A Adidas, gigante global do vestuário esportivo, confirmou que aumentará os preços de todos os seus produtos vendidos nos EUA. A decisão é uma resposta direta às tarifas impostas pelo governo dos EUA, que vêm afetando empresas que dependem de cadeias de suprimentos internacionais. A palavra da empresa foi clara: “Tarifas mais altas acabarão causando custos mais altos para todos os nossos produtos no mercado dos EUA”, afirmou a Adidas em comunicado divulgado.
A medida vai impactar diretamente os consumidores americanos, que deverão pagar mais por itens como os populares tênis Superstar, Stan Smith e Gazelle, além de roupas esportivas. A empresa não especificou de quanto será o reajuste, pois ainda há incertezas quanto aos desdobramentos das negociações comerciais entre os EUA e seus parceiros internacionais.
Impacto das tarifas vai além da China
Apesar de ter reduzido significativamente as exportações de produtos fabricados na China para os EUA, a Adidas afirmou estar “um tanto exposta” às tarifas impostas por Washington a Pequim, que hoje chegam a 145%. O maior impacto, no entanto, vem das tarifas sobre outros países fornecedores, como Vietnã e Camboja, cujas mercadorias enfrentam tributações superiores a 40% na ausência de acordos comerciais com os EUA.
A empresa destacou que, como ainda não se sabe quais serão as tarifas finais, não é possível tomar decisões definitivas sobre a precificação. “Aumentos de custos devido a tarifas mais altas acabarão causando aumentos de preços, não apenas em nosso setor, mas atualmente é impossível quantificá-los ou concluir qual impacto isso poderia ter na demanda do consumidor por nossos produtos”, pontuou a Adidas.
Crescimento nos lucros ofuscado por incertezas
Apesar do cenário adverso, a Adidas registrou forte desempenho financeiro no primeiro trimestre de 2025. O lucro líquido das operações continuadas cresceu 155%, chegando a € 436 milhões, superando as previsões do mercado. As vendas líquidas subiram 12,7%, totalizando € 6,15 bilhões, e a margem operacional aumentou para 9,9%.
Mesmo com os resultados positivos, a empresa optou por não revisar para cima suas projeções anuais, citando o contexto de incerteza global. “A gama de resultados possíveis aumentou”, declarou a marca, ao manter sua previsão original.
Setor de varejo enfrenta dilema comum
A situação da Adidas reflete um problema que atinge diversas empresas de varejo com presença nos EUA, de plataformas de baixo custo como Temu a marcas de luxo como Hermes (RMS). Todas enfrentam o mesmo desafio: equilibrar aumento de custos com a manutenção da demanda dos consumidores.
A analista Mamta Valechha, da Quilter Cheviot, observa que, apesar do cenário desafiador, a Adidas segue mostrando força em várias frentes. “Até agora neste ano, a Adidas tem visto um crescimento de vendas de dois dígitos em todas as regiões e canais, com o atacado superando a oferta direta ao consumidor”, afirmou.
Enquanto o setor aguarda definições mais claras nas relações comerciais dos EUA, a Adidas e seus concorrentes caminham em terreno instável, tentando manter sua competitividade sem perder o consumidor de vista.
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