As vendas no varejo subiram 1% em março, na comparação com o mês de fevereiro. O indicador está bem acima da expectativa do mercado, que esperava um avanço de 0,4%. Com este resultado, o comércio varejista cresce pelo terceiro mês consecutivo.
Ao comparar com março de 2021, o resultado foi ainda melhor, com um crescimento de 4%, enquanto que o consenso do mercado era de 2,1%. Com os resultados do terceiro mês do ano, o setor varejista fecha o 1º trimestre com um aumento de 1,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
As vendas no varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, subiu 0,7% em março, ante o recuo de 0,1% da expectativa do mercado.
Já em relação a comparação com o mês de março de 2021, o varejo ampliado cresceu 4,5%, bem acima da projeção do mercado, que era de 2,8%.
Vendas no varejo: Veja com mais detalhes os números
As vendas no varejo tiveram alta em seis das oito atividades estudadas. Segundo o IBGE, destaque para o desempenho dos equipamentos e material para escritório, informática e comunicação e para outros artigos de uso pessoal e doméstico, com altas de 13,9% e 3,4%, respectivamente.
O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, explica que o bom desempenho é consequência da boa contribuição das lojas de departamentos. “As grandes varejistas começaram a ensaiar uma retomada das lojas físicas, com expansão principalmente no Nordeste e Norte, mas em todo o país”.
No setor de material de escritório e informática, o movimento é de reposicionamento depois de alguns meses de queda. “Captou-se grandes promoções, já que o dólar não valorizou ante o real no período, pelo contrário. Com isso, artigos dessa natureza costumam ficar mais acessíveis”, relata Santos.
“Outros setores que apresentaram alta em março foram livros, jornais, revistas e papelaria (4,7%), combustíveis e lubrificantes (0,4%), móveis e eletrodomésticos (0,2%) e tecidos, vestuário e calçados (0,1%)”, informa o IBGE.
Em contrapartida, duas atividades apresentaram arrefecimento no volume de vendas: hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,2%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-5,9%).
IBGE explica o resultado nas vendas no varejo em março
Santos destaca que a terceira alta consecutiva é animadora, pois ela não acontecia desde os meses de maio a outubro de 2020. Este período foi marcado pela recuperação do comércio após a crise inicial gerada pela pandemia de covid-19, aponta o pesquisador.
“A trajetória vinha sendo claudicante, irregular. Esses três meses de alta significam um trimestre forte, embora os crescimentos ainda não sejam homogêneos entre todas as atividades”, explica.
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Outro destaque dos dados sobre as vendas no varejo foi que o mês de março de 2022 ficou 2,6% acima do patamar pré-pandemia, anterior a fevereiro de 2020. No caso do varejo ampliado, o indicador ficou um pouco menor, com 1,7%.
Todavia, Cristiano relata que a recuperação ainda não é difundida entre as atividades, já que seis setores estão abaixo do patamar pré-pandemia, e quatro, acima, considerando o comércio varejista ampliado.
O que o BTG Pactual (BPAC11) pensa sobre as vendas no varejo?
A equipe de Research do BTG Pactual (BPAC11) analisa que os resultados das vendas no varejo são um reflexo dos efeitos do pagamento do Auxílio Brasil e do aumento da mobilidade social, com a diminuição das medidas sanitárias pela melhora da pandemia.
Além deste dois fatores, ainda é preciso destacar os estímulos fiscais e a recuperação do mercado de trabalho. A melhora desses indicadores contribuem para uma melhora marginal no consumo.
Em relação aos dados de vendas no varejo ampliado, a alta se mostrou mais expressiva, beneficiada pela leitura positiva em material de construção.
Tá, mas e daí para o investidor?
Com os dados publicados, o BTG Pactual aponta que no curtíssimo prazo, há um espaço para a manutenção do crescimento do setor varejista devido aos estímulos governamentais, como a liberação do saque extraordinário do FGTS, por exemplo. Este fato provoca a melhora na margem do mercado de trabalho e do rendimento real.
Apesar disso, ainda é preciso ficar atento ao quadro inflacionário adverso, a taxa Selic em um patamar alto e contracionista, além do endividamento das famílias em um dos níveis da história. Os detratores citados podem refletir nos resultados das empresas varejistas no final do segundo e terceiro trimestre de 2022.