Nos últimos anos, o mercado financeiro tem presenciado uma transformação silenciosa, mas profunda: o surgimento de uma nova geração de investidores que cresceu conectada, digitalizada e que enxerga o mundo sob outra ótica. Para essa geração, ativos digitais como o Bitcoin e outras criptos não são apenas uma “novidade especulativa”, mas sim a base de uma nova infraestrutura financeira global.
Assim como vimos com a internet nos anos 90, os criptoativos estão sendo adotados por uma geração que enxerga neles eficiência, descentralização e potencial de crescimento exponencial. Estamos diante de uma mudança de paradigma — e ignorar essa mudança pode custar caro.
Criptos: uma nova geração, uma nova lente de investimento
Um estudo recente do Bank of America revelou que 28% dos investidores entre 21 e 43 anos veem os ativos digitais como a principal oportunidade de crescimento para os próximos anos. Em contrapartida, apenas 4% dos investidores acima de 44 anos compartilham dessa visão. Para esses investidores mais antigos, a preferência ainda recai sobre ações americanas, fundos imobiliários tradicionais e renda fixa.
Essa diferença não é trivial. Ela mostra uma mudança estrutural na forma como o capital será alocado nas próximas décadas. Estamos falando de uma geração que já nasceu em um mundo digital, que cresceu com redes sociais, que viu o surgimento das fintechs e que não tem apego emocional ao sistema bancário tradicional.
O investimento está mudando – e a nova geração sabe disso
Nos últimos anos, uma transformação silenciosa tem ganhado força nos bastidores do mercado financeiro: uma mudança estrutural no comportamento dos investidores. E essa virada tem nome, idade e uma nova forma de pensar: os Millennials e a Geração Z estão redesenhando o futuro dos investimentos.
Para as gerações mais jovens, a eficiência está no centro da decisão de investimento. Blockchain representa um sistema financeiro mais barato, mais rápido e mais inclusivo. O Bitcoin, por exemplo, não fecha nunca, é global por natureza e opera sem intermediários.
Além disso, a descentralização — um conceito pouco intuitivo para investidores tradicionais — é vista por essa geração como um direito fundamental, algo equivalente à liberdade de expressão no ambiente digital. A confiança é transferida do estado para o código. Do banco central para a criptografia.
Por que essa mudança está acontecendo?
Os ciclos de inovação se repetem – e sempre geram resistência no início
Do computador pessoal à internet, da internet móvel às redes sociais – toda nova tecnologia passa por um ciclo: desconfiança, adoção inicial, adoção em massa e consolidação.
Os ativos digitais seguem a mesma trilha. E, como em todo ciclo, quem compreende cedo tende a colher os melhores frutos.
Gerações mais jovens cresceram em um mundo digitalizado
Enquanto gerações anteriores formaram seu conceito de investimento olhando para imóveis e ações tradicionais, os jovens investidores foram moldados por redes sociais, mobilidade, globalização e criptoativos.
Faz parte da realidade deles o uso de tecnologia para tudo – inclusive para investir.
A renda disponível muda o apetite de risco
Estudo da Deloitte mostra que a Geração Z e os Millennials possuem, proporcionalmente, menos patrimônio do que as gerações anteriores tinham na mesma idade.
Com menos patrimônio consolidado, o foco desses jovens está em crescimento exponencial.
A lógica é clara: se tenho menos capital acumulado, preciso buscar ativos com maior potencial de multiplicação – mesmo que isso signifique mais risco no curto prazo.
Adoção institucional: o mercado está se adaptando
Se antes os criptoativos eram apenas um nicho dominado por entusiastas, hoje vemos ETFs de Bitcoin sendo aprovados, bancos oferecendo custódia digital e empresas alocando parte do seu caixa em cripto. Esse movimento é consequência direta da pressão geracional por novos produtos financeiros — mais ágeis, acessíveis e transparentes.
Além disso, reguladores nos EUA e na Europa já estão se movimentando para oferecer um arcabouço mais claro para ativos digitais. Com isso, o risco regulatório diminui, e a porta para entrada de capital institucional se escancara.
Conclusão: o futuro está sendo construído agora
Estamos vivendo a maior transição de capital da história moderna. À medida que trilhões de dólares passarem das mãos das gerações mais velhas para os investidores nativos digitais, os ativos que fazem sentido para essa nova geração — como cripto, inteligência artificial, tokenização — devem ganhar cada vez mais relevância.
Não se trata apenas de prever o futuro, mas de entender como as novas gerações estão moldando esse futuro com base em novos valores, novas tecnologias e novas expectativas.
A tese geracional de cripto não é uma aposta, é uma tendência de longo prazo. Para quem busca crescimento, diversificação e alinhamento com o mundo digital que já está entre nós, os ativos digitais deixam de ser “opcionais” e passam a ser parte essencial de um portfólio eficiente.
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Por Leonardo Ferreira Gonçalves, gestor da área de criptoativos da EQI Investimentos
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