No painel da CEO Conference 2025, evento promovido pelo BTG Pactual (BPAC11) e realizado nesta quarta-feira (26), o Chairman e sócio do banco, André Esteves, debateu com outros grandes nomes do empresariado brasileiro sobre a atual visão do Brasil e os desafios necessários para que um empreendedor alcance o sucesso.
O painel contou com a participação de Rubens Menin, Chairman do MRV e do Banco Inter, Carlos Sanchez, Chairman do Grupo NC, Ricardo Faria, Chairman da Granja Faria, e Rubens Ometto, fundador e sócio controlador da Cosan.
Ao iniciar a conversa, Esteves destacou, antes de tudo, a importância da resiliência para qualquer empreendedor no Brasil, ressaltando também a necessidade de uma crença sólida para enfrentar os desafios. Ele enfatizou ainda que “os ciclos vão e vêm; no Brasil, são mais profundos, mas oferecem oportunidades essenciais para o crescimento das empresas a longo prazo”.
O que é necessário para o empreendedor ter sucesso no Brasil?
Foi com essa pergunta que Esteves deu início ao painel. Rubens Ometto, Fundador e Sócio Controlador da Cosan, destacou, antes de tudo, que o Brasil é um “país fantástico”, com vastos recursos naturais e um povo excepcional. No entanto, segundo ele, o principal desafio, especialmente no momento atual, é a taxa de juros, que tem gerado impactos negativos.
A taxa Selic está atualmente em 13,25%. De acordo com a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada após a reunião de 28 e 29 de janeiro, foi decidida, por unanimidade, uma alta de 1 ponto percentual, elevando a taxa de 12,25% para 13,25%.
Além disso, o Copom já antecipa a possibilidade de novo aumento na próxima reunião, agendada para os dias 18 e 19 de março. O documento, no entanto, não indica o fim do ciclo de alta da Selic, deixando essa decisão em aberto, dependendo dos dados de inflação que serão divulgados até lá.
Diante desse cenário, Ometto reforçou que “com esse nível de juros reais ao ano, é impossível administrar qualquer negócio”.

Mas o que o empresário precisa, então, para dar certo?
Ao refletir sobre isso, Rubens Menin, Chairman da MRV e do Banco Inter, destacou que, “se analisarmos a indústria brasileira desde o início dos anos 2000, as empresas cresceram muito, mas ainda há desafios importantes a serem superados”.
“Precisamos encontrar a luz no fim do túnel”, disse Rubens. Ele também concorda com a crítica à alta taxa de juros, mas aponta que talvez isso seja uma consequência, não a causa do problema, e é preciso entender o “porquê” disso.
Outro ponto abordado foi o déficit fiscal, uma questão que ganhou relevância na sociedade recentemente e que, até então, não era amplamente discutida.
Embora a consciência fiscal no Brasil tenha avançado, Rubens acredita que ainda estamos longe do nível necessário. “É fundamental que a sociedade, como um todo, compreenda cada vez mais a importância desse tema. A sociedade precisa, principalmente, desenvolver uma maior consciência tributária”, afirmou.
Para ele, quando a conscientização fiscal e tributária for amplamente debatida e entendida por toda a sociedade, será possível, enfim, encontrar a “luz no fim do túnel”.
Resiliência e adaptação: chaves para o sucesso
Carlos Sanchez, presidente do Grupo NC, destacou que o sucesso do empresário no Brasil está diretamente ligado também à sua habilidade de criar estabilidade para enfrentar períodos de juros elevados e instabilidade política.
Para ele, a chave do sucesso é garantir que a empresa seja sólida o suficiente para atravessar momentos difíceis e voltar a prosperar quando as condições melhorarem. “O empresário deve estar preparado para os altos e baixos da economia”, afirmou Sanchez.
Ricardo Faria, presidente da Granja Faria, concordou com Sanchez e acrescentou que, do ponto de vista pessoal, a resiliência é essencial para quem deseja alcançar o sucesso no Brasil.
Ele enfatizou ainda que, além da resiliência, as empresas precisam desenvolver a capacidade de adaptação, algo que, segundo ele, é uma característica marcante do empreendedor brasileiro.
“Nossa capacidade de adaptação é muito superior à dos países desenvolvidos, que enfrentam cenários mais estáveis. Essa habilidade de se ajustar rapidamente às mudanças é fundamental para o sucesso das empresas no Brasil”, concluiu Faria.
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