O governo paulista deverá decidir o futuro do Metrô de São Paulo até o próximo ano – o que pode incluir conceder as linhas operadas até a venda total da companhia. Apesar da desestatização do Metrô ser vista como menos provável, a opção será analisada com um plano de reestruturação da empresa, segundo o secretário de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini. As informações são do jornal Valor Econômico.
“Temos até 2024 para tomar a decisão do que fazer. Todas as opções estão na mesa. Vender o Metrô talvez não faça sentido, mas está na mesa. Estamos estudando como fechar a conta e, em 2025, fazer as audiências públicas”, disse o secretário em entrevista ao jornal.
Benini destaca que São Paulo não quer perder a capacidade de planejar a expansão da rede, elaborar projetos, fiscalizar os contratos e construir novas linhas – o que pode tornar o cenário da desestatização do Metrô menos atrativo.
“O Estado não pode perder isso e quer levar essa capacidade para o interior. Temos outras regiões metropolitanas que precisam ser atendidas por VLTs, trens, e que ainda não são atendidas.”
Os estudos do governo deverão buscar arranjos para viabilizar a construção de duas novas linhas: a 19-Celeste (do centro de São Paulo a Guarulhos) e a 20-Rosa (da Lapa a Santo André).
Os projetos poderão receber aportes públicos ou ser ofertados à iniciativa privada em conjunto com outras linhas já operacionais. As outras linhas já operadas pelo Metrô – 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata – também farão parte dos estudos.
O avanço da desestatização do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) tem sido alvo de resistência dos trabalhadores das empresas. Nesta terça-feira (3), os funcionários das empresas, juntamente com os da Sabesp (SBSP3), que o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) quer privatizar, realizam uma greve em protesto aos planos.
Benini, por outro lado, afirmou que as concessões de mobilidade urbana “têm mostrado um melhor custo-benefício para o Estado”.
Desestatização do Metrô: greve ‘reforça convicção’ para seguir com privatizações, diz Tarcísio
O governador de São Paulo condenou nesta terça-feira (3) a greve realizada por trabalhadores e sindicatos do Metrô, CPTM e Sabesp contra a privatização, concessão e terceirização das empresas. Tarcísio disse que a mobilização é “ilegal” e “egoísta” e que “reforça a convicção” do governo de avaliar a privatização de linhas.
Tarcísio afirmou que as linhas do Metrô e da CPTM da iniciativa privada não aderiram à greve e estão funcionando normalmente.
À imprensa, o governador de São Paulo disse que as linhas poderão ser privatizadas ou concedidas, a depender dos estudos feitos pela gestão.
A venda das empresas teria sido aprovada pela população nas urnas, em 2022, disse o político. Tarcísio reforçou a tese ao dizer que sua campanha eleitoral defendeu a privatização e que agora busca “seguir o que apresentamos à sociedade, nos submetemos às urnas para isso”.
O governador fez duras críticas ao movimento dos trabalhadores e sindicatos da Sabesp, CPTM e Metrô. Segundo Tarcísio, há um “abuso do direito de greve”.