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Ray Dalio: conheça o gestor, agora aposentado, que é referência para os investidores

Ray Dalio: conheça o gestor, agora aposentado, que é referência para os investidores

Em 1975, em um apartamento de 2 quartos em Nova York, Ray Dalio fundou a Bridgewater Associates, após 40 anos a empresa se tornou a quinta empresa privada mais importante dos Estados Unidos, com US$ 150 bilhões em ativos sob gestão, enquanto Dalio foi nomeado como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. 

Enquanto construía a empresa, considerada a maior e mais lucrativa gestora de fundos hedge do mundo, Dalio notou alguns princípios que levaram a Bridgewater a ter uma cultura eficaz, descrita por ele como “meritocracia de ideias”, onde todas as decisões da empresa eram tomadas pelos funcionários.

Conheça o fundador da Bridgewater e os princípios em que ele acredita terem sido a razão por trás de seu sucesso.

Conhecendo Ray Dalio

Ray Dalio nasceu no dia 1 de agosto de 1949 em Nova York, no bairro do Queens. Seu pai era músico de Jazz e sua mãe doméstica. Dalio em sua infância foi uma criança curiosa e cheio de personalidade e opiniões próprias. 

Aos 8 anos, Ray Dalio teve um trabalho de entregador de jornais e, apesar de ser reconhecido pela facilidade e disposição em ganhar dinheiro, tinha dificuldade com as tarefas domésticas e concentração na escola. 

Seu primeiro contato com os investimentos foi aos 12 anos, quando começou a trabalhar como caddie em um Clube de Golfe frequentado por profissionais do mercado financeiro que trabalhavam em Wall Street. 

Como Ray ganhava US$ 5 por cada saco de tacos transportado, decidiu investir seu dinheiro no mercado financeiro, que estava em alta e era muito falado na época, comprando ações da Northeast Airlines por ser a única empresa que ele sabia estar sendo negociada abaixo de US$ 5.

O que o ainda pequeno Ray Dalio não sabia era que a companhia aérea estava prestes a falir e acabou sendo comprada por outras empresas e, por sorte, o valor das ações triplicou, fazendo com que ele ficasse apaixonado pelo mercado financeiro.

Com o golpe de sorte nas ações da Northeast Airlines, Ray Dalio concluiu que operar no mercado financeiro seria uma maneira fácil de conseguir dinheiro e então começar a estudar mais sobre o assunto através dos relatórios financeiros das empresas presentes na Fortune 500. 

Grande parte dos fracassos de Ray tornaram-se fundamentais para que sua metodologia de investimentos se transformasse ao longo do tempo. A exemplo das grandes quedas no mercado que aconteceram entre 1967 e 1969, quando ele continuou aportando e comprando mais ações até perceber que sua tese de investimentos estava errada. 

Apesar de não demonstrar tanto interesse pela escola, o seu período na faculdade foi bastante proveitoso. Além de aprender sobre o mercado futuro de commodities com seu colega, tema pelo qual Ray Dalio mais se interessou, foi quando começou a praticar meditação transcendental e não parou mais. 

Foto de Ray Dalio
Reprodução/60 minutes

O início da carreira profissional de Ray Dalio

Após se formar em finanças e ser aceito na Harvard Business School, Ray estagiou na bolsa de valores de Nova York, onde aprendeu mais sobre como funcionava a movimentação de preços no mercado, bem como a reação dos investidores às notícias que eram veiculadas.

Já no verão seguinte, conseguiu um emprego no Merrill Lynch, onde operou futuros de commodities, tema que havia se interessado ainda na faculdade.

Foi quando o mercado de ações caiu e ele percebeu que quando todos pensam de maneira igual, as apostas acabam sendo sempre iguais, afetando os preços e exigindo mais cautela.

Dalio acredita que a maioria das coisas acontece devido à relação de causa e efeito que levam a esses eventos. 

Como resultado da queda que o mercado de ações havia sofrido, as negociações de commodities voltaram a ser populares, tornando Ray muito procurado devido a sua experiência e o MBA na Harvard, aceitando uma proposta da corretora Dominick and Dominick com a responsabilidade de criar um setor de commodities.

