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Pregões inesquecíveis: Moro desembarca do governo e bolsa reage mal

Pregões inesquecíveis: Moro desembarca do governo e bolsa reage mal

Em 24 de abril, o mercado viveu mais um dia de caos em meio ao anúncio da saída do então ministro da Justiça, Sérgio Moro, do governo de Jair Bolsonaro.

Em março de 2020, os investidores brasileiros passaram por uma árdua prova de nervos. Em decorrência da crise do coronavírus, a Bolsa de Valores viveu pregões difíceis que entraram para a história. E precisou acionar seis vezes o circuit breaker. Isto em apenas oito pregões.

Passado o pior período de tensões, os investidores entraram no mês de abril respirando um pouco mais aliviado e com uma visão mais otimista do mercado.

No entanto, mais uma turbulência estava por vir. Ao final do mês, mais precisamente em 24 de abril, o mercado financeiro viveu mais um dia de caos em meio ao anúncio da saída do então ministro da Justiça, Sérgio Moro, do governo de Jair Bolsonaro.

Leia também: Há um ano, o mundo acionava o “botão do pânico” diante da Covid.

Entenda o caso do pregão de Moro

Um dia antes da renúncia do então ministro, o ex-juiz, que ganhou fama com a Operação Lava Jato recebeu uma notícia do presidente Jair Bolsonaro. Ele tinha decidido exonerar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.

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O veredito de Bolsonaro veio uma semana depois da demissão de Luis Henrique Mandetta, ministro que comandava a pasta da Saúde.

Com rumores sobre uma possível saída de Moro diante do descontentamento com a saída de Valeixo, o Ibovespa repercutiu as informações e fechou o pregão de quinta-feira em queda de 1,26%, aos 79.673 pontos. No mesmo dia, o dólar saltou de R$ 5,42 para R$ 5,53.

Um dia depois, em 24 de abril, foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União a exoneração de Valeixo.

Logo em seguida, em pronunciamento realizado às 11h, Sérgio Moro anunciava sua saída do Ministério.

A demissão de Moro foi uma reação à decisão de Bolsonaro de exonerar, sem grandes justificativas, o indicado do ex-juiz da Lava Jato para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. Na coletiva à imprensa em Brasília, Moro fez um balanço de ações e resultados da pasta durante o seu comando.

Na sequência, declarou que a demissão de Valeixo, por Bolsonaro, configurava interferência política, de modo que optava então por deixar o governo a fim de preservar a sua biografia.

Ao todo, Sérgio Moro comandou a pasta da Justiça por um ano e quatro meses, tendo sido um dos grandes trunfos de Bolsonaro no discurso de combate à corrupção.

No mercado financeiro, a notícia caiu como uma bomba. Na sexta-feira, dia 24, o Ibovespa chegou a cair 9,5%, fechando aos 72.040 pontos. E o dólar bateu os R$ 5,717.

Moro

Reprodução/Capa de jornais do dia

 

Impactos no mercado financeiro

Sérgio Moro era considerado, até então, uma das figuras mais populares e um dos braços mais fortes do governo Bolsonaro. Por esse motivo, a renúncia ao cargo de ministro pegou muita gente de surpresa.

Além disso, muitos investidores reagiram às acusações do ex-ministro ao presidente Bolsonaro, que, segundo Moro, tentou ter acessos a relatórios da Polícia Federal.

Bolsa de valores reage a Moro

O mercado financeiro reagiu mal à coletiva de Moro. Às 11h23, o Ibovespa recuava mais de 6%, chegando a 74.681 pontos. Ao mesmo tempo, o dólar atingia novo recorde, cotado a R$ 5,60.

Mantendo o forte viés de baixa, às 12h22, o Ibovespa despencava 9,58%, aos 72 mil pontos.

Diante do pânico instalado, o mercado esteve muito próximo de acionar novamente o circuit breaker, também conhecido como o botão do pânico. Isso porque a bolsa chegou muito perto de cair 10%, quando há a suspensão das operações na B3 por 30 minutos – para “acalmar os ânimos”.

Apesar da drástica pressão sobre as vendas, ao fim do dia, o principal índice da Bolsa de Valores reduziu suas perdas e fechou em queda de 5,45%, aos 75.330 pontos.

Ações

No dia da saída de Moro do ministério, grande parte das ações foram afetadas, sobretudo as companhias com maior peso sobre o Ibovespa, que sofreram forte correção.

Para se ter uma ideia, as ações da Petrobras (PETR3) fecharam o dia em queda de 7,32%, valendo R$ 15,91.

Entre os bancos, o Banco do Brasil (BBAS3) registrou a maior baixa do setor, com 13,37% cotado a R$ 23,33. Já as ações do Bradesco (BBDC3) despencaram 10,96% no fechamento da sessão, valendo R$ 15,60, enquanto Santander Brasil (SANB11) fechou o pregão da sexta em queda de 6,35%, cotado a R$ 23,44.

Itaú Unibanco (ITUB3) chegou a registrar queda de 6,53% durante o pregão, mas fechou o dia com desvalorização 3,53%, aos R$ 20.

O EWZ, principal fundo de índice (ETF) do Brasil em Nova York, chegou a despencar 10%. E o risco país medido pelo CDS de 5 anos subiu quase 12%.

Dólar

O dólar também reagiu mal ao discurso de saída de Moro. Às 12h50, registrava alta de 3,22%, cotado a R$ 5,71. Na véspera, estava cotado a R$ 5,527.

Na máxima, a moeda americana chegou a ser vendida a R$ 5,717, maior cotação já registrada, e terminou o dia cotada a R$ 5,66 reais.

Já o euro avançou 2,47%, valendo ao final da sexta-feira R$ 6,11.

Moro de volta ao noticiário

Sergio Moro é sempre citado como um dos possíveis concorrentes à presidência em 2022. E é considerado uma opção mais à centro-direita do que Jair Bolsonaro.

Além de constar em todas as pesquisas eleitorais, seu nome também volta aos noticiários por outra razão. Agora, pelos questionamentos quanto à sua parcialidade nos julgamentos do ex-presidente Lula no âmbito da Operação Lava Jato. Esta semana, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, anulou a condenação referente ao triplex no Guarujá. O imóvel teria sido doado a Lula como propina.

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