15 Set 2021 às 08:00 · Última atualização: 15 Set 2021 · 5 min leitura
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Última atualização: 15 Set 2021
Em 15 de setembro de 2008, o Lehman Brothers decretava sua falência. Até então, a instituição, de 164 anos, figurava como o quarto maior banco de investimento dos Estados Unidos. E contava com 25 mil funcionários em todo o mundo.
A quebra do banco varreu os mercados financeiros do mundo todo e deu início a uma grave crise financeira global, que ficou conhecida como crise do subprime.
Descubra ou relembre, neste artigo, o que aconteceu na época.
Apesar do início da crise financeira ser associada à falência do Lehman Brothers, o problema teve origem bem antes.
Desde o final da década de 1990, o mercado imobiliário americano estava aquecido pela forte oferta de crédito.
Entre 2003 e 2004, o Lehman adquiriu cinco credores hipotecários. Isto porque uma grande bolha imobiliária americana estava em expansão.
Os empréstimos eram feitos aos mutuários sem documentação completa, de modo que o negócio imobiliário do Lehman permitiu alavancar as receitas da companhia.
Em 2006, o banco securitizou US$ 146 bilhões em hipotecas, um aumento de 10% em relação a 2005. Além disso, o Lehman Brothers reportou lucros recordes todos os anos entre 2005 e 2007.
Para se ter uma ideia, em fevereiro de 2007, o preço das ações do Lehman atingiu o recorde de US$ 86,18 por ação, dando-lhe uma capitalização de mercado de quase US$ 60 bilhões.
Entretanto, ainda no primeiro trimestre de 2007, o mercado imobiliário dos EUA começava a dar sinais de que iria ruir em breve. Isto porque a inadimplência em hipotecas subprime atingia números cada vez maiores.
Em 14 de março de 2007, um dia após a ação ter a maior queda diária em cinco anos, o Lehman reportou receitas recordes em seu primeiro trimestre fiscal.
Após a divulgação dos resultados, o banco declarou que os riscos decorrentes do aumento da inadimplência estavam bem controlados e teriam, então, pouco impacto nos ganhos da empresa.
Três dias depois, em 17 de março, havia o temor de que o Lehman seria o próximo banco de Wall Street a quebrar. Isso após o quase colapso de outra instituição, o Bear Stearns. As ações do Lehman caiu quase 48%.
O que antes representava só rumores do mercado sobre uma possível quebra, em 15 de setembro de 2008 se tornou realidade. E o Lehman Brothers decretou falência.
No dia em que um dos mais tradicionais bancos americanos quebrou, o S&P 500 caiu 4,71%, o Dow Jones desabou 4,42% e o Nasdaq Composite recuou 3,60%. Ao mesmo tempo, as ações do Lehman Brothers caíram 94,25% no pregão da bolsa de Nova York. No Brasil, a bolsa derreteu 7,59%.
Dias após a esse cenário, o secretário do Tesouro americano à época, Henry Paulson e o então presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, se reuniram com líderes do Congresso para alertar que os mercados de crédito estavam à beira de um colapso.
As autoridades apresentaram um plano de resgate financeiro avaliado em US$ 700 bilhões para resgatar os bancos, o que permitiria ao Tesouro comprar ações de instituições com problemas e estabilizar o mercado.
No entanto, em 29 de setembro de 2008, o plano foi rejeitado pelo Congresso dos Estados Unidos, afundando ainda mais o já deprimido sistema financeiro mundial.
Neste mesmo dia, o Dow Jones perdeu 777,68 pontos, queda de 6,71%, a maior desde que o índice foi criado. Já o índice Nasdaq caiu 199,61 pontos, recuando 9,14%.
Em terras brasileiras, a bolsa também sentiu. E teve início um período que seria marcado por cinco circuit breakers no decorrer de um único mês.
Reprodução/Capas de jornal
O colapso do subprime foi o aumento acentuado das hipotecas de alto risco que entraram em inadimplência a partir de 2007, contribuindo para a recessão mais severa em décadas.
O boom imobiliário de meados dos anos 2000 — combinado com taxas de juros baixas na época — levou muitos credores a oferecer empréstimos imobiliários a pessoas com crédito ruim.
Esses devedores não eram aprovados em empréstimos tradicionais e por isso precisavam recorrer a empréstimos especiais chamados de subprime.
Esse tipo de empréstimo costumava ser feito a mutuários com pontuações de crédito ruins. Em geral, bem mais baixas do que o normalmente exigido para empréstimos tradicionais.
Quando a bolha imobiliária estourou, muitos mutuários não puderam fazer pagamentos de suas hipotecas. E isto desencadeou uma quebra generalizada de instituições financeiras.