Enquanto trabalhava para a empresa, ele continuou investindo em sua carteira pessoal, aprendendo muito sobre as operações que realizava. 

Dando um passo maior na carreira, foi contratado pela Shearson, incumbido de toda a operação de mercado futuro, auxiliando clientes no gerenciamento de risco. Nessa função acabou aprendendo muito sobre o mercado de grãos e pecuária.

Apesar de ter sido bem-sucedido na empresa, com todos os associados sempre confiando em suas opiniões e dicas, acabou deixando a Shearson após 1 ano devido a uma briga com seu chefe.

O Nascimento da Bridgewater 

A Bridgewater Associates nasceu em 1975 no apartamento de dois quartos de Ray Dalio em Nova York.

Com a ideia de vender commodities dos Estados Unidos para outros países, Ray considerou estar “criando pontes sobre as águas”, surgindo dai o nome “Bridgewater”. 

Foi nessa época que Dalio começou a anotar os modelos e princípios que o levavam às decisões tomadas. O aprofundamento foi tão grande que, quando estudou mais sobre a produção de grãos, aprendeu sobre cada processo do negócio, podendo assim prever a produção e como seria a colheita. 

Apesar de parecer complexo, o investidor costumava anotar todas as suas teses em pedaços de papel até comprar seu primeiro computador, onde enfim criou um programa em que ele colocava informações e o sistema respondia sobre a tomada de decisão correta.  

Buscando informações sobre o cenário macroeconômico, clientes ligavam com frequência e, como atender as ligações de clientes tomava muito tempo, Ray teve a ideia de escrever suas visões diariamente, compartilhando suas ideias no que era chamado “observações diárias da Bridgewater”, na época enviadas por telex. 

A qualidade do material era tamanho que o Banco Mundial colocou, em 1985, uma conta de US$ 5 milhões sob o comando da Bridgewater.

Sob a gestão de Ray, a Bridgewater se tornou o maior fundo hedge do mundo, com seus resultados positivos sendo atribuídos a maneira inovadora de investir e sua cultura única. 

Como o McDonald’s começou a vender o Chicken McNugget com a ajuda de Ray Dalio

Dentre as empresas com exposição ao mercado de commodities, Ray Dalio tinha como clientes o McDonald’s e a Lane Processing, uma das maiores produtoras de frango dos Estados Unidos. 

O McDonald’s chegou até Ray contando sobre seu novo produto, o Chicken McNugget. Porém, devido à oscilação contante nos preços do frango, a rede de fast food não conseguiria vender os nuggets em um preço padrão. 

Preocupados com os custos que poderiam subir, os produtores de frango não queriam vender a um preço fixo, pois a margem de lucro poderia ser consumida. 

Ao observar as causas que gerariam a alta nos preços, Ray Dalio notou que as galinhas poderiam ser consideradas máquinas movidas, logo os custos de produção de frango estavam diretamente ligados aos gastos com ração.

Após estudar a linha de produção, Dalio mostrou a Lane Processing como utilizar os futuros do milho e da soja para travar os custos para conseguirem vender os frangos em preço fixo. Com isso, os riscos para o McDonald’s foram diminuídos e, assim, puderam vender o Chicken McNugget em todos os seus restaurantes. 

Foto de Ray Dalio em apresentação no TED Talks
Reprodução/TED Talks

A meritocracia de ideias

Entre os anos de 1979 e 1981, o mercado estava extremamente volátil e a economia não andava muito bem. Em março de 1981, extremamente confiante, Dalio previu uma depressão e colocou seus associados para revisarem suas observações e cálculos, buscando falhas, mas ninguém conseguiu observar nada diferente. 

Convicto de suas apostas, apareceu publicamente prevendo uma grande depressão. Entretanto, ao fim de 1982, Ray Dalio perdeu quase tudo devido às suas previsões e viu o mercado de ações entrar em alta, enquanto os Estados Unidos tiveram 18 anos seguidos de crescimento do PIB.

O erro se provou uma experiência negativa, tanto que Dalio foi obrigado a demitir todos os seus funcionários, vender suas propriedades e ainda pegar 4 mil dólares emprestados de seu pai.

