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Perspectivas para a Selic: para onde vão os juros em 2022?

Perspectivas para a Selic: para onde vão os juros em 2022?

2021 encerra com Selic a 9,25% ao ano, o maior patamar de juros observado em quatro anos. Na última reunião do ano, em 8 de dezembro, o Comitê de Política Monetária também sinalizou no sentido de manter o ritmo de alta na próxima reunião, em 22 de fevereiro.

Para Armando Castelar, economista e pesquisador associado do FGV IBRE, o forte ritmo de aumento dos juros é explicado pela necessidade de o Banco Central reverter o descontrole da expectativa de inflação. Já a equipe de economistas do BTG Pactual observa que a inflação mensal continua registrando recordes e pressionada por bens industriais e serviços.

Diante desse cenário, quais as perspectivas para a Selic? Afinal, para onde vão os juros em 2022? Quais as consequências do aumento dos juros para a economia?

A seguir, confira o que têm a dizer as equipes do BTG Pactual, da EQI Investimentos e outros especialistas sobre o assunto.

Perspectivas para a Selic em 2022

Para a equipe econômica do BTG Pactual, a próxima reunião do Copom trará novo aumento de juros na ordem de 1,5 pontos percentuais, em direção ao patamar de 11,75% em março.

Segundo os analistas, além da pressão dos preços de bens industriais e serviços, outros fatores também contribuem para a expectativa de a inflação continue subindo. Um deles é a alta dos combustíveis, que compensou a desaceleração de alimentos e energia elétrica. Outro são os questionamentos sobre o cenário fiscal do país.

Já Armando Castelar acredita que a Selic pode chegar a, no máximo, 12% no final de 2022. Em entrevista concedida à revista Conjuntura Econômica, o economista apontou dois motivos pelos quais a taxa de juros não ultrapassaria esse patamar. “ O primeiro é que cerca de 45% da inflação nos últimos 12 meses estiveram concentrados na gasolina, energia elétrica e alimentos. Em 2022, pode haver queda no preço da energia elétrica. Por outro lado, a gasolina não teria razão para subir na mesma escala que tivemos esse ano. Nem o câmbio deverá andar tanto, e nem o petróleo deverá subir tanto no ano que vem. E os alimentos já estão registrando inflação muito alta há dois anos”, observa.

Cenário político e a alta da Selic

Para Castelar, a polarização apontada nas pesquisas eleitorais, lideradas por Lula e Bolsonaro, também podem elevar a estimativa da Selic para 2022.

“Nenhum dos dois candidatos sinalizam uma política econômica mais conservadora, que ataque a questão fiscal. Dessa forma, isso pode atrapalhar bastante a economia em 2022, pois fica completamente em aberto o que virá depois da eleição”, afirma.

Outro ponto destacado pelo economista é a diferença entre o contexto atual e o de 2018. Naquele ano, o governo Temer estava enfraquecido, com o dólar apreciado e juros em alta no cenário externo. Dessa forma, a ideia de o atual presidente ter um ministro da Economia que continuasse a agenda reformista e defendesse a responsabilidade fiscal ajudou na recuperação das expectativas.

“Agora, sem que surja um candidato de terceira via que defenda a necessidade de um projeto para o país, teremos um cenário bem mais complicado”, conclui o economista.

Selic em alta e os investimentos externos

De acordo com relatório de dezembro do BTG Pactual, o investimento estrangeiro em títulos de renda fixa foi significativo no primeiro semestre de 2021. Nesse sentido, a entrada média de recursos foi de, aproximadamente, US$ 2 bilhões por mês.

Mesmo que esses investimentos tenham desacelerado no segundo semestre (provavelmente pela percepção de maior risco fiscal e político) as entradas continuam expressivas, na casa de US$1 bilhão mensal. No acumulado no ano até 22 de novembro, esses recursos alcançaram US$18 bilhões. Esse é o maior valor para o período desde 2014.

A trajetória de alta da Selic tende a ser benéfica para investimentos em renda fixa no Brasil no próximo ano. Por outro lado, o investimento estrangeiro em ações encontrará mais dificuldades, devido à fraca atividade econômica e à incerteza eleitoral.

Leia também: Dossiê da Renda Fixa: com Selic em alta, renda fixa volta a ser atraente | Eu Quero Investir

Juros altos e os efeitos na economia

Se, por um lado, a alta da taxa de juros ajuda a conter a inflação, por outro pode gerar recessão na economia, a depender do seu nível em 2022.

Na penúltima reunião do Copom, em outubro, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) comentou em nota que a alta prejudicaria a retomada dos empregos e a recuperação da economia. Para Robson Andrade, presidente da entidade, o Banco Central poderia não ter acelerado o reajuste da Selic. Isso porque os efeitos dos aumentos dos juros nos últimos meses já começam a ser sentidos sobre a inflação.

“Os aumentos anteriores da taxa de juros já começaram a ter reflexos na economia.  Nesse sentido, percebemos que a atividade econômica dá sinais de desaquecimento e, nos próximos meses, os efeitos defasados do aumento da Selic vão continuar contribuindo para desestimular o consumo e desacelerar a inflação”, declarou Andrade ao portal UOL. Para o presidente da CNI, o impacto negativo dos juros mais altos sobre o crédito para os consumidores e as empresas aumentam as chances de recessão no ano que vem.

Na mesma reportagem ao UOL, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) também se manifestou sobre a alta da Selic. De acordo com a entidade, as sucessivas elevações aumentarão os custos para o comércio e para o setor produtivo em geral. Em comunicado, a ACSP disse que a alta dos juros não se justificaria. A razão é que a pressão dos preços ocorre por problemas de oferta, como alta nos combustíveis e energia, e não por causa do excesso de demanda.

E até quando vai a alta da Selic?

Para Elias Wiggers, assessor da EQI Investimentos, as perspectivas para a Selic são de alta durante 2022, justamente porque o governo está buscando desancorar as expectativas de inflação. “Enquanto as variáveis que puxam a inflação perdurarem, os juros continuarão altos. Nesse sentido, a expectativa do mercado é de que a Selic permaneça na casa de 9% a 11% ao longo de 2022, para depois começar a baixar de novo, a partir de 2023”, analisa Wiggers.

O assessor observa ainda que, sob o aspecto macroeconômico, juros altos não são competitivos. “Nenhum pais cresce com juro alto. Isso é uma anomalia, para corrigir outra, que é a inflação. Por isso, a tendencia natural é de que o custo do dinheiro sempre caia, pois não faz sentido juros altos em um pais que precisa crescer. Além disso, juros mais baixos também é mais barato para governos endividados, como o brasileiro. Quanto mais baixa a Selic, melhores as condições de financiamento da dívida pública”, conclui.

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