As ofertas no mercado de capitais totalizaram R$ 337,9 bilhões no primeiro semestre, estabelecendo uma captação recorde para o período, impulsionadas principalmente pelos instrumentos de renda fixa, segundo dados da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Somente em junho, o volume chegou a R$ 66,2 bilhões.
No primeiro semestre de 2024, a renda fixa dominou as emissões no mercado de capitais, correspondendo a 90% do volume total. Debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) atingiram volumes recordes no período, impulsionados pelas mudanças regulatórias nos ativos isentos.
“O resultado demonstra um crescimento sustentável da renda fixa, com emissões pulverizadas em diversos produtos e segmentos. Ao mesmo tempo que temos um número muito grande de ofertas, o que indica uma maior democratização do mercado, temos também um bolso cada vez mais profundo para grandes operações, o que é muito positivo: 52% dos R$ 337,9 bilhões correspondem a emissões acima de R$ 1 bilhão”, afirma Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da ANBIMA.
Investimentos de Renda Fixa
Os números confirmam uma tendência já observada no primeiro trimestre do ano. Entre janeiro e março, os investimentos em renda fixa registraram um aumento significativo na procura por parte dos investidores, impulsionados por diversos fatores. Por um lado, mudanças na tributação de fundos exclusivos e na emissão de títulos isentos de imposto de renda, como LCIs e LCAs, que até então eram os preferidos do mercado, redirecionaram o fluxo de capital para outros ativos de renda fixa.
Além disso, o aumento da incerteza fiscal nos últimos meses e um cenário macroeconômico desafiador, com juros mais altos por mais tempo no Brasil e nos Estados Unidos, reduziram o apetite ao risco dos investidores brasileiros. A captação de recursos na renda variável caiu drasticamente, e a B3 enfrenta uma janela de dois anos sem uma oferta pública inicial de ações (IPO).
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Debêntures são as favoritas
O destaque de captação no primeiro semestre de 2024 foram as debêntures. Esses títulos registraram um volume total de R$ 206,7 bilhões, com 289 emissões realizadas no período. Dentre esses ativos, 31% são indexados à inflação (IPCA) e o prazo médio das ofertas é de 7,5 anos.
Os fundos de investimento aproveitaram mais essa janela, respondendo por 46,1% do volume, um aumento de 18,6 pontos percentuais em relação ao segundo semestre de 2023.
Renda variável em queda
Enquanto a emissão de renda fixa vem crescendo constantemente, passando de R$ 128,1 bilhões no primeiro semestre de 2023 e R$ 268,8 bilhões no segundo semestre de 2023 para um recorde de R$ 305 bilhões no primeiro semestre de 2024, a renda variável caiu de R$ 17,9 bilhões no segundo semestre de 2023 para R$ 4,9 bilhões nos primeiros seis meses de 2024.
A combinação de aversão ao risco e um cenário macroeconômico mais desafiador tem dificultado a captação no mercado de renda variável. Houve apenas seis operações de follow-ons no primeiro semestre, um número e volume bem abaixo do registrado anteriormente. As emissões de ações movimentaram R$ 4,9 bilhões no período, comparados a R$ 13,5 bilhões e R$ 17,9 bilhões no primeiro e segundo semestre de 2023, respectivamente.
Ainda há duas ofertas em andamento que estão em análise e, por não terem sido concluídas, não foram contabilizadas. Os follow-ons da Sabesp ($SBSP3) e da Isa CTEEP ($TRPL4) podem movimentar R$ 15,9 bilhões e R$ 3,5 bilhões, respectivamente, ainda bem menos do que as captações com renda fixa.
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