Dentre as opções disponíveis, ele poderia desistir da Bridgewater e conseguir um emprego ou corrigir seus erros e seguir trabalhando na empresa que havia criado em seu apartamento em Nova York. 

Ray Dalio passou muito tempo trabalhando em seus erros e percebeu que precisaria mudar e se olhar de maneira mais objetiva. Por desenvolver o medo de estar errado, ele precisou mudar seu pensamento se perguntando: “Como eu sei que estou certo?”. 

Foi então que ele decidiu encontrar pessoas que pensavam de maneira diferente dele, então elas poderiam mudar seu pensamento e discutir opiniões, buscando chegar à resposta correta. 

A meritocracia de ideias surgiu da ideia de dar voz a todos os participantes de uma discussão de modo que todos os presentes tivessem espaço para expressar seus pensamentos e ideias de maneira aberta. 

A ideia de implementar a meritocracia foi bastante simples, baseada nos seguintes conceitos: 

  • Espaço aberto para que todos possam expressar suas ideias
  • Extrema transparência e permissão para discordâncias
  • Tomada de decisão objetiva e verdadeira

Apesar de a meritocracia de ideias não ser uma democracia, o primeiro passo para a implementação é oferecer a todos da instituição, independentemente de cargo ou posição, voz para que todas as ideias possam ser ouvidas. 

O segundo passo importante é permitir que haja discordâncias, portanto que haja um racional para isso. O desacordo entre opiniões é uma chave para melhores ideias e um melhor entendimento do negócio.

Por fim, as decisões abordadas devem ser tomadas de maneira verdadeira e objetiva para que todos os membros da organização entendam os motivos que levaram às decisões tomadas. 

Com a mudança na cultura da Bridgewater, Ray Dalio foi gradualmente ganhando mais clientes e construindo um novo time. Ele fez com que a empresa retornasse ao mesmo nível de sucesso, enquanto novas tecnologias surgiam para ajudar nos processos de tomada de decisão. 

Os princípios de Ray Dalio

Construídos ao longo de sua carreria na Bridgewater, os princípios de Ray podem ser seguidos por qualquer um. Segundo ele, a busca pelo entendimento de como funciona a realidade e as maneiras de lidar com ela acabaram produzindo ganhos rápidos.

De maneira simplificada, alguns dos princípios de Ray são:

  • A vida é uma jornada, na qual você precisa se conhecer e buscar os caminhos que sejam consistentes;
  • Você encontrará constantemente situações que farão você melhorar a maneira em que lida com a realidade. Essas situações são a chave para constantemente encontrar diferentes realidades que irão te ensinar e ajudá-lo a lidar com a situação ;
  • A realidade é como uma máquina, em que tudo passa por uma relação de causa e efeito;
  • Como quase tudo acontece de maneira cíclica, ao estudar muito sobre algo, é possível entender as relações entre causa e efeito, buscando a melhor solução;
  • Para ter sucesso é preciso trabalhar bem com os outros;
  • A maneira como você lida com o que não sabe é muito mais importante do que como lida com o que sabe.

Toda sua linha de raciocínio pode ser conferida no livo “Princípios: Vida e Trabalho”, publicado em 2017. Outro livro publicado por Dalio foi “A Ordem Mundial em Transformação: por que as nações prosperam e fracassam?”, publicado em 2021.

foto de livro Ray Dalio
Divulgação

Ray Dalio deixa o comando da Bridgewater

No dia 4 de outubro de 2022, Ray Dalio anunciou em uma série de postagens no Twitter que estaria deixando o controle da Bridgewater e o entregando a nova geração, após um ciclo de 47 anos.

Desde o início da empresa, ainda no apartamento em Nova York até os dias atuais, em que a empresa conta com mais de 1.300 funcionários, Ray Dalio diz ter finalmente entendido como será a companhia sem ele. 

Após encerrar um plano de sucessão que já era estudado há mais de 10 anos, quem assume o controle na área de investimentos são os co-CIOs Bob Prince e Greg Jensen, que estão na Bridgewater há 35 anos e 25 anos, respectivamente. Já na área executiva da empresa assumem Nir Bar Dea (que trabalhou por mais de uma década na alta administração) e Mark Bertolini (que também possui vasta experiência na empresa), como co-CEOs.

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