Assista a Money Week
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Notícias
Taxa de desemprego cai para 13,2% em 2021, mostra PNAD Contínua

Taxa de desemprego cai para 13,2% em 2021, mostra PNAD Contínua

A taxa de desemprego caiu para 13,2% em 2021, mostrou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Divulgada na manhã desta quinta-feira (24), ela informa que a recuperação econômica, diante da melhora da pandemia, levou o mercado de trabalho a apresentar sinais de recuperação em 2021.

Em relação ao quarto trimestre de 2021, a taxa de desocupação caiu para 11,1%, recuo de 1,5 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior (12,6%).

Cenário e situação de mercado

Para o IBGE, embora o cenário tenha melhorado em 2021, o patamar pré-Covid ainda não foi recuperado. Em 2019, a taxa anual de desocupação havia sido de 12,0%.

Publicidade
Publicidade

Coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy disse que a taxa média de desocupação de 13,2%, a segunda maior da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012, reflete a situação do mercado de trabalho em um momento em que a ocupação voltou a crescer após um ano de perdas intensas.

“Muitas pessoas ao longo dos dois anos perderam suas ocupações e várias delas interromperam a busca por trabalho no início de 2020 por causa da pandemia. Depois houve uma retomada dessa busca, ainda que o panorama econômico estivesse bastante desfavorável, ou seja, não havia uma resposta elevada na geração de ocupação. Em 2021, com o avanço da vacinação e a melhora no cenário, houve crescimento do número de trabalhadores, mas ainda persiste um elevado contingente de pessoas em busca de ocupação”, destacou.

Volume ficou estável

Ainda de acordo com o levantamento, essa taxa média de desocupação equivale a 13,9 milhões de desempregados no país, contingente que ficou estável frente ao ano anterior. Por outro lado, a força de trabalho, soma dos ocupados e desocupados, aumentou 4,3% no mesmo período. Esse crescimento foi impactado pelo aumento de 5,0% na ocupação ou de 4,3 milhões de pessoas. Em 2021, os ocupados foram estimados em 91,3 milhões.

“É um ano de recuperação para alguns indicadores, mas não é o ano de superação das perdas, até porque a pandemia não acabou, e seus impactos, ainda em curso, afetam diversas atividades econômicas e o rendimento do trabalhador. Há um processo de recuperação, mas ainda estamos distantes dos patamares de antes da pandemia”, afirmou.

O aumento na ocupação foi disseminado por diversas atividades econômicas. O maior crescimento percentual veio da construção (13,8%), que ocupou 845 mil pessoas a mais. O comércio, setor bastante impactado pela pandemia, teve ganho de 5,4% na comparação com 2020, o que representa um acréscimo de 881 mil pessoas. Mesmo assim, o contingente de trabalhadores desse segmento permaneceu menor que o de 2019, quando havia 18,1 milhões de pessoas ocupadas.

Setores

A PNAD mostra, também, que a indústria foi outra atividade que não conseguiu recuperar as perdas de 2020. Em um ano, houve aumento de 3,9% ou de 446 mil pessoas trabalhando no setor. Mas na comparação com 2019, o número de trabalhadores caiu 3,1%.

O ano de 2021 foi marcado também pelo início de recuperação da ocupação dos setores de serviços, que, assim como o comércio, foram muito prejudicados pela pandemia. Dentre eles, o destaque ficou com os serviços domésticos, que tiveram o maior aumento percentual (6,7% ou 327 mil pessoas). Também houve avanço no segmento de alojamento e alimentação, que cresceu a sua ocupação em 5,4% ou 238 mil pessoas.

Taxa de informalidade avança para 40,1%

De forma geral, com o aumento da ocupação, a informalidade também se expandiu. No ano passado, os trabalhadores informais somavam 36,6 milhões, um aumento de 9,9% frente a 2020. Isso levou a taxa de informalidade a subir de 38,3% para 40,1% nesse período. Representantes desse mercado informal, os empregados sem carteira assinada no setor privado aumentaram em 11,1% e passaram a ser 11,2 milhões de pessoas.

“O crescimento da informalidade nos mostra a forma de recuperação da ocupação no país, baseada principalmente no trabalho por conta própria. Tanto no segundo semestre de 2020 quanto no decorrer de 2021, a população informal foi a que mais avançou”, afirmou.

