O presidente do Partido Progressista (PP), senador Ciro Nogueira, foi um dos destaques do CEO Conference, evento promovido pelo BTG Pactual (BPAC11) nesta quarta-feira (26). Em um painel mediado pelo analista político Murillo de Aragão, da Arko Advice, Nogueira compartilhou palco com Edinho Silva, liderança petista cotada para assumir a presidência do Partido dos Trabalhadores (PT). Durante o debate, os dois comentaram as recentes pesquisas que indicam uma queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as perspectivas para a reta final de seu governo.
CEO Conference: Críticas de Ciro Nogueira ao governo Lula
Ciro Nogueira destacou o que considera um distanciamento entre as propostas do governo e a realidade política do Congresso Nacional. “Estamos atravessando um momento de grande dificuldade. O ministro da Economia tem a menor popularidade da história, e o governo parece olhar apenas para o passado. Apoiei esse governo quando funcionou, mas hoje não há sintonia entre suas iniciativas e o pensamento do parlamento. Elegemos um Congresso majoritariamente de centro-direita e um presidente de esquerda, que não consegue unir o país. É difícil imaginar que centro e direita não se organizem para vencer a próxima eleição”, afirmou.
Para Nogueira, Lula repete erros de seu antecessor, Jair Bolsonaro, ao se comunicar apenas com sua base de apoio. Ele também criticou o que considera uma desconexão entre as prioridades do governo e as necessidades da população. “Enquanto no Piauí muitas pessoas sequer têm acesso a banheiros, em Brasília discute-se banheiro unissex. O governo debate a reestatização da Eletrobras, enquanto há brasileiros sem energia elétrica. Fim da escala 6 x 1 e as pessoas só querem um salário mínimo. Essa falta de foco é como tentar construir um prédio começando pelo décimo andar”, criticou.
Defendendo um caminho baseado no crescimento econômico, o senador reforçou a necessidade de cortes de gastos públicos e redução da dependência estatal. “O Brasil tem um problema estrutural: não há solução para questões sociais sem crescimento econômico. Mas o governo não apresenta medidas concretas de contenção de despesas ou sinalização nesse sentido”, afirmou. Segundo ele, a busca por popularidade pode levar o presidente a tomar decisões ainda mais problemáticas daqui em diante.
Popularidade de Lula em queda
Uma nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (26), revela uma queda na popularidade de Lula em oito estados, incluindo Bahia e Pernambuco, regiões onde obteve forte apoio nas eleições de 2022. Pela primeira vez, a desaprovação ao governo supera numericamente a aprovação, mesmo em estados onde Lula venceu no último pleito. Dados coletados em janeiro já indicavam essa tendência, com 47% de aprovação e 49% de desaprovação. O levantamento atual reforça essa percepção negativa.
Outra pesquisa, da Confederação Nacional do Transporte (CNT), também aponta uma piora na avaliação do governo. A percepção positiva caiu de 35% para 29%, enquanto a negativa subiu de 31% para 44%. A aprovação pessoal de Lula também sofreu impacto, recuando para 40% — uma queda de 10 pontos percentuais desde novembro de 2024. Paralelamente, a desaprovação cresceu para 55%, um aumento de nove pontos no mesmo período.
Edinho Silva defende agenda comum para união política
Na contramão das críticas de Nogueira, Edinho Silva adotou um tom mais otimista ao avaliar o futuro do governo. “Não é um otimismo baseado apenas em esperança, mas em realizações concretas, como o direcionamento do país para um crescimento sustentável, com equilíbrio fiscal e reforma tributária. É evidente que existem desafios, mas estou confiante no que está sendo construído”, afirmou.
Para ele, o Brasil precisa de políticos dispostos a debater uma agenda conjunta que una esquerda e direita em pautas fundamentais, como educação, transição energética, avanços tecnológicos e defesa da democracia. “A agenda do humanismo pós-Segunda Guerra está sendo ameaçada, e não podemos permitir o avanço do fascismo”, alertou.
Silva também destacou a necessidade de um debate sobre o modelo de governo brasileiro. “O Brasil precisa decidir se é um regime presidencialista ou não. Quando o Congresso tem controle sobre R$ 52 bilhões do orçamento, é claro que já não vivemos um presidencialismo tradicional. Fizemos uma reforma política silenciosa, sem plebiscito, mas que transformou nosso sistema”, argumentou.
Questionado sobre o futuro do PT no período pós-Lula, Silva defendeu que a sucessão deve se dar dentro do partido, sem depender exclusivamente de uma liderança individual. “Não há espaço para um novo Lula, pois as condições políticas são outras. A sucessão precisa ocorrer com base em um partido forte, que apresente uma agenda para o país, mais do que apenas nomes”, concluiu.
O debate entre Nogueira e Silva evidenciou as diferentes percepções sobre os rumos do governo e do Brasil, refletindo as divisões no cenário político nacional. Com a queda na popularidade de Lula e a proximidade das eleições de 2026, a disputa de narrativas deve se intensificar nos próximos meses.
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