A PetroReconcavo (RECV3), em comunicado aos seus acionistas e ao mercado em geral, negou as informações do “Brazil Journal”, que sugerem uma proposta de fusão de ativos com a 3R Petroleum (RRRP3).
A notícia menciona um Fato Relevante publicado pela 3R sobre o recebimento de uma carta da Maha Energy. No entanto, a PetroReconcavo afirmou que, até o momento, não recebeu qualquer proposta de combinação dos negócios da 3R.
Entenda o processo de fusão entre a Petroreconcavo e 3R
A Maha Energy, um dos principais acionistas da 3R Petroleum, sugeriu uma fusão de ativos com a PetroReconcavo. A fusão proposta poderia resultar em sinergias de até US$ 1,1 bilhão.
Listada na Bolsa de Estocolmo e tendo a Starboard como seu maior acionista, a Maha Energy já possui 15% da 3R Offshore, uma subsidiária da 3R que engloba os campos marítimos de Papa-Terra e Peroá.
Hoje (18) de manhã, a 3R Petroleum divulgou um comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), informando que a Maha adquiriu 11,99 milhões de ações da empresa. Com essa aquisição, a Maha, uma empresa sueca, passou a deter 5% do capital social da 3R.
A Maha antecipa que a 3R apresentará a oferta à PetroReconcavo até 28 de fevereiro, com a expectativa de que a transação seja concluída no segundo trimestre de 2024.
De acordo com o Brazil Journal, a fusão proposta criaria uma empresa com 600 milhões de barris de reserva, um valor de mercado de R$ 12 bilhões e uma produção diária de 70 mil barris de petróleo. Além disso, a operação poderia transferir US$ 1,4 bilhão em dívidas da 3R para a PetroReconcavo.
Uma fonte envolvida na transação, citada pelo Brazil Journal, indicou que a proposta deve ser bem recebida pelos principais acionistas de ambas as empresas, que já tiveram discussões informais sobre o assunto.
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EQI Research elogia iniciativa das empresas
A EQI Research ressalta que o processo de fusão entre as companhias é altamente benéfico para a 3R. Com isso, espera-se uma forte valorização dos papéis da petrolífera no pregão de hoje.
Logo nos primeiros minutos das negociações, a ação da 3R Petroleum disparou mais de 13%, com o ativo sendo negociado em leilão duas vezes. Um movimento semelhante foi observado nas ações da PetroReconcavo, que subiram mais de 15%.
Os analistas da EQI Research apontam que a combinação operacional e estratégica faz sentido. “Os campos em terra de ambas são vizinhos e a captura de sinergias é óbvia, embora a magnitude possa ser discutida”, cita o relatório.
Além disso, o relatório explica que a complexidade e o risco da operação da “nova” 3R diminuiriam drasticamente, com foco em operações offshore. O endividamento financeiro também seria bastante reduzido, abrindo uma janela de oportunidades estratégicas para futuras aquisições de ativos, ou até mesmo para que a “nova” 3R offshore seja alvo de aquisições de empresas maiores.
Na avaliação da EQI Research, esta é a maneira mais rápida de destravar valor para o acionista da 3R.
“De qualquer forma, a decisão caberá aos acionistas de ambas as empresas, e não descartamos uma discussão sobre a avaliação da relação de troca proposta. Por fim, destacamos nossa recomendação de Compra para RRRP3, com preço alvo de R$ 57”, afirmou a EQI Research.
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Fusão entre 3R e PetroReconcavo pode destravar valor significativo, segundo EQI Research
De acordo com um relatório recente da EQI Research, a proposta de fusão entre a 3R Petroleum e a PetroReconcavo poderia gerar sinergias estimadas em aproximadamente US$ 1 bilhão. Atualmente, o valor de mercado da 3R é de US$ 1,3 bilhão e o da PetroReconcavo é de US$ 1,2 bilhão.
Segundo a Maha Energy, que propõe o negócio, a 3R transferiria todos os seus campos de produção onshore, infraestruturas de armazenamento e processamento e dívidas de US$ 1,4 bilhão para a PetroReconcavo em troca de 50% da “nova” PetroReconcavo, turbinada com os ativos onshore da 3R.
A EQI Research destaca que “o potencial destravamento de valor para ambas, 3R e PetroReconcavo é bastante relevante”. A “nova” PetroReconcavo nasceria com reservas 1P de 458 milhões de barris, produção esperada em 2024 de 80.000 barris por dia e, potencialmente, US$ 2,1 bilhões em receitas e US$ 1,1 bilhão em EBITDA, sem levar em consideração qualquer sinergia.
Em comparação, a PRIO (PRIO3), estrela do setor, produz aproximadamente 100 mil barris por dia, possui reservas 1P de 547 milhões de barris e vale em bolsa US$ 8,1 bilhões. Ainda que a PRIO produza petróleo a um custo muito inferior em comparação com a 3R e PetroReconcavo, a EQI Research aponta que “a desproporção é evidente.
“3R e RECV estão muito descontadas e esse evento deveria destravar muito valor para ambas, ainda que haja ajustes nos termos propostos”, concluiu a EQI Research.