A Petrobras (PETR3; PETR4) anunciou, nesta segunda-feira (09), um reajuste de 8,87% no preço do diesel. Conforme a nota da estatal, o preço do litro do combustível no atacado passará de R$ 4,51 para R$ 4,91, um aumento de R$ 0,40 a partir de amanhã (10). Este é o primeiro reajuste depois de dois meses.
Com a alteração dos preços, a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel passará a custar para a distribuidora R$ 4,42 por litro, em vez dos atuais R$ 4,06, uma alta de R$ 0,36.
Apesar do aumento no diesel, os preços no gás natural e gasolina continuam o mesmo.
Na manhã desta segunda-feira (09), uma reportagem do Valor Econômico antecipou o reajuste no diesel por causa da defasagem de quase 20% da cotação do diesel no mercado internacional em relação aos preços praticados no Brasil.
De acordo com a reportagem, a recomposição parcial não será apenas para atender a paridade com o mercado internacional, mas para diminuir os custos de operação da Petrobras e outros agentes do mercado, como as refinarias privadas e importadoras.
Com o reajuste, segundo jornalão, a compra do diesel no exterior será mais fácil, como para as empresas de menor porte, pois ele reduz o risco de desabastecimento. Apesar disso, essa hipótese é negada tanto pela estatal petrolífera quanto pelo governo.
CA da Petrobras estuda rebater críticas de Bolsonaro
Embora a necessidade por mais um reajuste nos preços diesel seja necessária, este movimento pode ser bem complexo. Haja vista que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem realizado fortes críticas contra o aumento nos preços dos combustíveis.
Com isso, o Conselho de Administração (CA) da Petrobras se reuniu recentemente para planejar um posicionamento da empresa, caso Bolsonaro reaja contra mais um reajuste.
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A reportagem do Valor ainda diz que teve acesso ao debate do CA da Petrobras, mas que não houve consenso sobre um possível posicionamento sobre um aumento no diesel. Contudo, o jornalão informa que os diretores querem justificar o reajuste com base na defasagem nos preços.
Vale destacar duas reações recentes do presidente contra a política de preços da petrolífera. Na última quinta-feira (05), o Chefe do Executivo classificou o lucro líquido (R$ 44,56 bilhões) da Petrobras no 1º trimestre como um “estupro”. Enquanto que no sábado, em Santa Rosa (RS), Bolsonaro comentou que “ninguém aguenta mais” os reajustes dos combustíveis.
Cenário do Diesel
O cenário do diesel é um dos mais desafiadores do Brasil, em que há uma conjunção de dois fenômenos para promover a disparada nos preços: retomada do consumo pós-pandemia e Guerra na Ucrânia.
Para entender ainda mais o impacto do conflito russo-ucraniano, basta analisar que a Rússia é responsável pela exportação de 25% do diesel no mundo. As sanções econômicas dificultam as relações comerciais com os russos, assim o preço deste combustível tende a ficar mais escasso, logo mais caro.
Como consequência disso, as últimas semanas foram de recordes de aumento no preço do diesel nos EUA. Além disso, as margens de refino no diesel são hoje o dobro do que na gasolina.
O Brasil também sofre com isso. Haja vista que o diesel que vai chegar ao país em julho está sendo comprado agora. Dessa forma, o combustível está mais caro ainda, pelo menos no mercado internacional.
Como a Petrobras segura o reajuste nos preços há quase dois meses, a defasagem segue crescendo a cada instante.
Além da escassez no mercado internacional, aqui no Brasil, a demanda por diesel está alta, uma vez que a demanda subiu consideravelmente com o arrefecimento da pandemia de covid-19. Com isso, o consumo do brasileiro voltou a subir.
A junção desses dois fatores (escassez por causa da Guerra e demanda aquecida) causa o risco de desabastecimento do diesel no Brasil. Caso isso aconteça, ele irá provocar uma crise no agronegócio, uma vez que ele é necessário para o transporte das cargas dos produtos e para a exportação deles.
*texto atualizado às 14h33 para inserir o anúncio do reajuste no preço do diesel feito pela Petrobras por volta das 11h30