Frederico Vontobel, gestor da Vokin Investimentos, foi entrevistado na Money Week por Thiago Salomão, Josué Guedes Neves e Matheus Soares, do Market Makers, maior podcast de investimentos do país.
A escolha de Vontobel como entrevistado do painel “Como pensam os maiores investidores de ações do mundo?” tem uma justificativa: sua entrevista exibida no Market Makers foi a de maior audiência do programa. Ou seja, sua opinião interessa a muita gente.
Vontobel baseia suas teses no value investing, estratégia de investimento baseada na avaliação de resultado das empresas. A ideia básica é comprar ações de companhias que estejam subvalorizadas no mercado.
Confira, abaixo, os principais insights da conversa na Money Week:
Frederico Vontobel: empresas impulsionam o Brasil
“Tentam quebrar o Brasil desde 1500 e não conseguem, porque é um país riquíssimo. O empresariado aposta no Brasil e são as empresas que fazem a riqueza do país. Os empresários não estão vendendo as suas empresas para investir em Renda Fixa”, diz.
Ele exemplifica sua fala com a Weg (WEGE3), empresa global de equipamentos eletroeletrônicos, de Jaraguá do Sul, Santa Catarina, que atua principalmente no setor de bens de capital com soluções em máquinas elétricas, automação e tintas, para diversos setores, incluindo infraestrutura, siderurgia, papel e celulose, petróleo e gás, mineração, entre muitos outros.
“A Weg começou com três homens e vale bilhões. Eles não estavam preocupados com Brasília, com política, mas com a geração de resultado. Quem entendeu e aproveitou, cresceu junto”, complementa.
Comprar ação pensando como sócio
Para Vontobel, o investidor de ações deve comprar seus ativos não pensando em ticker ou em “um ponto no gráfico”. Ele defende que uma ação é uma fração de uma empresa e deve ser comprada por quem realmente tem interesse em um negócio real. “Ter ação é ser sócio da empresa”, enfatiza.
O que os grandes investidores pensam?
“De tudo o que eu já estudei, o que concluo é que os grandes investidores têm um mindset diferente. O Buffett fala que, se você não aguenta uma queda de 50% no preço da ação, então você não deve ter ação”, afirma.
A volatilidade, ele ensina, sempre vai existir, seja porque Joe Biden desistiu de concorrer à reeleição ou por que ocorreu um ataque terrorista. Todos esses eventos, ele ensina, não mudam o resultado operacional de uma empresa.
“Uma coisa é especular, jogar na bolsa. Isso a gente não faz. Tem até quem faça e é bom, porque dá liquidez ao mercado. Tem gente que quer mesmo ganhar dinheiro rápido”, pondera.
“Agora, quem quer enriquecer na bolsa tem que investir nas grandes empresas no longo prazo. Oscilação não quer dizer perda, oscilar é normal”, enfatiza.
“Você só não deve comprar uma ação quando ela está cara, tem que olhar o valuation”, ensina, revelando que algumas empresas estão em sua carteira recomenda há mais de 10 anos.
“Tenho small cap que está caindo 30% este ano, mas é uma boa empresa, está crescendo em resultados. Hoje, eu digo, minha carteira está com 40% de desconto, porque o que temos em carteira está descontado em comparação com o potencial da ação”, afirma.
Value investing: investir em valor
“Você não deve vender uma ação porque o preço subiu. E não deve comprar porque o preço caiu. Não é para o preço que você deve olhar. Você tem que olhar para o resultado da empresa”, ensina.
Ou seja: quem investe baseado no value investing, busca por ativos com preços abaixo do que acreditam ser o ideal para aquela ação. E creem que, no longo prazo, os papéis tendem a se valorizar e se manter apreciados.
Disciplina emocional
Vontobel pondera, no entanto, que apesar de todos os ensinamentos de grandes investidores, o grande desafio é mesmo controlar o emocional.
“Juntando inteligência e disciplina emocional, você tem um comportamento racional. E o emocional é o mais difícil. Não depende de QI, depende de controle das emoções para manter a racionalidade, especialmente quando todos os outros à tua volta estão enlouquecendo”, explica Frederico Vontobel.
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