Com Selic provavelmente ultrapassando 8,5% nesta semana e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, revelando que a instituição estuda mudanças para a poupança, essa modalidade de investimento volta ao noticiário. Mas será que vale a pena investir na poupança, mesmo com Selic em alta? Confira.
Banco Central estuda mudanças para modalidade
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou recentemente que a instituição estuda mudanças no rendimento da poupança, sem no entanto detalhar quais seriam as alterações.
A declaração foi feita após Campos Neto ser questionado por um empresário em um evento da construção civil sobre a possibilidade de criação de uma caderneta de poupança indexada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país medida pelo IBGE.
“A gente tem estudado muito o tema da poupança. Existe obviamente uma vontade de fazer mudanças. A poupança tem várias conexões de direcionamento de várias coisas, o que faz com que a mudança seja bastante traumática. Você tem que fazer ela baseada numa forma bastante lenta, porque se não você pode criar ruptura no financiamento de algumas coisas”, respondeu. A poupança, vale lembrar, é uma das principais fontes de financiamento do setor imobiliário.
Selic deve ficar acima de 8,5% na próxima quarta-feira
Na próxima quarta-feira (8), o Comitê de Política Monetária (Copom) informa a quanto vai a taxa básica de juros, Selic. As apostas predominantes são por outra elevação de 1,5 ponto porcentual, o que levará a Selic a 9,25%.
Além das implicações naturais na economia, a alta na Selic provoca reflexos imediatos nos investimentos. Diante desse cenário, muitos se perguntam se a poupança vai voltar a valer a pena caso a Selic ultrapasse os 8,5%. É o que vamos esclarecer neste artigo.
Poupança vale a pena com a alta da Selic?
A poupança possui duas regras de cálculo:
- Se a taxa Selic está acima de 8,5%, a poupança rende 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR).
- Já com a Selic em até 8,5% (nosso caso atual), o rendimento da poupança é de 70% desta taxa.
Uma vez que a taxa Selic atualmente está em 7,75% ao ano, vale a segunda regra. Ou seja, o rendimento da poupança atualmente é de 5,425% anuais.
Então, embora ainda bastante popular entre os brasileiros, a verdade é que a caderneta de poupança oferece baixo retorno quando comparada com outras aplicações financeiras mais conservadoras, mesmo diante do cenário de alta dos juros.
Avalie comigo: a poupança remunera 70% da taxa Selic em um cenário onde a taxa de juros fica inferior a 8,5% ao ano. Em contrapartida, em casos de Selic superior a 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança fica em 6% ao ano.
Logo, qualquer descida ou subida de juros impacta diretamente a poupança. Sendo que, com a Selic subindo, o impacto é positivo, e com ela caindo, negativo.
Acontece que a poupança não tem nenhum mecanismo de proteção contra a inflação. Ao contrário de outros investimentos, como o Tesouro IPCA, que leva em consideração o principal índice que mede a inflação.
Sendo assim, a poupança ainda não é a melhor opção disponível no mercado.
Mesmo com a poupança pagando um pouco mais por conta da subida do juros, existem produtos no mercado que pagam prêmio de 100% da Selic, o que já é superior aos 70% da Selic pagos pela poupança.
Também temos muitos investimentos que pagam a Selic mais um prêmio, por exemplo. Isso sem deixar de levar em consideração o fator segurança, tão buscado pelas pessoas que colocam seu dinheiro na poupança.
É o caso dos títulos do Tesouro Direto. Hoje, existem diversos tipos de títulos, cada um mais indicado para um objetivo de investimento diferente.
No que diz respeito à liquidez, um argumento constantemente utilizado para defender a poupança é a possibilidade de resgate a qualquer momento, enquanto o Tesouro Selic só teria liquidez em D+1 (dia útil seguinte).
Mas vale destacar que essa condição mudou desde o dia 13 de setembro, quando o Tesouro passou a permitir que o investidor retire o dinheiro no mesmo dia útil para solicitações feitas até às 13h.
Por isso, mais uma vez: mesmo que a poupança entregue uma rentabilidade melhor com a subida do juros, ainda assim ela não se torna atrativa, tendo em vista a comparação com outros produtos disponíveis no mercado.