No início de 2021, Cristina Junqueira foi eleita a segunda mulher mais importante do universo das fintechs pela revista britânica FinTech Magazine.
A engenheira paulista é uma das cofundadoras do Nubank, banco digital fundado em 2013. Em 9 de dezembro, a fintech estreou na bolsa de Nova York, e passou a valer US$ 41,55 bilhões, tornando-se, dessa forma, o banco mais valioso da América Latina
Continue a leitura e saiba mais sobre a trajetória de Cristina Junqueira e sobre o IPO do Nubank.
Formação e início da carreira de Cristina Junqueira
Cristina Junqueira é formada em Engenharia de Produção e mestre em Engenharia pela Universidade de São Paulo (USP). Enquanto estudava na USP, foi analista interna no Itaú Unibanco. Logo após, chegou a ser consultora na Booz Allen Hamilton e, depois, no Boston Consulting Group.
Porém, em 2007, mudou-se para os Estados Unidos para cursar MBA na Nortwestern University, renomada instituição de negócios norte-americana. Ao concluir o curso, retornou ao Brasil para um cargo de liderança no Itaú Unibanco. Na ocasião, Cristina tinha 24 anos, e toda a equipe que liderava era mais velha do que ela.
Apesar do sucesso como executiva financeira, Cristina decidiu dar novo rumo a sua vida profissional. Isso porque, segundo ela, suas ideias inovadoras não eram tão bem aceitas em uma instituição tão tradicional. Por isso, em 2013, seis anos depois de ter assumido o cargo de liderança no Itaú Unibanco, a engenheira decidiu sair da instituição para pensar em um negócio totalmente inovador.
Segundo Cristina, ao sair da antiga instituição ainda não havia um plano profissional desenhado. Ao contrário, a sua ideia era justamente encontrar um novo direcionamento, que lhe desse a chance de colocar em prática as inovações que tanto desejava.
Pouco tempo depois, firmou parceria com o colombiano David Vélez, funcionário da General Atlantic, empresa de growth equity (capital de crescimento). Vélez estava no Brasil desde 2007, e trabalhava com capital de risco na General Atlantic.
Início do Nubank
Basicamente, alguns dos principais fatores que motivaram a criação do Nubank foram o atendimento precário do sistema bancário e as altas taxas cobradas pelas instituições financeiras tradicionais.
Por um lado, Cristina Junqueira estava bastante decepcionada com a realidade que acompanhava como gestora de um banco. Por outro, Vélez percebeu essas deficiências assim que precisou abrir uma uma conta quando chegou ao Brasil. Inclusive ele chegou a propor a alguns bancos brasileiros uma reformulação nos seus sistemas de atendimento e tarifas. No entanto, não foi ouvido.
Dessa forma, Cristina Junqueira, David Vélez e, logo depois o americano Edward Wible, juntaram-se para a criação do Nubank. Nesse sentido, os três sócios tinham em comum a busca por inovação e o desejo de melhorar os serviços bancários.
No início, todas as tarefas eram executadas pelos três sócios. Inclusive, Cristina Junqueira era a responsável pelo atendimento aos clientes. Dessa foram, todas as ligações 0800 eram direcionadas para o seu celular.
Estreia do Nubank na Bolsa de Nova York
Atualmente, o Nubank é o banco digital mais popular do mundo, com mais de 26 milhões de clientes ativos. Com a estreia no mercado norte-americano, a fintech atingiu valor de mercado de R$ 41,5 bilhões, e passou a valer mais do que o Itaú Unibanco.
No dia anterior ao IPO, as ações do Nubank foram precificadas a US$ 9 cada. Segundo o portal G1, isso significou uma redução de 20% na avaliação, devido à cautela de investidores em relação a fintechs bancárias não lucrativas.
Além de reduzir a avaliação, a fintech reuniu investidores âncora dispostos a adquirir, no mínimo, US$ 1,3 bilhão em ações. Entre eles, estão atuais sócios, como Tiger Global e Sequoia e novos, como SoftBank Latin America. De acordo com a fintech, os recursos serão utilizados para capital de giro, custos da operação e aquisições.
Cristina e a liderança feminina
Na edição de 2020, a Revista Forbes considerou Cristina Junqueira uma das mulheres mais poderosas do Brasil. Na ocasião, a empreendedora posou para a foto às vésperas de dar a luz a sua filha.
Além disso, Cristina também foi a primeira brasileira do setor financeiro a integrar a lista 40 Under 40 da revista Fortune. Em relação ao reconhecimento, ela declarou que “era um dos resultados de todo o trabalho feito pelo Nubank até o momento”. Nesse sentido, Cristina ressalta a transformação promovida pela startap quanto à forma como os brasileiros passaram a lidar com o próprio dinheiro e com os serviços financeiros.
Em abril de 2021, Cristina Junqueira foi anunciada como a nova CEO do Nubank no Brasil. Vélez, que ocupava o cargo anteriormente, passou a ser a liderança global do banco, um posto que, até então, não existia na instituição.
Em relação à mudança da estrutura de gestão, o Nubank declarou à imprensa que o processo faz parte da governança corporativa. Isto é, trata-se de um passo natural com vistas à expansão internacional do Nubank.