Apesar de seu perfil mais excêntrico, as propostas do novo presidente da Argentina, Javier Milei, atraíram a atenção dos eleitores do país vizinho. Uma delas é a dolarização da economia argentina, com o objetivo de mitigar os efeitos da inflação de três dígitos que aflige os argentinos.
Logo após a vitória de Milei, o cripto dólar, uma stablecoin lastreada na moeda norte-americana, disparou nesta semana devido ao crescente interesse do povo argentino em adquirir mais dólares.
Embora Milei defenda a dolarização da economia, a Argentina enfrenta uma escassez de dólares em suas reservas cambiais. Isso resulta em um forte controle cambial e em diferentes cotações para a moeda americana, dependendo da natureza e do uso da moeda. Entre as mais conhecidas estava o “dólar Coldplay”, criado na época do show da banda britânica para viabilizar o evento.
Com o peso mais fraco, produtos de alto valor agregado, como imóveis, veículos e eletrônicos, são comercializados em dólares na Argentina. Portanto, a falta de dólares dificulta a proteção dos argentinos contra a inflação de três dígitos do país.
Uma das maneiras que eles encontraram para adquirir dólares é por meio das stablecoins.
Para aqueles que não estão familiarizados com o mundo das criptomoedas, esse novo termo pode parecer confuso. Portanto, o portal EuQueroInvestir explica o que são as stablecoins e os cripto dólares lastreados nelas.
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Cripto dólar: o que é uma stablecoin?
As stablecoins são um tipo de criptomoeda cujo valor é “ancorado” a um ativo estável, como o dólar americano ou o ouro. Elas mantêm essa ancoragem por meio de reservas de dólares, outras criptomoedas ou uma combinação de ambos, mantidos em contas bancárias controladas pelos EUA.
O objetivo das stablecoins é fornecer uma alternativa à alta volatilidade das criptomoedas mais populares, tornando os investimentos em cripto mais adequados para transações comuns.
E o que é um cripto dólar?
Um cripto dólar é um tipo de stablecoin que é lastreado no dólar americano, ou seja, ele reproduz o comportamento do dólar americano. Os gestores desta criptomoeda trabalham para manter o valor o mais próximo possível do ativo original por meio de reservas de dólares, outras criptomoedas ou uma combinação de ambos, mantidos em contas bancárias controladas pelos EUA.
As stablecoins mais populares lastreadas em dólar incluem:
- Tether (USDT): É a stablecoin mais popular e amplamente utilizada, lastreada em uma proporção de 1:1 com o dólar americano.
- USD Coin (USDC): É uma stablecoin que também é lastreada no dólar americano. É gerida conjuntamente pela Circle e pela Coinbase.
- Binance USD (BUSD): É uma stablecoin lastreada no dólar americano e emitida pela Binance, uma das maiores bolsas de criptomoedas do mundo.
- Dai (DAI): É uma stablecoin lastreada no dólar americano, mas é única porque é mantida em reserva por outras criptomoedas através do sistema MakerDAO, em vez de dólares reais.
Essas stablecoins permitem que os usuários façam transações e negociações em uma moeda estável, lastreada no valor do dólar americano, enquanto ainda aproveitam os benefícios da tecnologia blockchain. No entanto, cada uma dessas stablecoins opera de maneira ligeiramente diferente e pode ter diferentes níveis de transparência e segurança.
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Qual foi o comportamento das stablecoins lastreadas em dólar após a eleição do Milei?
Após a vitória eleitoral de Milei, o Tether, uma stablecoin que reflete a moeda americana em pesos argentinos, foi negociado a até 1.200 pesos no domingo. Na sexta-feira anterior à eleição, a criptomoeda estava cotada em 950 pesos.
Contudo, vale mencionar que ainda na segunda-feira (20), o valor da criptomoeda voltou para o patamar anterior ao anúncio da vitória de Milei e está com um comportamento bastante volátil nesta semana.
A Tether USDT, maior criptomoeda do mundo indexada ao dólar, começou a cair na cotação em pesos argentinos assim que o atual ministro da Economia, Sergio Massa, admitiu derrota na noite de domingo.
Por outro lado, o preço do Bitcoin também subiu com a vitória de Milei. De acordo com dados do CoinGecko, a maior criptomoeda do mercado saltou cerca de 2% nas últimas 24 horas e está custando US$ 37.143.