Inflação, juros em alta e migração de capital dos países mais desenvolvidos para os emergentes. Em meio a tudo isso, onde estão as melhores oportunidades de investimentos?
Para responder a algumas dúvidas de investidores, os especialistas da EQI Valter Manfro, head de operações estruturas, e Denys Wiese, economista e head de Renda Fixa, debateram sobre o atual cenário econômico e apresentaram as melhores oportunidades de investimentos para o mês de abril. A conversa aconteceu dentro do EQI Talks, live semanal da EQI que abordou o tema: “Oportunidades de investimentos”.
Continue a leitura e confira a seguir!
Oportunidades de investimentos: panorama atual
Com os juros em alta, o mercado brasileiro tem atraído capital estrangeiro. Esse movimento levou nossa bolsa a uma valorização de 14% somente no primeiro trimestre de 2022.
Nesse sentido, Manfro observa que, por aqui, enquanto a bolsa subiu, os ativos de proteção, como dólar e ouro, registraram queda.
“Os investidores estão mais confiantes, até porque a bolsa brasileira é muito focada em commodities, que estão em alta”, analisa.
Reprodução/EQI
O que esperar para abril?
Wiese afirma que a temperatura dos mercados baixou em abril. Para o especialista, os mercados superdimensionaram a perspectiva de uma crise que poderia se agravar, entre outros fatores, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, o que, de fato, não aconteceu de todo.
“O mundo percebeu que, por mais sanções que existissem contra a Rússia, o país representa apenas 1,8% do PIB mundial. Ou seja, por mais que as coisas estejam ruins por lá, o impacto no resto do mundo é baixo”.
O economista também analisa o impacto do petróleo no atual cenário. Nesse sentido, a expectativa era de que a commodity disparasse pois, teoricamente, o petróleo russo sairia da oferta. No entanto, o país continuou vendendo para a Ásia, o que aliviou a pressão do preço no mercado internacional.
“Apesar de o petróleo ter subido, não está nas alturas como se esperava”, analisa.
Por outro lado, há preocupação com a inflação na Europa. Enquanto na Alemanha, por exemplo, a taxa de juros está em zero, a inflação alcança 7%. “É a maior inflação que vemos naquele país desde os anos 80”, analisa Wiese.
Para o especialista, um agravante disso é o fato de a Europa não estar subindo os juros. Isso porque a economia por lá já está desacelerando e, com a alta dos juros, poderia desacelerar ainda mais, o que ocasionaria uma recessão.
Já nos EUA, o banco central tem atuado mais para conter a inflação.
“O Fed tem sido mais atuante, cada vez mais hawkish. Isso significa mais austeridade, mostrando que vai subir juros. O mercado já está precificando mais sete altas de juros nos EUA, e a perspectiva é de que chegue perto de 2,5% até o final do ano”, explica Wiese.
Inversão da curva de juros
Em qualquer país, a sucessiva alta dos juros acaba levando, futuramente, à inversão da curva de juros. Se, por um lado, esse indicador tende a desacelerar a economia norte-americana ali na frente, no Brasil a situação é um pouco diferente.
Por aqui, o Banco Central já aumentou os juros e, dependendo da inflação, poderemos ver novas altas até junho. Porém, o BC já sinalizou com o fim do aperto monetário, pois as expectativas com a inflação já estão mais baixas.
“Espera-se queda acentuada da Selic a partir de 2023. Por isso, o investidor precisa ficar atento, pois vemos CDBs de 13% a 15% ao ano hoje. Ou seja, essa janela de oportunidades não se estenderá por muito tempo”, afirma Wiese.
Devido aos juros mais altos, a projeção do PIB brasileiro para 2022 ficará próxima de zero.
“Esse juro alto fez com que estrangeiros trouxessem muito dinheiro para o Brasil. Porém, estamos na fase do ciclo econômico em que o juro já subiu e, possivelmente, começará a cair. Isso significa uma fase de recessão, com um ano de PIB zerado”, diz Manfro.
Onde investir em abril?
Quando há expectativa de queda de juros, é melhor optar por títulos prefixados e indexados ao IPCA (que também possuem uma parte prefixada).
Além disso, ações de valor também são uma boa alternativa, pois as empresas já são mais consolidadas e boas pagadoras de dividendos.
Onde investir no cenário atual
- Títulos prefixados
- Títulos indexados ao IPCA
- Ações de valor
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E no exterior?
Já nos Estados Unidos e Europa, a recomendação é ir com mais cautela. Segundo Wiese, nesses mercados é melhor ficar com investimentos pós-fixados e manter algumas ações de valor, fugindo um pouco de ações de crescimento, como tecnologia, por exemplo. “Essas empresas precisam de muito capital para crescer. Com juros mais altos, isso acaba ficando mais difícil”, explica.
Recomendação: alongamento de prazos
Outra dica para o mês é em relação aos prazos de vencimento dos títulos. Manfro recomenda que se faça um alongamento nas aplicações de renda fixa. Isso porque dificilmente o investidor conseguirá as mesmas taxas para um título que vencerá nos próximos 6 ou 12 meses.
“Tudo indica que teremos juros menores no Brasil. Por isso, se conseguirmos alongar o prazo dos investimentos, as taxas serão melhores do que as de daqui a um ano ou mais”.
Além da compra direta, Manfro também sugere o resgate de parte de títulos curtos e alocação em títulos longos. Dessa forma, o investidor consegue garantir taxas atrativas por mais tempo.
“Muitos investidores tem CDBs que vencerão nos próximos 12 meses. A sugestão é: não espere o CDB vencer para já fazer um investimento para 5 anos”, diz o assessor.
Nesse caso, o investidor resgatar antecipadamente esse CDB. Ao fazer isso, pagará um “pênalti”, normalmente um deságio de 5%.
“Mas, matematicamente, vale a pena assumir esse deságio momentâneo. Isso porque, em cinco anos, o investidor recupera e consegue ganhar ainda mais”, explica Manfro.
Para realizar esse movimento de alongamento de prazos, a EQI Investimentos possui uma área específica (mercado secundário EQI) para encontrar vendedores e compradores para os títulos dentro de um universo de 50 mil clientes. Você pode acessá-lo através de seu assessor de investimentos.
Reprodução/EQI
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Oportunidades no mês de abril
Segundo os especialistas, ainda há boas oportunidades para a compra de CDBs, crédito privado e NTNs-B de prazo longo, a taxas atrativas.
“Quem entrar agora, consegue comprar um título garantido pelo Tesouro Nacional com 20% de desconto. Mas, se contar a inflação do período, estaria 37% descontado”, observa Wiese.
Outra oportunidade para o momento é o dólar. Isso porque, com a queda da moeda, abriu-se uma janela interessante para quem deseja internacionalizar os investimentos.
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Projeção dólar BTG. Fonte: BTG
Segundo Denis, além do juro elevado, o Brasil está na frente na competição entre os emergentes.
“Mesmo sem o país ter feito muita coisa, o capital acabou vindo para cá, pois os outros emergentes estão piores do que nós”, avalia.
No entanto, o especialista acredita que essa situação também tem dias contados. Isso porque, conforme os juros nos EUA sobem, o Brasil perde competitividade, pois grande parte desses recursos voltará para casa para explorar oportunidades por lá.
“Por isso, sugerimos que o investidor que deseja diversificar em ativos internacionais faça isso o quanto antes. Atualmente, temos boas oportunidades.
(Por Carla Carvalho)
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