Em 2007, a descoberta de um supercampo de reserva de petróleo na costa brasileira causou grande alvoroço no mercado financeiro.
Diante da expectativa dos investidores sobre uma possível autossuficiência na produção de energia, mais especificamente, de petróleo, as ações da Petrobras (PETR 3 PETR4) dispararam.
Entendendo o pré-sal
No dia 8 de novembro de 2007, a revelação sobre a descoberta de uma reserva de petróleo e gás no Brasil, estimada entre cinco a oito bilhões de barris, chamou a atenção do mundo inteiro.
Isso porque, com o descobrimento, a Petrobras, que acumulava reservas de 13,7 bilhões de barris ao final de 2006, elevaria suas reservas totais em cerca de 50%.
O local recém-descoberto foi denominado Campo de Tupi, localizado a cerca de 250 quilômetros da costa do Rio de Janeiro.
Segundo pesquisas, a reserva se concentrava em uma profundidade de sete mil metros abaixo do nível do mar, onde os minérios fósseis apresentavam uma qualidade superior quando comparado ao que era extraído na bacia de Campos.
“Os volumes recuperáveis estimados de óleo e gás para os reservatórios do pré-sal, se confirmados, elevarão significativamente a quantidade de óleo existente em bacias brasileiras, colocando o Brasil entre os países com grandes reservas de petróleo e gás do mundo”, declarou a Petrobras na época.
Em meio ao grande otimismo do mercado, o reflexo na Bolsa de Valores não poderia ser outro além de gerar uma intensa compra nos papéis da Petrobras, fazendo as ações dispararem do dia.
Para se ter uma ideia, às 12h43, as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) subiam mais de 11%, enquanto as preferenciais (PETR4) avançavam 9%.
No fechamento do mercado, PETR3 saltou 14,44% cotada a R$ 33,57 enquanto PETR4 avançou 14,15%, cotada a R$ 25,37.
Entretanto, apesar da forte alta nos papéis da estatal, a bolsa brasileira fechou o pregão daquele dia em leve alta 0,11%.

Reprodução/Capas de jornal
Depois do pré-sal, investment grade
No ano seguinte à descoberta do pré-sal, mais notícias favoráveis no Brasil. Em 2008, o Brasil colhia os frutos de mais de uma década de gestão eficiente das políticas fiscal e monetária.
Em meio a esse cenário, era possível observar um forte controle da inflação, manutenção do câmbio flutuante, geração de superávit primário, além de diminuição no nível de endividamento.
Diante desse contexto favorável, no dia 30 de abril de 2008 o país recebia pela primeira (e única) vez o título de Investment Grade (Grau de Investimento), dado pela agência de avaliação de rating, Standard & Poor’s (S&P).
O título, elaborado por agências de classificação de risco como a Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch Ratings, se refere a uma nação que é considerada como “boa pagadora”.
Dessa forma, a S&P na época elevou a categoria do Brasil no ranking de BB+ para BBB-, com perspectiva estável.
Logo depois, as demais agências de classificação de risco seguiram no mesmo caminho e acabaram concedendo ao Brasil o Investment Grade também.
Reflexo na Bolsa de Valores
Nessa nova categoria, o país passou a integrar o seleto grupo de nações classificadas como capazes de honrar suas dívidas internas e externas.
Então, com o selo de “bom pagador” o Brasil passou a ser visto como de baixo risco para investidores. Tanto aqui como no exterior.
Por mais que a elevação no ranking fosse algo esperado pelo mercado financeiro, a forma repentinamente com que se deu o anúncio acabou pegando muitos investidores de surpresa.
No dia em que a notícia de elevação para Investment Grade foi divulgada, 30 de abril, o pregão disparou 6,33%, aos 67.868 pontos no fechamento.
O ânimo dos investidores se manteve ainda por um bom tempo e, em cerca de duas semanas, o Ibovespa apresentou uma valorização de aproximadamente 15%, batendo o topo histórico de 73.794 pontos, em 19 de maio de 2008.
Em 2015 o Brasil perdeu o título de Grau de Investimento e se encontra hoje com um rating de BB- pela Standard & Poor’s, retrocedendo a 2 posições.