Mas o trabalho formal também cresceu. Entre os empregados do setor privado com carteira, houve expansão de 2,6%, chegando a 32,9 milhões de pessoas. Em 2020, essa categoria sofreu a maior queda da série histórica (-6,9%).

“Foi um ano em que muitas empresas fecharam e demitiram seus funcionários e há mais dificuldade em recuperar esse tipo de vínculo de trabalho do que o informal. Mas vale ressaltar que, dentre o trabalho formal, houve crescimento do número de trabalhadores por conta própria com CNPJ, que atingiu um recorde na série histórica da pesquisa, iniciada em 2016 para esse indicador”. A soma dos trabalhadores por conta própria (com e sem CNPJ) também atingiu o maior número da série (24,9 milhões).

Nível de ocupação

Segundo o IBGE, acompanhando o crescimento do número de ocupados o nível da ocupação subiu para 53,2%. Em 2020, essa proporção havia sido de 51,2%, a menor desde 2012, quando a série histórica foi iniciada.

O nível da ocupação indica o percentual de pessoas em idade de trabalhar que efetivamente estavam ocupados no período. “Houve um incremento em relação ao ano anterior, mas é um nível inferior ao de 2019 (56,0%).

Isso acontece porque naquele ano tínhamos uma população ocupada de 94,3 milhões e houve um declínio de quase 3 milhões de trabalhadores nesse período (de 2019 para 2021)”, destaca Beringuy.

Em 2021, a força de trabalho potencial caiu 13,5% frente ao ano anterior. Nesse grupo estão as pessoas que não estavam ocupadas nem desocupadas, mas que tinham potencial para conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Elas somavam, em 2021, 10 milhões.

Dentro desse grupo estão os desalentados, pessoas que estavam disponíveis e gostariam de conseguir um trabalho, mas não o procuraram. Nesse contingente houve queda de 3,1%, totalizando 5,3 milhões.  No ano anterior, o número de desalentados foi o maior da série histórica: 5,5 milhões.

O rendimento médio recebido pelas pessoas foi estimado em R$2.587, uma retração de 7,0% frente ao de 2020, ou um decréscimo de R$195. A massa de rendimento também sofreu queda (-2,4% ou R$5,6 bilhões) nesse período, sendo estimada em R$230,6 bilhões. “Esse comportamento da massa de rendimento é explicado pela queda de rendimento médio real e pelo avanço do processo inflacionário. Embora a população ocupada tenha crescido, esse aumento não foi acompanhado pelo rendimento, ou seja, as pessoas que estão ocupadas no mercado de trabalho têm remunerações menores, em média”, explica

Taxa de desocupação recua para 11,1% no quarto trimestre

Com o recuo de 1,5 p.p. no quarto trimestre, a taxa de desocupação chegou a 11,1%, o que corresponde a 12 milhões de pessoas em busca de trabalho. Frente ao trimestre encerrado em setembro, esse número caiu 10,7%, ou 1,4 milhão de pessoas desempregadas a menos. Já na comparação com o mesmo período de 2020, a queda foi de 16,7%, uma redução de 2,4 milhões de pessoas.

Tá, e daí?

De acordo com o BTG Pactual (BPAC11), em comentário acerca da PNAD desta quinta, no último trimestre do ano, a Pesquisa apresentou a oitava queda consecutiva na taxa de desemprego, retornando ao nível pré-pandemia.

Também disse que apesar do Caged ter apontado para o encerramento de vagas no mês, a alta informalidade, em 40,7%, reflexo, em parte, da recuperação dos Serviços Prestados às famílias, contribuiu para esta melhora no índice.

E acrescentou que, por outro lado, é possível observar mais um trimestre de recuo do rendimento médio real habitual, de 3,6%, atingindo o menor rendimento da série histórica, *sinalizando que a massa salarial da população tem sofrido com a elevada inflação e a maior contratação em empregos de baixa remuneração e informais.

E para frente?

O BTG diz entender que a piora do cenário macroeconômico ainda não está sendo capturada pela taxa de desocupação. “Entretanto, destacamos que a melhora observada nos últimos meses se deu em setores que exigem baixa qualificação, o que, somado à elevada inflação, tem provocado a depreciação da renda real das famílias”, disse.

E complementou: “dessa forma, para os próximos meses entendemos que a desaceleração da atividade econômica deve afetar os dados do mercado de trabalho e provocar alta na margem da taxa de desemprego.”

O banc de investimentos projeta uma taxa de 11,80% no final de 2022 e 10,90% em 2023.