O volume de vendas no varejo cresceu 0,8% em janeiro em comparação, na série com ajuste sazonal, ao mês de dezembro, que havia caído 1,9%. Contudo, a média móvel trimestral continua com uma variação negativa, com 0,2%. Os dados foram divulgados, nesta quinta-feira (10), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em comparação ao mesmo período do ano passado, o comércio varejista em janeiro caiu 1,9%, sexta taxa negativa consecutiva. O indicador acumulado nos últimos doze meses registrou aumento de 1,3%, parecido ao acúmulo informado até dezembro (1,4%).
No varejo ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas caiu 0,3%. Enquanto que a média móvel foi de 0,2%.
O varejo ampliado recuou 1,5%, sexto resultado negativo consecutivo. O acumulado em doze meses registrou crescimento de 4,6%.
Cinco das oito atividades do varejo ficaram negativas em janeiro
De acordo com o IBGE, apesar do avanço nas vendas no varejo no primeiro mês de 2022, a maioria das atividades pesquisadas variaram negativamente: Tecidos, vestuário e calçados (-3,9%); Livros, jornais, revistas e papelaria (-2,0%); Móveis e eletrodomésticos (-0,6%); Combustíveis e lubrificantes (-0,4%); e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,1%).
Em contrapartida, os setores de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (0,3%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,8%), e outros artigos de uso pessoal e doméstico (9,4%) tiveram resultados positivos.
Além disso, as duas atividades adicionais Do varejo ampliado também registraram resultados negativos na passagem de dezembro para janeiro: veículos, motos, partes e peças caiu 1,9% e Material de Construção variou em -0,3%.
Vendas no varejo caem 1,9% em comparação ao ano passado
Em comparação a janeiro de 2021, o comércio varejista recuou 1,9%, em que cinco das oito atividades caíram: Móveis e eletrodomésticos (-11,4%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-7,1%), Combustíveis e lubrificantes (-6,7%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-6,0%), e Hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,0%).
Por outro lado, as atividades de Livros, jornais, revistas e papelaria (23,0%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (10,1%) e Tecidos, Vestuário e Calçados (2,6%) avançaram em vendas.
Ao considerar apenas o comércio varejista ampliado, Veículos, motos, partes e peças cresceu 2,8%, enquanto Material de Construção registrou queda de 7,8%.
Varejo tem resultados positivos na maioria dos estados
Segundo o IBGE, 15 estados registraram um resultado positivo nas vendas no varejo, com destaque para Rio de Janeiro (3,0%), Alagoas (2,8%) e Pernambuco (2,5%). Por outro lado, 11 estados apresentaram resultados negativos, com destaque para Amapá (-3,7%), Rio Grande do Norte (-1,8%) e Amazonas (-1,7%). Somente Minas Gerais contou com uma variação nula.
Em relação ao comércio varejista ampliado, a variação caiu 0,3%, com resultados positivos em 14 estados, destacando-se: Sergipe (6,1%), Bahia (4,1%) e Pernambuco (3,7%). Enquanto que 13 unidades federativas tiveram um recuou nas vendas, com destaque para Amazonas (-5,6%), Rio Grande do Norte (-3,2%) e Amapá (-3,1%).
Na comparação com janeiro do ano passado, 16 estados registraram queda nas vendas no varejo, com destaque para Amapá (-10,8%), Sergipe (-8,9%) e Distrito Federal (-7,8%). Os outros 11 estados alcançaram resultados positivos na comparação interanual, destacando-se: Amazonas (35,3%), Roraima (7,5%) e Espírito Santo (7,2%).
Já no varejo ampliado teve resultados negativos em 15 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Amapá (-12,9%), Distrito Federal (-8,8%) e Paraíba (-7,2%). Por outro lado, pressionando positivamente, figuram 12 das 27 Unidades da Federação, com destaque para Amazonas (34,7%), Pernambuco (15,4%) e Roraima (8,7%).
Confira a análise do BTG Pactual sobre as vendas no Varejo
Com a publicação do IBGE, a equipe do BTG Pactual (BPAC11) divulgou um relatório avaliando o desempenho do setor. Segundo os analistas, o mês de janeiro registrou uma leitura positiva, em parte, devido ao pagamento do Auxílio Brasil, com valores superiores aos do Bolsa Família. Porém, a forte revisão registrada em dezembro, de -0,1% para -1,9%, justifica a surpresa positiva com relação as expectativas.
Por outro lado, a tendência baixista de alguns componentes podem ser explicados pelos preços estruturalmente elevados, a queda da confiança do consumidor e os impactos da incerteza sanitária no período diante da forte aceleração dos casos de Covid-19 e da gripe H3N2. Com isso, destaca-se negativamente o segmento de vestuário (-3,9%), o mais impactado pela redução da mobilidade social.
A queda no varejo ampliado, conforme indica o relatório do BTG Pactual, foi menor do que esperado pois refletiu a nova piora no fornecimento de semicondutores, afetando a oferta de veículos (-1,9%) e, consequentemente suas vendas.
E para frente?
“Para os próximos meses, observamos manutenção dos fatores de risco que devem deprimir o consumo das famílias. Nessa direção, a queda da massa salarial e do rendimento médio real, somado ao quadro inflacionário adverso e a baixa confiança do consumidor devem sobressair os efeitos remanescentes da reabertura da economia”, aponta o relatório.