A liderança da poupança como principal fonte de recursos para o crédito imobiliário foi perdida pela primeira vez na história, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
No período entre o final de 2021 e julho de 2023, os instrumentos de financiamento originados no mercado de capitais superaram a participação da poupança na estrutura de “funding” (captação de recursos para o setor se manter ou expandir).
A participação da poupança encolheu de 49% para 36%, totalizando um estoque de R$ 738 bilhões. Enquanto isso, os instrumentos de financiamento privado, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Fundos Imobiliários (FII) e títulos de captação bancária, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras Imobiliárias Garantidas (LIG), aumentaram sua relevância como fonte de recursos de 24% para 38%, alcançando um saldo de R$ 787 bilhões no mesmo período.
Essas estatísticas indicam uma transformação estrutural no crédito imobiliário brasileiro nos últimos anos. Mesmo com a saída líquida da poupança, o total de recursos disponíveis para linhas de financiamento imobiliárias cresceu 27% de 2021 até o momento. O montante passou de R$ 1,62 trilhão há dois anos e meio para R$ 2,06 trilhões no início da segunda metade de 2023.
A mudança nas fontes de recurso para crédito imobiliário também surpreende em meio a um ambiente de taxas de juros restritivas. O setor demonstra uma resistência notável, diferenciando-se dos ciclos anteriores de aperto monetário.