A dúvida é comum entre investidores: dá para se proteger da inflação investindo em renda fixa? A resposta é sim — e existem instrumentos específicos para isso no mercado brasileiro.
Um dos principais é o Tesouro IPCA+, que faz parte do Tesouro Direto. Esse título garante não só a correção pela inflação, mas também um rendimento real adicional.
Como funciona o Tesouro IPCA+?
O analista João Neves, da EQI Research, explica que o Tesouro IPCA+ é uma ferramenta eficiente contra a perda do poder de compra. O funcionamento é simples: ele rende a variação do IPCA (índice oficial de inflação do país) mais uma taxa de juros real, contratada no momento da aplicação.
Por exemplo, um título IPCA+ com vencimento em 2029 pode oferecer uma rentabilidade de IPCA+ 7,3% ao ano. Isso significa que, qualquer que seja o valor da inflação no período, o investidor recebe essa variação mais 7,3% de rendimento real.
“O investidor garante a preservação do poder de compra e ainda tem um ganho real acima da inflação”, destaca Neves.
Por que esses títulos existem no Brasil?
Segundo Felipe Paletta, também analista da EQI Research, essa modalidade de título é mais comum no Brasil do que em outros países. Isso se deve ao histórico inflacionário brasileiro, que fez com que contratos, aluguéis e diversos serviços passassem a ser indexados pela inflação. Como reflexo disso, surgiram os títulos públicos atrelados ao IPCA, justamente para proteger o investidor desse risco.
“O Brasil vive ciclos econômicos e políticos muito voláteis. Ter um título que te protege da inflação traz segurança, especialmente para quem faz um planejamento de longo prazo”, afirma Paletta.
Quando faz sentido investir em IPCA+?
O IPCA+ é recomendado, principalmente, para quem tem objetivos de longo prazo, como aposentadoria, reserva para os filhos ou metas que envolvem décadas. Isso porque, além de preservar o valor do dinheiro ao longo do tempo, esses títulos oferecem previsibilidade no ganho real, independente dos cenários econômicos.
Além disso, eles são particularmente interessantes em momentos de expectativa de alta na inflação, já que o rendimento acompanha essa variação.
E os outros tipos de renda fixa?
Paletta lembra que nem todo investimento em renda fixa oferece proteção direta contra a inflação. Títulos prefixados, por exemplo, podem sofrer perdas se a inflação subir além do esperado. Já os pós-fixados, normalmente atrelados à taxa Selic, oferecem uma proteção indireta, já que os juros tendem a subir em períodos de alta inflacionária.
Contudo, nenhum deles oferece a blindagem tão direta quanto os títulos IPCA+, também conhecidos no mercado como NTN-B.
