marfrig (MRFG3) informou que, a partir de 23 de setembro, suas ações passarão a ser negociadas na B3 sob o novo ticker MBRF3, em decorrência da incorporação das ações da BRF (BRFS3). A operação marca o fim da negociação dos papéis da BRF, cujo último pregão será no dia 22 de setembro.
De acordo com fato relevante conjunto divulgado pelas companhias, os acionistas da BRF que possuírem ações até a data de fechamento receberão 0,8521 ação ordinária da Marfrig para cada papel da BRF. Frações resultantes da conversão serão agrupadas e posteriormente leiloadas, com o valor líquido repassado proporcionalmente aos investidores.
O comunicado também detalha que, em paralelo à operação, as companhias aprovaram a distribuição de R$ 3,32 bilhões pela BRF, sendo R$ 2,92 bilhões em dividendos e R$ 400 milhões em juros sobre capital próprio, e R$ 2,34 bilhões pela Marfrig, integralmente em dividendos. Os pagamentos ocorrerão em 29 e 30 de setembro, respectivamente, para acionistas com posição em 18 de setembro.
As empresas ressaltaram que seguirão informando o mercado sobre os trâmites finais da incorporação.
Marfrig e BRF: fusão consolida gigante do setor de proteínas
A aprovação da incorporação da BRF pela Marfrig pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) foi confirmada na última sexta-feira (5), sem qualquer tipo de restrição. A decisão, tomada pelo Tribunal da autarquia, ratifica o parecer favorável da Superintendência-Geral, que já havia concluído não haver riscos significativos à concorrência com a operação.
Protocolada em maio, a operação prevê que a Marfrig passe a controlar integralmente todas as ações da BRF que ainda não estavam em seu poder, dando origem a um dos maiores conglomerados de proteínas do Brasil. A empresa resultante integrará atividades em carnes bovina, suína e de frango, além de processados, margarinas, massas, alimentos para pets e produtos prontos para consumo, com atuação tanto no mercado doméstico quanto internacional.
O negócio chegou a ser questionado pela Minerva (BEEF3), que levantou preocupações sobre a participação da Saudi Agricultural and Livestock Investment Company (SALIC), acionista relevante da Marfrig e com participação também na Minerva. A empresa argumentou que haveria risco de alinhamento de interesses e possível compartilhamento de informações estratégicas entre concorrentes.
O Cade, porém, rejeitou os argumentos, esclarecendo que a presença da SALIC não estava diretamente em avaliação no processo e que os mecanismos de governança existentes já impedem a troca de informações sensíveis. Com isso, a decisão unânime liberou o caminho para a formação de um novo líder no setor de proteínas.