O Wall Street Journal revelou que Trump busca participações acionárias em empresas de computação quântica, como parte de um novo pacote de incentivos federais para o setor.
De acordo com a publicação, o governo está em conversas com companhias como IonQ, Rigetti Computing e D-Wave Quantum, entre outras. Em troca de financiamento federal mínimo de US$ 10 milhões, as empresas ofereceriam fatias acionárias ao Departamento de Comércio dos EUA.
A notícia provocou reação imediata nos mercados: as ações da IonQ subiram 6%, as da D-Wave 16%, e as da Rigetti 8%. O movimento reforça o interesse de Washington em ampliar o controle estratégico sobre setores considerados essenciais para a segurança nacional, em especial aqueles relacionados à corrida tecnológica com a China.
Uma nova fase de intervenção estatal
A política marca uma guinada significativa na relação entre governo e empresas privadas nos Estados Unidos. O WSJ aponta que o crescimento do intervencionismo econômico durante o segundo mandato de Donald Trump não tem precedentes recentes fora de períodos de crise. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, reconheceu o risco desse modelo: “Temos que ter muito cuidado para não exagerar”, afirmou à CNBC.
O governo já havia tomado medidas semelhantes em outros setores estratégicos. O Departamento de Defesa investiu US$ 400 milhões na MP Materials, empresa de terras raras, garantindo 15% de participação.
Em seguida, Washington adquiriu cerca de 10% da Intel, a única companhia americana com capacidade de fabricar processadores avançados de IA em território nacional. As negociações no campo da computação quântica seguem essa mesma linha de ação.
Computação quântica: a próxima fronteira tecnológica
A computação quântica é considerada a nova fronteira da inovação global. Ela utiliza os princípios da mecânica quântica para realizar cálculos muito além do alcance dos supercomputadores atuais.
Especialistas afirmam que a tecnologia pode revolucionar setores como medicina, finanças e defesa, além de gerar avanços em segurança cibernética e inteligência artificial.
Para Washington, garantir uma posição dominante nessa área é essencial. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, defendeu que o governo se beneficie do sucesso das empresas que crescem com apoio público. Já Trump reforçou que a política busca proteger os interesses estratégicos dos EUA frente à China, que tem investido pesado em tecnologias emergentes.
Competição global e segurança nacional
As participações estatais em empresas de alta tecnologia também refletem preocupações de segurança nacional. Após a China restringir exportações de elementos de terras raras, vitais para a indústria tecnológica, os Estados Unidos intensificaram a busca por autossuficiência industrial. A ampliação dos investimentos em semicondutores e computação quântica faz parte dessa mesma estratégia.
Analistas destacam que o domínio dessas tecnologias pode definir o equilíbrio geopolítico das próximas décadas.
A capacidade de processar informações em escala quântica pode tanto impulsionar o desenvolvimento econômico quanto alterar profundamente os sistemas de defesa e espionagem. Nesse contexto, Trump busca participações acionárias em empresas não apenas como uma política econômica, mas como um passo estratégico na nova corrida tecnológica global.
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