A possibilidade de um IPO da Vale Base Metals (VBM), subsidiária da Vale (VALE3) voltou ao centro das discussões do mercado após o Vale Day realizado em Londres, embora a própria companhia tenha reforçado que a abertura de capital não é, neste momento, um objetivo definido. Em entrevista coletiva após o evento, o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou que o IPO da Vale Base Metals pode ser um caminho, mas não é um objetivo final, destacando que o foco atual está na aceleração da produção dos ativos já existentes.
Segundo Pimenta, a mineradora não precisa decidir agora qual será a estratégia para levantar recursos na VBM.
“O potencial da Vale está hoje em trazer ativos para produção”, disse. Essa estratégia busca reforçar o posicionamento da companhia em metais estratégicos como níquel e cobre, essenciais para a transição energética global.
O presidente da VBM, Shaun Usmar, reforçou a visão de que as decisões atuais buscam maximizar a flexibilidade da empresa. “Estamos abrindo caminhos para ter mais liberdade de escolha”, afirmou, sugerindo que a companhia quer manter alternativas abertas, seja via IPO, joint ventures ou outras estruturas societárias.
IPO da Vale Base Metals: empresa poderia valer US$ 25 bi
O Vale Day 2025, que ocorreu nesta terça-feira (2), já era aguardado por investidores pela possível definição sobre um eventual IPO de sua subsidiária internacional. Projeções de mercado indicam que a divisão pode valer cerca de US$ 25 bilhões, quase metade do valor total da Vale, avaliada em aproximadamente US$ 52 bilhões. Uma oferta pública poderia destravar valor relevante ao separar os negócios de metais básicos do núcleo de minério de ferro.
Para Ricardo Monegaglia, analista do Banco Safra, o debate sobre IPO ou carve-out deve ganhar força na próxima edição do evento. Em relatório divulgado na quinta-feira (27), ele destaca que as ações da Vale vêm em trajetória positiva, beneficiadas pelos preços elevados do minério de ferro e pela execução consistente da gestão.
Mas o sentimento dos investidores está dividido. Parte do mercado questiona a sustentabilidade dos preços do minério e avalia que boa parte das melhorias operacionais já está embutida na cotação de VALE3.
Negócios
A Vale Base Metals anunciou a assinatura de um acordo com a Glencore Canada para avaliar conjuntamente um novo projeto de desenvolvimento de cobre na Bacia de Sudbury, região mineradora estratégica no Canadá. O entendimento cria uma estrutura inicial para estudar sinergias operacionais entre os depósitos subterrâneos das duas companhias, cujas áreas são adjacentes.
Segundo a Vale, o projeto prevê o uso do shaft e da infraestrutura já existentes na mina Nickel Rim South, operada pela Glencore. A partir dessa colaboração inicial, a expectativa é que as empresas formem uma joint venture em participação igualitária para conduzir o empreendimento.
O plano de desenvolvimento inclui o aprofundamento do poço de mina existente e a abertura de novas galerias para acessar depósitos de cobre próximos. As estimativas preliminares indicam que o projeto tem potencial para produzir cerca de 880 mil toneladas de cobre ao longo de 21 anos, com investimento total projetado entre US$ 1,6 bilhão e US$ 2 bilhões.
A Bacia de Sudbury é conhecida por sua geologia polimetálica, o que significa que, além de cobre, o projeto deve gerar produção de níquel, cobalto, ouro, metais do grupo da platina (PGMs) e outros minerais críticos — todos considerados estratégicos para cadeias industriais ligadas à transição energética.
O cronograma prevê que os trabalhos de engenharia detalhada, licenciamento e consultas com as partes envolvidas ocorram em 2026. A decisão final de investimento está programada para o primeiro semestre de 2027, marco que definirá o avanço ou não da nova joint venture entre Vale Base Metals e Glencore.
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