Muitos investidores já despertaram para a necessidade de proteger o patrimônio das oscilações cambiais. Mas ainda existem muitas dúvidas a respeito de investimentos no exterior.
Pensando nisso, a Money Week conversou com Willian Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities, e Renato Breia, sócio fundador da Nord Research. A seguir, confira alguns pontos dessa excelente conversa!
Investimentos no exterior e o risco-país: a importância da diversificação
Segundo Renato Breia, mesmo os pequenos investidores podem ter acesso a investimentos internacionais. Inclusive, isso é o que todos os investidores ao redor do mundo fazem.
Em relação ao risco-país, Willian comenta que, embora existam métricas para medi-lo, todos na prática sabem como isso funciona. Ou seja, todo tempo os reflexos das mudanças de rumo na política econômica se fazem sentir: a alta da inflação e dos juros, as reformas que não são aprovadas, e assim por diante. Basicamente, o que essas métricas fazem é tentar traduzir em números o nível de segurança para o investidor no país.
No caso do Brasil, um dos agravantes é o fato de estarem na mesma faixa de risco países considerados de alto risco, como Paraguai, Bangladesh e Turquia, por exemplo. Segundo William, “o investidor busca locais que estejam crescendo e que tenham alguma estabilidade de política econômica, sem um risco político tão grande e que gere oportunidades. Infelizmente, o Brasil não tem sido esse local hoje em dia”. Por isso, o investimento no exterior se torna tão importante.
Qual o momento de investir no exterior?
Para Breia, um dos erros é as pessoas acharem que conseguirão encontrar o melhor momento de investir lá fora. Segundo o gestor, dificilmente o melhor momento para investir fora do Brasil seria um momento de dólar muito depreciado.
“Quando o dólar está baixo por aqui, geralmente estamos tão confiantes na nossa economia que, dificilmente, fazemos o movimento de internacionalizar. Por isso, não existe um momento certo para isso. Logo, se você ainda não investe no exterior, comece agora”, diz.
Nesse sentido, Breia recomenda que isso seja feito de forma gradual. Isso porque é impossível prever o que vai acontecer com o câmbio nos próximos meses. E, se você pensar em termos de longo prazo, possivelmente não mudará muito na sua decisão a oscilação do câmbio em poucos meses.
Exemplo
Para quem ainda tem dúvidas sobre o momento certo de fazer um investimento no exterior, William dá o exemplo do dólar, que bateu a máxima em 14 de maio do ano passado. Nesse sentido, a moeda chegou a R$ 5,97, o maior valor da série histórica. No entanto, o investidor experiente não ficou esperando o dólar cair para mandar recursos para fora.
“Pense o seguinte: mesmo que você tenha perdido com o câmbio (afinal, o dólar voltou a cair), se investiu em empresas como Google, Apple ou em algum ETF que replica Nasdaq, por exemplo os seus ativos tiveram valorização muito superior à sua perda cambial. Nos últimos 12 meses, Apple subiu 30%; Google 70%, entre outras altas que tivemos nos EUA”, comenta o estrategista-chefe.
É claro que não há certeza de que esses ativos continuarão se valorizando. Mas não dá para esquecer que os ativos internacionais possuem dois vetores: a moeda em si e o ativo no qual você investe. Ou seja, a inflexão desse ativo pode ser muito maior e compensar a perda cambial.
Quanto diversificar em ativos internacionais? E em quais setores investir?
Para Breia, uma carteira deve conter algo em torno de 10 a 30% de investimentos no exterior, de acordo com o perfil de cada cliente. Logicamente, isso dependerá dos objetivos e do momento de vida de cada um. “Aqui na Nord, atendemos pessoas que estão em fase de transição, mudando para o exterior. Nesses casos, o percentual acaba sendo muito maior”.
Em relação aos setores, William ressalta a importância de o investidor estar acessando a economia mais dinâmica do mundo. Além disso, pode-se acionar outras economias fortes, como Europa e Ásia, também por meio das bolsas americanas.
Outro ponto importante é que a variedade de ativos não se aplica somente às empresas, mas também aos setores. Nesse sentido, o investidor deve aproveitar o mercado externo para acessar setores mais difíceis por aqui, como o de biotecnologia, por exemplo. Inclusive, é possível fazer isso por meio de ações ou de ETFs de empresas ligadas ao segmento.
Assista ao vídeo, e confira mais detalhes sobre como é fácil abrir uma conta no exterior!