As ações da Azul (AZUL4) e Gol (GOLL54) caem forte nesta terça-feira (5), recuando perto de 6% e 5%, respectivamente. Mas o que vem acontecendo com as duas companhias? Recentemente, a Azul fechou um acordo de US$ 650 milhões que prevê a emissão de novas ações, ao passo que a Gol recebeu novo rating da Moody’s e da Fitch.

No fim de julho, a AZUL4 anunciou a assinatura de um acordo de apoio firme, chamado de backstop commitment agreement, com parte de seus stakeholders, prevendo um potencial aporte de até US$ 650 milhões em uma futura emissão de ações. O compromisso envolve a subscrição por atuais investidores e credores da companhia.
O acordo foi comunicado por meio de fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), atendendo às exigências regulatórias brasileiras. No entanto, sua efetivação ainda depende da aprovação do tribunal norte-americano que conduz o processo de recuperação judicial da empresa sob o Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos, iniciado em maio deste ano.
Com relação à GOLL54, recebeu novas classificações de crédito das agências internacionais Moody’s e Fitch, refletindo os avanços na reestruturação financeira da companhia. A Moody’s atribuiu nota B3 com perspectiva estável, enquanto a Fitch concedeu rating CCC+ com perspectiva positiva.
Segundo comunicado da Gol, as avaliações representam o reconhecimento das agências e do mercado quanto à melhoria no perfil de crédito da empresa, após o processo de reestruturação conduzido em 2024 e 2025.
Apesar disso, os números operacionais de maio ainda mostram desafios significativos. A companhia aérea reportou prejuízo líquido de R$ 1,42 bilhão no mês. O Ebitda também veio negativo, em R$ 650 milhões, com margem de -42%, conforme divulgado em fato relevante ao mercado.
Ao fim de maio, a empresa registrava caixa total de R$ 1,87 bilhão. A dívida líquida somava R$ 30,7 bilhões, incluindo empréstimos, arrendamentos, financiamentos e recursos obtidos via financiamento DIP. A receita líquida mensal foi de R$ 1,54 bilhão.

O analista Felipe Paletta, da EQI Research, explicou que o mercado está bastante volátil nos últimos dias e, falando sobre essas duas empresas, a Gol já vem em uma tendência de queda bastante acelerada, isso é reflexo do contexto de diluição, do plano de recuperação no pós-Chapter 11, que a empresa tem enfrentado.
“Para a Azul, o cenário é muito parecido, uma empresa alavancada e muito próximo de entrar em recuperação judicial. E os papéis, hoje foram negociados abaixo de R$ 1. Qualquer centavo já movimenta bastante em termos percentuais. Então, se a ação sai de R$ 0,66 para R$ 0,64, a gente já observa uma variação bastante representativa”, explicou Paletta.
Azul e Gol: tentativa de fusão
Ainda cogita-se uma possível fusão entre as duas companhias. Em janeiro, a Abra Group, principal acionista da Gol, assinou um Memorando de Entendimentos (MoU) não vinculante com a Azul. O objetivo é explorar uma possível combinação de negócios entre as companhias no Brasil.
Segundo comunicado divulgado ao mercado, o fechamento da operação está condicionado a uma série de etapas, incluindo a concordância entre Abra e Azul sobre os termos econômicos da transação, a conclusão satisfatória de due diligence, a assinatura dos acordos definitivos, além da aprovação por órgãos reguladores e acionistas. Também é necessário o cumprimento das condições habituais de fechamento, a conclusão do plano de reorganização da Gol no âmbito do Chapter 11 e o recebimento, pela Abra, da contraprestação correspondente.
A Azul esclareceu que, caso a fusão se concretize, as marcas manterão seus certificados operacionais de forma separada sob uma mesma entidade listada. A expectativa é de que outras áreas sejam integradas, gerando oportunidades adicionais para os clientes e ganhos de eficiência operacional.